Sábado, 18 Janeiro 2025

Um novo ano está próximo de começar, mas parte das notícias ruins de 2010 deverá se repetir. Filas de caminhões nas estradas da Baixada Santista e de navios na Barra de Santos serão recorrentes, causando prejuízos sobre prejuízos. E a culpa é do açúcar, que continuará sendo um dos principais produtos embarcados pelo Porto de Santos. Se a safra deste ano foi recorde, a de 2011 poderá chegar ao mesmo patamar.

A raiz do problema foi a gangorra do preço do açúcar, que subiu e desceu ao sabor do interesse do mercado internacional ao longo do ano. Em fevereiro, o produto foi negociado em um patamar considerado alto à época ­ US$ 0,30 a librapeso. Apostando em uma queda para os meses seguintes, que depois realmente se confirmou, os interessados seguraram as compras e passaram a consumir seus estoques, deixando-os quase zerados. Ao mesmo tempo, a falta de interesse baixou o preço, que caiu pela metade em maio ­ atingiu US$ 0,15.

A soma destes dois fatores ­ baixo preço e necessidade de reposição de estoques ­ causou uma procura desenfreada pela commodity. Em paralelo, quebras de safra causadas por condições climáticas incomuns pelo mundo fizeram com que países como Índia e Tailândia, antes exportadores, começassem a importar açúcar.

Essa mudança de paradigma mexeu com a logística mundial de distribuição do produto. Grandes negociadores saíram de cena, deixando o Brasil como protagonista no abastecimento do planeta. E o Porto de Santos, por estar na ponta das indústrias de moagem de canade-açúcar estabelecidas no interior de São Paulo, incumbiuse de suprir uma fatia maior dessa demanda. Exportou 14,6 milhões de toneladas de açúcar de janeiro a outubro, 25% a mais que no mesmo período do ano passado. Até o fim do ano, o Brasil terá embarcado 26 milhões de toneladas da commodity, e cerca de 80% terão saído pelo cais santista.

Este resultado mostra que o Porto respondeu bem à demanda que lhe foi imposta, apesar do déficit de infraestrutura frente a tamanho aumento de um ano para o outro. Isto ocorreu, porém, com grandes prejuízos às traders, que amargaram meses de espera nas longas filas de navios na Barra de Santos e tiveram que arcar com altos custos de demurrage (taxa de sobrestadia de um navio em um porto).

Se a fila na Barra chegou a assustadores 130 navios em setembro, os congestionamentos no Sistema Anchieta-Imigrantes não deixaram por menos. Quem dependia desse caminho amargou horas de espera nos retornos de feriados, em especial. Santistas e cubatenses, principalmente, pagaram um preço caro por viverem próximo ao maior porto do País.

Especialistas ouvidos por A Tribuna dizem que a pressão da carga sobre o cais santista vai continuar. Segundo a Uniãoda Indústria de Cana-deaçúcar (Unica), em 2010, o déficit na oferta de açúcar no mundo foi da ordem de 12 milhões de toneladas. Para Sérgio Prado, representante do órgão em Ribeirão Preto, espera-se que a falta se estenda até 2012. "Nas próximas duas safras, o Brasil será um dos poucos que terá um excedente significativo a exportar", sentenciou.

Quem deverá recorrer com mais apetite ao açúcar brasileiro são os chineses. E a fome do gigante asiático pode ser medida por peso. Foram 11 milhões de toneladas de açúcar consumidas neste ano e eles já avisaram ao mercado que, para o ano que vem, seu consumo subirá para 14 milhões. "A tendência é que esses 3 milhões de toneladas a mais que eles pretendem comprar sairá do Brasil, sairá do Porto de Santos", disse o diretor da consultoria Kingsman do Brasil, Luiz Carlos dos Santos Júnior. "Haverá, sim, filas na Barra e no Porto. Não houve grandes investimentos em infraestrutura para que isso não ocorresse no ano que vem, e a demanda será, mais uma vez, grande".

Codesp admite risco de mais filas
A Codesp, estatal que administra o Porto de Santos, admitiu que podem ocorrer congestionamentos de caminhões e filas de navios no ano que vem, novamente, se o cenário e a demanda por açúcar continuarem iguais a 2010. E traça planos para tentar evitar a repetição do nó na chegada da carga aos terminais.

A empresa culpou a falta de planejamento para envio das cargas ao Porto, ressaltando a importância de um maior controle para evitar que caminhões entupam os acessos à Baixada Santista.

A estatal contratou a empresa Free Decision Solução de Negócios e Consultoria Ltda. para desenvolver um sistema de gerenciamento da chegada de caminhões ao Porto. Conforme o contrato firmado entre a firma e a estatal, publicado no Diário Oficial da União, o serviço custará R$ 16 mil.

A Docas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o projeto será implantado no ano que vem.

Fonte: A Tribuna de Santos

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