O Índice de Preços no Varejo (IPV) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) acusou alta de 0,56% em dezembro e fechou 2010 com elevação de 4,87%. O resultado anual é superior aos 0,46% acumulados em 2009. Este comportamento é atribuído às fortes oscilações que os produtos alimentícios descreveram ao longo do ano, causadas, em sua maioria, por problemas climáticos. Os meses de outubro (1,18%), novembro (0,85%), janeiro (0,63%), setembro (0,61%) e dezembro (0,56%) foram os que causaram maior impacto no bolso dos consumidores.
Em dezembro os alimentos mantiveram-se com cotações elevadas, com destaque para Aves, no grupo Supermercados, que apresentou alta de 9,42%, a maior em todos os itens analisados de todos os grupos. O principal motivo para esse salto no preço é o aumento do custo da ração animal. Entretanto, o grupo apresentou elevação mais modesta (0,89%), graças a queda no preço de sete itens, entre eles Cereais (-6,08%) e Tubérculos (-4,09%).
Por outro lado, o carrinho de feira está mais pesado para o bolso do consumidor. Em dezembro, o grupo Feiras registrou alta de 2,77%, em decorrência da elevação de preços em cinco dos sete itens que compõem o grupo. O destaque ficou com a elevação de 9,25% no preço das verduras em dezembro. O vilão aqui são as chuvas de dezembro que afetam o ciclo de plantação e colheita dos produtores.
A elevação nos preços das commodities, como milho e soja potencializam a trajetória de alta que deve se arrefecer com o início da safra de alguns produtos. O excesso de chuvas nos primeiros dias de 2011 sinaliza um período de mais pressão nos alimentos visto que os prejuízos nas regiões produtoras começam a ser anunciados.
Outros grupos que registraram alta em dezembro são: Açougues (2,80%), Vestuário, Tecidos e Calçados (0,61%), Relojoaria (1,85%), Padaria (0,59%), Brinquedo (0,61%), Papelaria (0,51%), Livraria (0,27%), Combustíveis e Lubrificantes (1,10%), Material de Construção (0,06%), Móveis e Decoração (0,42%), Ótica (0,67%) e Drogarias e Perfumarias (0,04%). Praticamente todas as flutuações relevantes detectadas em dezembro podem ser explicadas pelo período de entressafra, por problemas climáticos (estiagem ou excesso de chuvas em regiões produtoras) ou demanda interna e externa aquecidas.
Entre os grupos que apresentaram queda nos preços em dezembro, e colaboraram para manter a alta geral do IPV em patamares mais modestos, está Eletroeletrônicos. A queda de 1,50% foi proporcionada pela questão cambial, que faz com que o eletrônico importado entre no Brasil mais barato, a concorrência com o mercado informal, que obriga o comerciante a baixar mais os preços para tentar reduzir as perdas, e o rápido upgrade de tecnologias.
Outros grupos que apresentaram queda foram: Veículos (-0,35%), Eletrodomésticos (-0,80%), Auto-Peças (-0,06%), Banca de Jornal (-0,25%), Lojas de CD (-0,41%) e Floriculturas (-4,37%).
Avaliação anual
No primeiro semestre do ano de 2010 o indicador atingiu incremento de 1,62%, sendo que a variação detectada em janeiro foi a principal responsável por este desempenho: 0,63%, puxada pela elevação dos preços dos alimentos comercializados em Supermercados. Nos meses subsequentes, nota-se uma discreta desaceleração dos preços do varejo, já que a variação média detectada entre fevereiro a junho é de 0,19%. O índice geral do semestre culminou com um recuo de 0,06% em junho - a primeira queda do ano.
O grupo Supermercados fechou o primeiro semestre com acumulado de 3,31%. Cerca de 60% da elevação do índice geral é explicada pelas variações constatadas neste setor. Cereais (26,34%), Tubérculos (25,01%), Leites (20,54%), Verduras (10,58%) e Ovos (7,23%) foram as maiores variações positivas no acumulado do primeiro semestre para a atividade.
