Sexta, 17 Janeiro 2025
 

O cenário de devastação toma conta do centro de Nova Friburgo, região serrana do Estado do Rio de janeiro. Comerciantes e lojistas aproveitaram a manhã de chuva fraca desta quinta-feira (13) para salvar as mercadorias e limpar a sujeira deixada pelas enchentes.

O Friburgo Shopping, um dos mais importantes centros comerciais da cidade, amanheceu com lama e lixo em toda a fachada do prédio. Eleandro Gripp, superintendente do shopping, diz que as lojas do primeiro piso tiveram perda total.

- Ainda não temos ideia do prejuízo, mas imagino que teremos muito trabalho para recuperar o primeiro andar do shopping.

O comércio está praticamente fechado. Algumas lojas estão funcionando com geradores, já que falta energia elétrica na cidade. Poucos lojistas e comerciantes conseguiram chegar ao local e ver de perto os estragos causados pelas chuvas. Os auxiliares administrativos de uma imobiliária de Nova Friburgo, Claudio Siqueira e Vinicius Emerick, tentam recuperar documentos e equipamentos eletrônicos que ficaram soterrados na lama. A marca da chuva no balcão de atendimento passa de um metro e Vinícius espera terminar a limpeza ainda nesta quinta-feira.

- A sujeira parece que não acaba mais. Os prejuízos já passaram dos R$ 5 mil.

A vendedora de uma loja de roupas conseguiu salvar parte da mercadoria, mas Soraya Nascimento não sabe se vai dar conta da limpeza até o final desta quinta. Ela diz que falta água e isso prejudica a limpeza.

- As mercadorias conseguiram escapar da chuva porque estavam no alto das prateleiras.

Os moradores do centro de Nova Friburgo também contabilizam os prejuízos da tragédia. A dona de casa Marta Ferreira de 46 anos não abandou o cabo da vassoura desde o fim da noite de quarta-feira (12). Ela conta que móveis e objetos pessoais se perderam nas chuvas.

- Sorte que nada de mal aconteceu comigo e com minha família, mas os prejuízos com móveis e objetos foram bem grandes.

A falta d´água e energia elétrica preocupam os moradores. Além disso, muitas pessoas ainda não conseguiram se comunicar com os familiares que moram em bairros totalmente devastados pela tragédia. É o caso do recepcionista Wendel Silva. O serviço de telefonia fixa foi interrompido e ele não consegue falar com a irmã que mora no bairro Conselheiro Paulino.

- Estou com medo de que tenha acontecido o pior

Os deslizamentos de terra e queda de barreiras dificultam também o tráfego de carros nas principais vias de acesso ao centro de Nova Friburgo. Carros do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do município pedem passagem aos outros veículos. Os engarrafamentos já passam de 5 km.

Além disso, apenas três postos de gasolina estão funcionando no centro de Nova Friburgo. Motoristas formam fila para garantir o tanque cheio. Há grande chance de faltar combustível para abastecer os carros da cidade. O analista de sistemas Eduardo Gomes conta que ficou na fila de espera por três horas.

- A cidade está um caos. Temos que enfrentar fila de engarrafamento ou fila para abastecer.

 Chuvas castigam região serrana

O Rio de Janeiro viveu nesta quarta-feira (12) um dos dias mais trágicos de sua história. As chuvas intensas que castigaram a região serrana do Estado deixaram mais de 350 pessoas mortas, segundo informações da secretaria de Saúde e Defesa Civil. O número de mortos em Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo superam as chuvas que castigaram o Rio em abril de 2010 e mataram mais de 250 pessoas. O Governo Federal anuncioi que vai liberar mais de R$ 780 milhões para os municípios afetados no estado do Rio e de São Paulo.

Com mais de 160 mortes, Teresópolis enfrenta sua maior tragédia. Segundo o coronel Flávio Castro, da Defesa Civil, o número de desabrigados passa de 1.200 e já são mais de 1.300 desalojados no município.

Veja fotos da tragédia

- Esse é o maior desastre de toda a história de Teresópolis. O número de vítimas pode aumentar. Nossa maior dificuldade é a questão do acesso. Ao todo, são mil homens trabalhando.

Em Nova Friburgo, o número de mortos também já passa de cem, entre as vítimas estão três bombeiros. Em Petrópolis, as 18 mortes ocorreram nas localidades Ponte Vermelha, Gentil, Madame Machado e Brejal, de com o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado. As autoridades acreditam que o número de mortes na cidade pode passar dos 40.

A presidente Dilma Rousseff assinou nesta quarta-feira (12) a medida provisória que libera R$ 780 milhões em créditos extraordinários para os municípios afetados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro, São Paulo e outras localidades.

Problemas antigos

A população das localidades de Benfica e Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio, está acostumada a sofrer com a força das chuvas. Quem mora próximo ao rio Santo Antônio sente mais os efeitos das cheias. No entanto, os relatos dos sobreviventes dizem que nunca a água chegou ao nível que alcançou desta vez.

Nério da Costa Mesquita, de 83 anos, alugava uma casa em Benfica e perdeu tudo. Só lhe restou a roupa do corpo.

- Começamos a levantar as coisas, mas não imaginamos que a água ia subir tanto. Foi muita água. Agora tenho de esperar, sem água [para beber], sem mantimento, sem nada.

O proprietário da casa de Mesquita, Nilson Moreira de Macedo, que mora no mesmo terreno, também mantinha uma oficina na área. Ele perdeu o local onde morava e todos os objetos de trabalho.

- Não afetou só minha casa, mas o local de trabalho. Moro aqui há 35 anos. Nunca vi nada assim.

Fonte: R7

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