São Paulo. A Polícia Civil de São Paulo investiga mais uma suspeita de agressão contra gays, na Avenida Paulista. Ao saírem da danceteria GLS Tunnel, na madrugada do último sábado, Gilberto Tranquilino da Silva, 28 anos, sugeriu ao amigo Robson Oliveira de Lima, 28, em tom de brincadeira, que fossem embora de táxi para não apanhar na Avenida Paulista.
Pouco depois, enquanto andavam abraçados, os amigos foram abordados e um deles acabou espancado. Segundo Silva, eram de cinco a seis jovens, todos com pouco mais de 18 anos. Entre eles havia duas mulheres. "Fiquei indignado, ninguém pode mais andar de mão dada", afirmou. Silva e Lima disseram ter deixado a boate, na Rua dos Ingleses, na Bela Vista, por volta das 5 horas. Subiram a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e chegaram à Paulista. Como Lima andava com dificuldade, por estar bêbado, Silva o abraçou para ajudá-lo a andar.
Ataque
Perto da entrada da Estação Brigadeiro do Metrô, os amigos se depararam com o grupo de jovens, que vinha na direção oposta. "Eles gritaram: ´desgruda, desgruda!´", contou Silva. "A gente se separou e seguimos em frente. Eles passaram e, depois, nos empurraram. O Gilberto caiu e um deles começou a dar socos e chutes nele". Silva disse ter tentado reagir, sem sucesso. O espancamento durou mais de cinco minutos.
"Quando viu o rosto do meu amigo sangrando, ele parou e saiu andando normalmente." Os jovens vestiam camiseta preta e bermuda jeans e usavam correntes prateadas. O cabelo das mulheres era curto e o do principal agressor, espetado e com luzes. Já Lima disse se recordar apenas que dois dos integrantes do grupo eram carecas e estariam de coturno.
Após o ataque, as vítimas caminharam por mais alguns metros, até Lima desmaiar. Encontrei um casal e eles ligaram para o 190", afirmou o atendente de telemarketing.
PMs levaram Lima para o Hospital do Servidor Público Municipal. Medicado, recebeu alta. Os rapazes só prestarão depoimentos, nesta semana. Segundo o boletim de ocorrência, eles relataram à PM que a agressão ocorreu por serem homossexuais. O boletim não informa quantos jovens teriam participado nem se eles usaram objetos para praticar a agressão. Nenhum suspeito foi identificado.
Essa não é a primeira vez que homossexuais são agredidos na Avenida Paulista. No dia 14 de novembro, outro fato ganhou repercussão. Quatro jovens, sendo três adolescentes e um maior de idade, foram indiciados sob suspeita de terem praticado quatro ataques na Paulista e em Moema, na zona sul. Imagens de uma câmera de segurança de um prédio flagrou quando os agressores usaram duas lâmpadas contra os homossexuais.
Fonte: Diário do Nordeste