Quando se fala em exportação, um assunto recorrente é a capacidade do porto de Natal. Uns criticam e outros defendem o terminal. Como o senhor avalia a real situação o porto hoje? Ele é suficiente para atender a demanda crescente do Estado?
O Porto de Natal está em permanente crescimento, passando por transformações profundas, como a pavimentação completa de seus pátios, a implantação dos novos sistemas de energia, de abastecimento de água, de segurança e de combate a incêndio. Além disso, o Porto de Natal está tendo seu calado ampliado de 10m para 12,5m, através de uma dragagem de aprofundamento do canal de acesso. Os usuários do Porto já sentem as melhorias implantadas nos últimos anos no Porto de Natal e a nossa previsão é encerrarmos este ano com perspectivas muito melhores para 2011, em função da conclusão da dragagem. A demanda do Estado do Rio Grande do Norte é, sim, crescente, mas o Porto de Natal está amplamente habilitado para atendê-la e se prepara com projetos viáveis e já inseridos no PAC II para impulsionar a nossa economia de maneira cada vez mais decisiva. São tais projetos obras avaliados em R$ 53,7 milhões como um Terminal Marítimo de Passageiros, a ser licitado em 2011 e que dotará a cidade de infraestrutura adequada para recepcionar os navios de cruzeiro e em R$ 108,0 milhões destinados à construção de um novo berço de atracação com 220,0 metros.
O senhor considera que o porto está mal localizado? O que pode ser, ou o que já está sendo, feito para ampliar sua área?
Além dos projetos que acabamos de listar, existem possibilidades de ampliarmos o porto de forma consciente e viável técnica, econômica e ambientalmente se agregarmos às atuais instalações um novo cais na margem esquerda do rio Potengi, ocupando áreas remanescentes de antigas salinas. Tais áreas atendem a vários requisitos como dimensões adequadas, distanciamento de habitações e proximidade do futuro aeroporto de São Gonçalo, que representa um formidável ganho logístico. Mas, a resposta à pergunta inicial é sem dúvida de que o Porto não só não está mal localizado como, também, agrega vantagens que o fazem superar qualquer outra instalação portuária de nossa região: baixíssimo nível de avarias, águas sumamente tranqüilas que facilitam sobremaneira quaisquer operações e agilidade nas operações.
Em que pé está a retirada das famílias do Maruim? O que será feito naquela área?
A área da Comunidade do Maruim é oriunda da época da construção do Porto, no início do século XX, pois foi obtida do aterro da área realizada com o objetivo de realizar as instalações do porto de nossa capital. O intento de obtermos esse espaço é de termos ampliados os pátios de forma a possibilitar um planejamento tanto quantitativo como qualitativo de crescimento agregando novas linhas de longo curso e passando a abrigar a tão sonhada linha de cabotagem que tornará mais baratos os produtos oriundos de outras regiões e que hoje para aqui chegar desembarcam em outros portos e acrescem o custo do transporte rodoviário. A recolocação das famílias do Maruim está sendo processada pela Prefeitura que procura eliminar alguns gargalos tais como a regularização de diversos imóveis para que a transferência dos hoje moradores do Maruim possa ser efetuada.
Quais os principais investimentos que o porto vem passando nos últimos anos? Quanto isso representa em recursos? De onde vem esse dinheiro?
Os portos do Rio Grande do Norte têm recebido investimentos consideráveis nos últimos anos a amparar projetos que elaborados na Codern obtiveram o respaldo da Secretaria de Portos da Presidência da República capitaneada pelo Ministro Pedro Brito. São eles pela ordem com que foram ou estão sendo disponibilizados para execução: no Terminal Salineiro de Areia Branca a ampliação das instalações de atracação de navios (R$ 27,0 milhões) que permite agora a atracação de navios de 75.000 toneladas quando antes era de 35.000 toneladas e que foi a primeira obra portuária encerrada no PAC I; a ampliação das instalações do Porto Ilha (R$ 174,0 milhões) e, no PAC II as previstas dragagens do canal de acesso ao Porto Ilha nivelando-o na profundidade de 17,0 metros e dos estuários que dão acesso às salinas; no Porto de Natal está em pleno andamento obra de dragagem que deverá alcançar R$ 40,0 milhões, além daquelas obras que já nos referimos.