Por conta de questões sazonais, o segmento de Vestuário, Tecidos e Calçados iniciou o ano com queda em seus preços: em janeiro foi registrado -0,78%, seguido de outra redução em fevereiro: -0,13%. O período é propício para liquidar estoques antes da chegada da coleção outono-inverno que entra nos estabelecimentos a partir de março, justificando a inversão de tendência no segundo trimestre do ano. Apesar de começar em queda, os preços no segmento de vestuário acumularam alta de 1,29% nos primeiros seis meses do ano.
O reajuste dos medicamentos em março também provocou elevação no resultado geral do IPV, fazendo com que o indicador de Farmácias e Perfumarias acumulasse, somente no primeiro semestre, 2,82% de alta. As variações mais relevantes do período foram nos meses de março (1,61%) e abril (1,61%).
Padarias acumularam 3,73% no primeiro semestre do ano e, embora todos os subitens que compõem a atividade tenham acusado preços médios mais elevados no acumulado deste período, o destaque ficou por conta de Frios e Laticínios (5,10%) e Bebidas (4,75%). As variações notadas em março (1,07%) e junho (1,11%) foram as principais variações positivas do grupo.
Já Materiais de Construção, mesmo contando com o pacote de isenção/redução fiscal do IPI, finalizou o semestre com alta de 4,5%. Isso se deve ao aquecimento da demanda que faz com que os preços de alguns produtos sejam elevados.
Outros segmentos que descreveram variação acumulada positiva na primeira metade do ano: Veículos (0,57%), Eletrodomésticos (2,54%), Feiras (1,64%), Açougues (1,76%) e Floriculturas (18,16%).
Segundo semestre
Com a melhora das condições climáticas nas regiões produtoras, os produtos comercializados nas Feiras acusaram -1,88% em julho e -1,22% em agosto, completando um período de seis quedas consecutivas iniciadas em abril. Após o declínio de 0,71% verificado em junho, Supermercados registraram estabilidade em julho (-0,03%) e voltaram a cair 0,30% em agosto.
O índice geral manteve a mesma tendência registrando estabilidade em julho e, em agosto, os preços declinaram em média -0,05%.
Nos dois últimos trimestres do ano, os alimentos voltaram a sofrer com problemas de safra por conta de condições climáticas. A estiagem prejudicou desde a moagem da cana-de-açúcar (combustíveis e adoçantes) até o preço do trigo no mercado internacional (panificados e demais derivados).
A valorização das proteínas animais no mercado internacional fez com que os preços nos açougues apontassem variação de 11,55% em novembro, resultando em 30,55% de alta no acumulado de janeiro a novembro. Os demais produtos de origem in natura, tais como Legumes, Verduras e Tubérculos já sinalizavam indícios de queda, fazendo com que a dispersão do índice geral se reduzisse.
Assim como em 2009, os maiores vilões do bolso dos consumidores foram os produtos alimentícios. As chuvas excessivas do primeiro trimestre do ano causaram grandes prejuízos nas regiões produtoras, carecendo de tempo para normalizar as condições de oferta. No último semestre, a quebra de safra do trigo na Rússia e estiagem foram as causas principais destas oscilações em Adoçantes 8,54% e Combustíveis, 0,66%.
Nota Metodológica
O Índice de Preços no Varejo (IPV) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1992, tendo sido atualizado periodicamente de forma a se manter moderno e adequado ao perfil do varejo. Os dados são coletados junto a cerca de 2 mil estabelecimentos comerciais no município de São Paulo, contemplando 21 segmentos varejistas e 450 subitens pesquisados. A pesquisa conta com uma amostra mensal de aproximadamente 105 mil tomadas de preços. A pesquisa é divulgada refere-se ao mês anterior. Exemplo: Em fevereiro sai o IPV de janeiro
Fonte: Fecomercio