Um vendaval em novembro que atingiu o porto de Praia Mole, no Espírito Santo, segue causando dificuldades para a ArcelorMittal Tubarão, que teve de cortar produção para poupar carvão que antes era entregue pelo porto. O incidente também tem complicado a operação de outras siderúrgicas.
Os ventos de cerca de 120 Km por hora derrubaram dois enormes descarregadores de carvão do terminal da Vale de desembarque do insumo em 18 de novembro e desde então a entrega para a produção de aço tem sido prejudicada.
O terminal de Praia Mole é o principal porto de transporte de carvão do País, movimentando 8,9 milhões t no ano passado. O porto atende além da ArcelorMittal Tubarão, produtora de aços planos, unidades da Gerdau e da Usiminas.
Segundo a ArcelorMittal, 100% das necessidades de carvão da usina de Tubarão, que em 2009 produziu 5,3 milhões t de aço bruto, eram supridas pelo porto e agora a empresa está contando apenas com estoques próprios do insumo para seguir operando. "Está num ritmo bem mais lento agora, o ritmo de produção anual de 6 milhões t foi cortado para 5 milhões t", afirmou a assessoria de imprensa da companhia. A empresa reduziu produção de coquerias e dos dois alto-fornos que estão em operação atualmente.
O jornal A Gazeta, do Espírito Santo, publicou reportagem nesta quarta-feira, sem citar fontes, afirmando que as operações do terminal de Praia Mole só voltarão à normalidade nos próximos seis a nove meses, tempo médio para a reposição dos dois descarregadores de navios afetados pela tempestade de novembro. ArcelorMittal e a Vale não comentaram a notícia.
A Usiminas está mantendo o ritmo de produção de aço, mas foi obrigada a usar "rotas logísticas alternativas para a manutenção do abastecimento de carvão em níveis adequados". A empresa, segundo sua assessoria de imprensa, afirmou que além dessas rotas está usando estoques do insumo nas usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP).
Enquanto isso, a Gerdau Açominas também disse que sua produção ainda não foi afetada pelo incidente. Mas a empresa trabalha em um "plano B" que pode fazer com que a usina ajuste sua produção para priorizar o mercado interno em detrimento do exterior, caso o retorno do porto se prolongue. Nenhuma das empresas se arriscou a estimar quando o porto voltará à operação normal.
Por ora, a Vale informou ter contratado barcaças e navios para descarregar o carvão que está chegando ao porto e que a operação de retirada dos descarregadores danificados foi iniciada em 28 de novembro. O complexo portuário da Vale em Vitória também possui terminais para minério de ferro, soja e fertilizantes que não foram prejudicados pelo incidente na área de recebimento de carvão, informou a mineradora.
Fonte: Invertia