Segundo o secretário de Desenvolvimento do Estado, Segundo Paula, a maioria das cargas, como frutas, produzidas no RN ainda saem por portos como Suape (PE) e, especialmente, Pecém (CE), por quê? O Porto de Natal não teria condições de atender essa demanda?
O Porto de Natal tem inteira condição de atender não só essa demanda como até volumes de maior dimensão de que os que estão acima referenciados. Nas atuais dimensões poderíamos estar a realizar embarques e desembarques em quantitativo bem superior ao que hoje processamos e em nível nunca inferior aos demais portos da região. Isso significa que é absolutamente necessário desmistificar a ideia de que não podemos atender aos anseios desenvolvimentistas do Rio Grande do Norte. Categoricamente, podemos, sim e mais, em um porto com canal de acesso e bacia de evolução mais profundos do que os de Cabedelo e Recife, excelentes condições de piso nos pátios, superior quantidade de tomadas para contêineres “reefers” (= 374) do que é hoje solicitado (= 200), instalações contra incêndio, subestações elétricas bem dimensionadas e com geração própria, adequado fornecimento de água para embarcações, equipamentos de segurança e certificação do Código Internacional de Segurança de Portos e Navios (um dos primeiros portos brasileiros a obtê-la).
Com relação aos equipamentos, o que está faltando para o terminal ganhar mais agilidade?
Da mesma forma dos grandes portos do mundo essa instalação portuária é pública, porém a sua operação (como em todo o Brasil – exceção única do Terminal Salineiro) é privada. Aos operadores privados, sob cadastro e fiscalização da Autoridade Portuária, cabe fornecer os equipamentos e aqui nos são colocados para operação empilhadeiras adequadas e modernas para movimentação desde pequenas cargas até contêineres além de guindastes móveis de diferentes capacidades quando requisita a movimentação de cargas. A ampliação dos embarques e desembarques fará reforçar o contingente de máquinas cada vez mais, no entanto é fundamental salientar que todas as operações realizadas no Porto de Natal foram bem sucedidas e nenhuma deixou de ser realizada.
O senhor acredita que as deficiências do porto dificultem a atividade exportadora ou isso acaba sendo usado como desculpa para problemas estruturais mais graves? Que problemas seriam esses?
Parodiando o Ministro Pedro Brito (Secretaria de Portos da Presidência da República), é evidente que temos ainda “muito a navegar”, mas não existem tantas deficiências como são propaladas para o Porto de Natal. O planejamento e a elaboração permanente de projetos com olhos fitos no futuro têm sido uma constante e se tornado diferencial a preparar cada vez mais o Porto. Exige-se, porém que os nossos empresários longe de acolherem a primeira crítica, muitas vezes feita com amplo desconhecimento das condições portuárias e sem sequer utilização de nossas instalações, nos procurem que com certeza terão agradáveis surpresas e poderão alavancar logisticamente seus negócios.
Como o senhor avalia a iniciativa do MOTORES DO DESENVOLVIMENTO em abordar um assunto tão relevante para a economia do Estado como é a exportação?
Reputo do mais elevado significado, pois mobilizará e reunirá em um mesmo ambiente atores dos setores exportador e importador que integram a cadeia produtiva da logística potiguar e demais interessados em mercados globais, objetivando uma adequada interação que favorecerá a interação e a geração de negócios e, assim, ampliará as possibilidades de crescimento econômico do Rio Grande do Norte. Iniciativas desse porte propiciam uma ambiência adequada à discussão e à troca de experiências não só para empresas de maior porte como também às micro e pequenas empresas e possibilitarão um melhor conhecimento das possibilidades de crescimento do estado e de cada um. No caso específico da Companhia Docas do Rio Grande do Norte se aguarda que haja uma melhor difusão das suas boas condições operacionais e das reais condições de completo atendimento às nossas cargas.
Fonte: Tribuna do Norte