Domingo, 19 Janeiro 2025

O Ceará tem dois novos concorrentes no caso da instalação de estaleiros navais no Nordeste, além de Pernambuco, que já conta com duas outras unidades implantadas no litoral de Suape. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, anunciou ontem que a estatal contratou estudos de impactos ambientais e de viabilidade técnica e econômica nas praias dos estados do Rio Grande de Norte e da Paraíba com o mesmo propósito. "Nós (o Brasil) precisamos construir navios. Isso é uma necessidade. Não podemos mais continuar a fretar navios", destacou Machado, relembrando que "estaleiros podem ser virtuais, mas que os locais precisam ser reais", para que a Transpetro possa contratar a construção de novas embarcações desses estaleiros.

Segundo ele, os estudos que estão sendo realizados no litoral cearense pela empresa Concremat serão concluídos em dezembro próximo e que o Ceará, assim como os demais Estados que apresentarem viabilidade, serão apresentados para investidores do setor. "A demanda (por navios) vai existir, a questão é identificar o grupo (empresa), que terá interesse em investir . Mas esse interesse só vai aparecer depois que as empresas conhecerem os potenciais de cada região", ponderou.

Premium II
Sérgio Machado avalia ainda, que o fato de a Petrobras mudar o conceito das refinarias de petróleo Premium I e II, respectivamente, no Maranhão e no Ceará, para produção de combustíveis para o mercado interno e não mais para exportação, poderá alterar o tipo e o tamanho dos navios que poderão ser construídos no Estado, se os estudos apresentarem condições favoráveis de construção de um estaleiro no Estado, logicamente.

Lançamento ao mar
As explicações foram apresentadas em entrevista coletiva, na tarde de ontem, no Rio de Janeiro, durante anuncio de lançamento ao mar do terceiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro, o Promef. Denominado de Sérgio Buarque de Holanda, em homenagem ao jornalista e crítico literário, a embarcação será lançada às 10h 30, desta sexta-feira, no Estaleiro Mauá, em Niterói, no Rio de Janeiro, em solenidade que contará com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao preço de U$ 71 milhões, o petroleiro tem 183 metros de comprimento e capacidade para transporte de 48,3 mil toneladas de porte bruto de produtos derivados claros de petróleo. "Mais esse navio, confirma a consolidação do Promef", destacou Jorge Gonçalves, diretor comercial do Estaleiro Mauá. "O lançamento do Navio Sérgio Buarque de Holanda marca o renascimento na Indústria Naval", reitera Sérgio Machado.

Os dois navios lançados ao mar pela Transpetro e o que será alçado hoje é parte de um pacote de 49 navios encomendados pela Estatal e que deverão ampliar a frota da empresa de 52 para 101 navios até 2015.

"A produção de petróleo vai ser duplicada nos próximos anos e precisamos de navios para transportar. Não podemos continuar fretando navios", justificou Sergio Machado, ao anunciar investimentos de R$ 10 bilhões, na aquisição dos novos petroleiros, nos próximos quatro anos.

Este ano, a Transpetro investiu R$ 1,2 bilhão e projeta aplicar R$ 2 bilhões em 2011.

Segundo o diretor do Fundo de Marinho Mercante (FMM), Amaury Neto, nos últimos oito anos foram analisados 406projetos navais, no valor de R$ 17, 3 bilhões. Desse total, 193 projetos, no valor de R$ 8,1bilhões foram aprovados na última reunião do FMM, ocorrida em dezembro de 2009, mas apenas 2,1 bilhões foram efetivamente liberados. Conforme disse, na próxima reunião, no dia 17 de dezembro, serão avaliados mais 165 projetos, orçados em mais R$ 13 bilhões, para os próximos quatro anos, o que deverá totalizar R$ 30 bilhões em financiamentos, em 12 anos.

Ele ressalta, no entanto, que entre o processo de análise iniciada pelo FMM e a liberação total dos recursos pelas instituições financeiras, podem levar até 450 dias, cerca de 15 meses. Os principais agentes financiadores são Bndes, Banco do Brasil, Basa e agora, o BNB.

Para a construção dos 49 navios, 20 empurradores e 80 barcaças encomendados pela Transpetro por meio do Promef I e II serão necessárias 712 mil toneladas de aço, commodity essencial para o setor, que a estatal vem adquirindo de vários países do mundo, a exemplo da Coreia do Sul, Ucrânia e o Brasil. Desse total, a Transpetro comprou 150 mil toneladas de aço, sendo 35% no Brasil, notadamente da Usiminas e Cepisa, e 65% no exterior.

"Para reerguermos a indústria naval não basta fazermos navios, precisamos ser competitivos", ressaltou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ao justificar porque está indo buscar lá fora, o aço de que os estaleiros precisam.

"O aço responde por até 30% da composição de um navio", justifica.

Fonte: Diário do Nordeste

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