Licença parcial não existe. Para fazer um empreendimento como esse, há três licenças. A prévia permite estudos mais aprofundados e o início da preparação. A licença de instalação é exigência para começar a obra. E a de operação vem quando está pronto. Eles deram uma licença parcial. Essa licença prévia foi dada depois de três demissões do Ibama no ano passado com os técnicos assinando que eram contra. Mesmo assim, eles deram essa licença. Mas só que foi dada com 40 exigências, que não foram cumpridas. E agora se deu a licença parcial, que permite o desmatamento, para supressão da vegetação, como se diz.
O Ministério Público está olhando todas essas irregularidades. Eu conversei com fontes do MP e elas disseram que estão espantadas com essa licença parcial, até porque receberam um documento do BNDS. O BNDS começou o financiamento, mas com a condição que não houvesse a “supressão de vegetação”.
Nas épocas de seca, Belo Monte terá sua capacidade de produção de energia bastante reduzida. Esse é um dos pontos da discussão de Belo Monte. Os climatologistas estão dizendo que essa oscilação vai aumentar agora. E todos dizem que Belo Monte vai produzir 11 mil megawatts, mas, na verdade, é uma energia média de quatro mil. Em períodos de seca, pode chegar até dois mil megawatts. Isso é muito pouco para uma obra que vai custar tanto do ponto de vista financeiro e fiscal. Vai custar R$ 24 bilhões, financiado pelo BNDS. Tem o risco do setor público e, além disso, o impacto ambiental em todos os sentidos. Ouço economistas e ambientalistas contra a obra.
Fonte: G1