A empresa que faz a gestão do transporte de 15 mil trabalhadores para as maiores empresas do polo petroquímico de Triunfo investirá na construção de um centro de logística para organizar o fluxo. A Pools Administração de Transporte investirá R$ 15 milhões na instalação de uma estrutura em área de 16 hectares no Distrito Industrial de Montenegro, no acesso ao Polo, na BR-386 (Tabaí-Canoas). Com a medida, o trânsito diário de 400 ônibus, que acabam estacionados em pátios das unidades industriais, será direcionado para o centro logístico. Após direcionarem a mão de obra para cada empresa do complexo, os veículos permanecerão na área de transbordo, até troca de turnos.
Para a área, com acesso direto ao sítio petroquímico, o diretor da Pools, Léo Danilevicz Cabral, projeta construir instalações para receber agências bancárias e operações de fornecedores das empresas. Segundo Cabral, a localização dos serviços dentro do polo oferece maior risco, diante do tipo de produto que é processado. A empresa, que gerencia 150 dos 400 ônibus de transporte, aguarda liberação do terreno, que fica em frente à unidade de painéis para móveis da chilena Masisa, pela prefeitura de Montenegro.
O secretário municipal da Indústria e Comércio, Dario Colling, explica que projeto de lei enviado à Câmara de Vereadores prevê a cessão de uso de 32 hectares, que inicialmente seriam destinados à área de recreação do distrito. Colling adianta que a empresa assume responsabilidade de implantar um horto florestal na metade da área. A Pools poderá escriturar o imóvel e terá prazo de utilização enquanto o negócio funcionar.
A montagem do centro de logística humano, como o empreendimento é chamado por envolver prioritariamente o transbordo de trabalhadores, deve começar em abril. Cabral quer aprontar a estrutura para o estacionamento de ônibus até a metade do ano. A área para serviços deve estar pronta em 2012. A partir de março, explica, o movimento de profissionais aumenta no Polo, pois começam os preparativos para a parada de manutenção que ocorrerá em setembro e outubro. Quando ocorre a operação, o diretor explica que o contingente é acrescido em 4 mil pessoas. "Vamos oferecer estrutura com restaurante, banheiros e áreas de descanso para os motoristas e retirar os veículos que ficam estacionados em áreas inadequadas", ressalta.
A empresa, que também faz a gestão do fluxo de funcionários de empresas no distrito industrial de Gravataí, em Alvorada, Canoas e Cachoeirinha, na Região Metropolitana, atua há dez anos no segmento e fatura R$ 3 milhões mensais. Em dezembro do ano passado, a Pools começou a operar também em Alagoas, com contrato para transporte de operários para obras da construtora Odebrecht no complexo da Braskem no estado. O negócio terá duração de dois anos e meio e envolverá 700 empregados, com frota de cem ônibus.
Companhias seguram projetos à espera de novo Fundopem
O secretário de Indústria e Comércio de Montenegro, Dario Colling, registra um freio na decisão de empresas em se instalarem no distrito industrial ante a indefinição sobre as regras de incentivos do Fundopem. O governador Tarso Genro promete enviar em fevereiro à Assembleia Legislativa projeto que altera o funcionamento do programa. Segundo Colling, há pelo menos três companhias em áreas de logística e alimentação que já mostraram intenção de investir no município e que teriam projetos tramitando. "Montenegro é a segunda área de interesse aos negócios. Só perdemos para Rio Grande", vangloria-se. "Ninguém nos segura".
Entre os atrativos está o baixo custo dos terrenos do distrito industrial, pertencente ao Estado e gerenciado pela Secretaria Estadual do Desenvolvimento e Promoção do Investimento, avaliado em R$ 25 mil por hectare.
Também a localização, com acesso a rodovias e hidrovias, assegura interesse. No rol de empreendimentos, estão unidades da John Deere, Masisa, Hexion, Athrol (transportes), TW (transportes), Polofilms e Bepo. Na área de logística, a Eichenberg avalia a implantação, e a Texian (engenharia elétrica), com unidade em Triunfo, decidiu em 2010 erguer operação no distrito de Montenegro. A área estadual ainda tem disponíveis 60 terrenos, somando 400 hectares.
A economia local triplicou de tamanho em menos de dez anos, saltando de um PIB de R$ 497,2 milhões (2000) para R$ 1,4 bilhão em 2008, segundo a Fundação de Economia e Estatística. A renda atual está em R$ 24 mil per capita para uma população de 60 mil pessoas. O efeito sobre o emprego é mais um fruto dos investimentos. A prefeitura contabiliza 3 mil novas vagas formais desde 2005. Hoje, o mercado local soma 17 mil postos com carteira assinada. Em cinco anos, o salto foi de mais de 20%. Na lista de pretendentes a se instalar, também estariam empresas de ramos como moveleiro, pavimentação e têxtil. "Não podemos revelar, pois o sigilo é parte da estratégia para assegurar o empreendimento", justifica Colling.
Fonte: Jornal do Comércio - RS