No ar em ´Afinal, o que querem as mulheres?´, Vera Fischer fala sobre TV, livro e teatro
Os recém-completados 59 anos, a atriz tem motivo para estar acelerada: são muitos projetos sobre os quais discorrer. Na TV, Vera se destaca como Celeste, a mãe do protagonista da série "Afinal, o que querem as mulheres?", cujo último capítulo vai ao ar quinta-feira, na TV Globo. No próximo dia 20, a atriz lança o livro "Serena", seu primeiro romance de ficção. Além disso, prepara, para 2011, uma montagem da peça "As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant".
Parece coincidência que, em meio a essa abundância de projetos, vera interprete uma personagem tão múltipla quanto Celeste. Em cada um dos seis episódios da série, ela mudou de roupa, texto e estilo. "Em cada capítulo ela é uma coisa. em um fiz uma cartomante com voz de pai de santo. Noutro, uma atriz de teatro com jeito de diva. Acho que ela é bem mãe de psicanalista freudiano, que precisa ser tudo", gaba-se.
Vera, inclusive, diz não se considerar uma pessoa difícil. Ela reconhece que teve seus altos e baixos em outros tempos, mas diz que "graças a Deus, tudo passou": "é fácil pra caramba lidar comigo. É só ter respeito, não puxar tapete, nem invadir minha privacidade. Mas as pessoas temem que minha personalidade se sobreponha aos papeis. E que os personagens sejam mais Vera Fischer do que fulaninha. Mas é uma besteira deixar de lado uma atriz boa como eu já provei que sou. Quem perde são eles, porque eu me ocupo com outras coisas".
Esse grande papel poderá vir tanto numa minissérie, gênero de destaque na carreira de Vera (ela cita, entre suas favoritas, "Riacho Doce", "Agosto" e "Amazônia"), quanto em novelas. A atriz afirma gostar de atuar em folhetins e não descarta uma volta. mas, faz questão de ressaltar, só pretende aceitar bons papéis.
Decepção
Sua última investida no gênero foi em "Caminho das Índias", em 2009, como Chiara. "Passar oito meses fazendo um papel ´mais ou menos´ é uma tristeza. Você sofre. Recentemente eu fiz ´Caminho´ , mas nem conta. Era uma personagem sem qualquer importância. Fiz porque gosto da Glória Perez mas, sinceramente, qualquer figurante poderia ter feito aquilo. Para eu voltar às novelas, quero um personagem de verdade", define.
Versada
A carreira da TV pode esperar. No lugar dela, Vera vem exercitando sua veia de escritora de forma avassaladora. Segundo ela, de 2009 até agora, foram dez livros escritos. Estão todos prontinhos, apenas aguardando o momento de serem lançados. O primeiro da lista, "Serena", chega às prateleiras no dia 20 pela editora Litteris.
"Não sei o que foi, mas me deu uma vontade de escrever de repente", conta Vera, que, neste primeiro romance, reúne histórias ficcionais e verídicas: "Resolvi dar um nome de mulher e vou continuar assim para todos eles. Depois virão ´Eduarda´, ´Donatela´, ´Jade´, ´Laura´. Tem histórias policiais, sociológicas, amor, paixão, sexo, traição, morte, tem de tudo. E ainda coloquei algumas coisas que realmente aconteceram na minha vida. Mas não vou contar o que é verdade e o que é mentira".
Não é de se estranhar que Vera tenha, em sua história pessoal, tramas dignas de um romance de ficção. Mas a outrora badalada e superexposta vida amorosa da atriz está calminha, calminha. Sem namorado, ela diz que está gostando de ter um momento sozinha. "Fui casada a maior parte da minha vida, dos 19 aos 44 anos. Não sinto falta de namorado. Os homens que pintam não me atraem nem um pouco. Mas não digo que é definitivo, porque nada é definitivo nessa vida", ri a loura, que assume que o ex-marido Perry Sales, morto em 2009, aos 69 anos, foi seu grande amor.
Para justificar sua fama de ícone de beleza, ela conta que nunca fez plástica no rosto, mas mantém tudo em cima com "os cremes mais caros do mundo". O ritual demanda esforços diários e inclui produtos para os olhos, pálpebras, pescoço, queixo, cabelos e afins. Tudo para envelhecer com dignidade: "Estou bem para minha idade. E vou ser uma velhinha ótima, porque tenho muita alegria de viver. Não sou derrotista nem deprimida. Esse sentimento reflete no visual".
Thaís Britto
Agência O Globo
Fonte: Diário do Nordeste