Sábado, 18 Janeiro 2025

É fato que a China hoje exerce um papel fundamental e estratégico no mundo que aos poucos se tornou um dos maiores parceiros comerciais do Brasil - considerado um dos países que mais faz negócios com os chineses. Com o crescimento do país asiático e a entrada de seus investidores no mercado nacional, ganha mais quem tiver conhecimento em mandarim. Este profissional estará apto a disputar uma vaga no mercado de trabalho, tendo em vista o crescente número de transações entre empresários das duas nações. Pensando assim, cada vez mais profissionais brasileiros têm se qualificado através da língua oficial do gigante asiático.

Entre as companhias que já se deram conta de que falar o mesmo idioma dos executivos chineses é estratégia de negociação, estão algumas grandes, como a Dell Computadores, a Gerdau, a Oceano Express, a Pucrs e pequenas e médias do mercado de importação e exportação. Estes são somente exemplos de empresas que fizeram parceria com escolas de idiomas para propiciar o ensino do mandarim a seus colaboradores e alunos. Depois do aprendizado básico, que leva em torno de três anos, os funcionários estão preparados para atender aos chineses na mesma língua.

Por outro lado, multinacionais e empresas chinesas estão procurando as escolas de idiomas, em busca de falantes de mandarim. No Centro de Idioma e Cultura NinHao, em São Paulo, é frequente o contato de companhias que não conseguiram encontrar profissionais qualificados através dos chamados “caça-talentos”. A demanda é alta, geralmente para preencher vagas nas áreas industrial e de importação e exportação. “Alguns alunos conseguiram emprego e se mudaram para a China”, afirma Ming Tsung Wu, diretor da escola.

Na Capital, a CI Porto Alegre, empresa de intercâmbio e turismo, oferece estágio na China, nas áreas de hotelaria, jornalismo, web designer, marketing, arquitetura, TI, entre outras. O programa acontece durante o ano todo em cidades como Pequim, Xangai e outras situadas em território chinês. Uma das alternativas é destinada para os que buscam unir a experiência profissional ao estudo da segunda língua mais falada pela população da China. Além do estágio, o programa oferece curso de mandarim, orientação cultural, e participação de eventos de negócios. 

Entre os exemplos de negócios que surgem com o objetivo de estreitar relações entre brasileiros e chineses, a China em Foco - Consultoria e Ensino é um dos espaços em Porto Alegre que há seis anos vem atendendo a profissionais que negociam com os chineses. Atualmente, 12 pequenas e médias empresas que lidam com importação e exportação de todos os setores são assessoradas pela empresária Lily yh Huey Liu. Ela diz que a tendência é de demanda emergente. “Mesmo que não se trabalhe diretamente com a China, o mínimo que as empresas têm que fazer é conhecer seu concorrente, porque a China está tomando conta do mercado”, avalia. Lily diz que existem dois desafios ao meio empresarial brasileiro destinado a negociar com o país asiático: o idioma e a falta de conhecimento da cultura chinesa. “São dois requisitos para se obter resultados diferenciados”, garante.

Do ‘xie xie e ni hao’ ao vocabulário fluente

Tendo em vista que o inglês já não é mais a única língua estrangeira necessária no meio empresarial e que o domínio de outros idiomas tornou-se fator decisivo no mundo dos negócios, cada vez mais executivos estão aprendendo a língua oficial da China. Ni Hao? (Olá, tudo bem?) Xie xie (Obrigada) estão entre as primeiras expressões aprendidas nos cursos de mandarim disponíveis no mercado. Taiana Alencastro, estudante de Administração e Negócios Internacionais, faz parte de uma pequena turma que aprende o idioma na escola Kotaitai, no Centro de Porto Alegre.

Ela trabalha como assistente de comércio exterior na Barbierie Advogados, e, incentivada pelos proprietários, ingressou nas aulas a que assiste junto com o chefe, Maurício Barbierie, sócio-gerente do escritório de advocacia. “Saber falar mandarim é um grande diferencial, tendo em vista que o mercado entre Brasil e China é promissor”, diz Taiana. Ela garante que, apesar de no início ser um pouco difícil, o tempo é o maior amigo do aprendizado. “Vejo muita procura de estudantes de Relações Internacionais e Comércio Exterior no curso de mandarim”, destaca.

Devido ao grande número de empresas pesquisando o mercado brasileiro para implementar negócios no País, o objetivo dos profissionais que atuam na Barbierie Advogados é facilitar a entrada destas empresas chinesas no Brasil, explica o sócio-gerente. “Acreditamos que esta é uma tendência que vai se consolidar com o tempo”, completa. Além de treinar pessoal, o escritório comandado por Barbierie agregou, há quatro meses, dois profissionais taiwaneses. “Eles têm atendido às empresas que buscam parcerias na China, e vice-versa. Inclusive, estamos formulando um manual de negócios em mandarim”, anuncia o advogado. Barbierie explica que o objetivo do manual é facilitar o entendimento de investidores chineses sobre aspectos da legislação brasileira.

O empresário Ricardo Lindenmeyer, diretor da Metalsinter Indústria de Luminárias, garante que o serviço oferecido pelo escritório de advocacia é fundamental para levar adiante as importações de luminárias e painéis solares que a empresa executa há dois anos com a China. “Usamos o conhecimento dos profissionais que falam mandarim e conhecem a cultura chinesa para esta intermediação”, admite, ressaltando que falar a língua dos fornecedores é uma forma de ser simpático e somar pontos na negociação.

Fonte: Jornal do Comércio - RS

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