Sexta, 17 Janeiro 2025

Um grupo de agricultores da chamada Fazenda dos Trabalhadores – integrada por cinco engenhos localizados dentro do Complexo de Suape – estiveram ontem na administração do porto para cobrar agilidade nos processos de desapropriação e reclamar dos valores das indenizações. Os 15 posseiros foram recebidos pelo diretor de Gestão Fundiária de Suape, Inaldo Campelo, que se comprometeu a receber os agricultores a partir da primeira semana de fevereiro, na tentativa de concluir as negociações iniciadas há dois anos.

Há um ano, 200 integrantes da Fazenda fizeram caminhada na PE-60 e protesto em Suape, reclamando os mesmos problemas. “Nosso questionamento maior é em relação aos valores pagos. Entendemos que Suape não é uma mãe, que vai sair distribuindo dinheiro, mas queremos receber valores justos de indenização”, assinalou o presidente da Associação dos Agricultores do Engenho Bita, Mário Antônio da Silva.

Constituída em 1989, a Fazenda dos Trabalhadores é integrada pelos engenhos Penderama, Arendepe, Conceição Nova, Pirajá e Tabatinga, e ocupa uma área de 800 hectares nas terras de Suape. Inaldo Campelo afirma que a saída dos posseiros é necessária porque eles estão instalados em uma área de preservação ambiental, onde estão as barragens de Bita e Utinga, além de faixas de terra de vegetação nativa e mata atlântica. A retirada dos posseiros aconteceria dentro de um projeto maior, integrado pelo Incra, Instituto de Terras de Pernambuco (Iterpe), Secretarias das Cidades e de Articulação Social, Cehab e Suape, mas não deslanchou. A proposta é que parte dos agricultores sejam reassentados.

O diretor afirma que, em 2009, foram concluídos os laudos de avaliação das 609 famílias e que o valor total das indenizações está calculado em R$ 17,1 milhões. Até agora apenas 93 famílias formam indenizadas, somando R$ 2,9 milhões. Em entrevista ao JC em fevereiro do ano passado, na ocasião do protesto, Campelo garantiu que concluiria as negociações com todas as famílias até abril próximo. Agora ele não se arrisca a estabelecer um novo prazo. “A partir de fevereiro queremos atender a uma média de dez famílias por dia”, prevê. Ele afirma que vai encaminhar à Justiça o pedido de homologação de mais 76 indenizações e que outros 280 posseiros já concordaram com os valores a serem pagos.

“Estou cansado de vir aqui e ouvir sempre as mesmas promessas. Fomos proibidos de plantar nas nossas terras enquanto a questão da indenização não for resolvida, mas a verdade é que além de não concordarmos com os valores, os pagamentos demoram demais a sair”, reclamou o agricultor João Sebastião da Silva. O advogado Bruno Coelho, que durante quatro meses advogou a favor de Suape e agora representa os posseiros, alertou para a necessidade de retomar as negociações paradas, em função da necessidade financeira imediata dos posseiros.

Questionado pelo JC sobre o fato de Suape ter se comprometido a pagar as benfeitorias pela tabela da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape) e depois substituído a referência pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ele disse que recebeu da Fetape um comunicado de que a tabela deixou de existir.

Fonte: Jornal do Commercio

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