De olho no risco de um “apagão” de pilotos e na necessidade de formar mão de obra especializada para o setor de aviação, a companhia aérea Gol vai montar sua própria escola para agilizar a formação dos profissionais. O serviço será semelhante ao feito pela concorrente TAM. A remuneração de um piloto hoje é bastante atrativa, mas a formação hoje exige tempo e disciplina e também pode custar caro para a maioria dos brasileiros.
“O curso terá duração de dois meses e será gratuito. Ao final das aulas, os dez alunos com os melhores desempenhos serão selecionados como aprendizes para trabalhar na companhia”, explica o diretor de colaboradores e gestão da Gol, Felipe Sommer. Para participar, é preciso ter até 22 anos e ter estudado em escola pública, sem índice de faltas e com boas notas. Desde sua fundação, em 2001, a Gol treina seus pilotos no centro de uma empresa canadense que produz simuladores, a CAE, em São Paulo.
Para se ter ideia da necessidade do mercado, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de voos domésticos cresceu 23% no Brasil no ano passado, enquanto a quantidade de pilotos e co-pilotos, apenas 5%. Para incentivar a formação de mão de obra, a Anac criou um projeto de bolsas de estudo, no qual a agência cobre 75% dos custos de formação prática de um piloto ou mecânico (os demais 25% ficam por conta do aluno).
A formação de piloto é um investimento pesado, envolve valores médios de R$ 14 mil para piloto privado e de R$ 35 mil para piloto comercial. A remuneração, por sua vez, fica entre R$ 8 mil e R$ 30 mil (no caso de comandantes). O primeiro passo para quem deseja seguir a carreira é procurar uma escola de aviação homologada pela Anac (através do endereço www.anac.gov.br/educator é possível conferir as instituições) e se inscrever no curso de piloto privado, que é dividido entre a parte teórica e a parte prática. Quando o aluno é aprovado na parte teórica, fica habilitado a cursar a prática – similar ao processo de tirar carteira de habilitação. Os pré-requisitos são ter 18 anos e ter ensino fundamental completo.
O aluno estudará, entre outras matérias, regulação aeronáutica, conhecimento técnico sobre aeronaves, desempenho e planejamento de voo, meteorologia, navegação aérea e teoria de vôo. Para atuar, é preciso ter também, no mínimo, 40 horas de voo. No caso de pilotos comerciais, é preciso ter concluído o ensino médio e já possuir a licença de piloto privado. O aluno passará por cadeiras semelhantes no curso, mas de uma maneira mais aprofundada. E precisará ter, no mínimo, 200 horas de voo. Com essa licença, é possível atuar como piloto de táxi aéreo. Para obter a licença de piloto de linha aérea, por sua vez, o candidato deve ser maior de 21 anos, já possuir a licença de piloto comercial e ter realizado, no mínimo, 1.500 horas de voo. Com essa licença o aluno estará apto a iniciar a carreira (normalmente como copiloto) em uma companhia aérea.
Quem deseja ser piloto da Aeronáutica, precisa passar por um curso da Força Aérea Brasileira (mais informações: www.fab.mil.br).
Segundo o coordenador do curso de aviação da Anhembi Morumbi, Edson Gaspar, o problema da mão de obra no País é que muita gente começa o curso, mas não consegue terminar por conta do custo elevado. Além disso, muitos pilotos estão se aposentando e outros indo trabalhar no exterior atraídos por maiores salários.
Fonte: Jornal do Commercio