A brincadeira, aliás, é um dos grandes motivadores do público, que a cada comando do apresentador, senta, levanta, faz coro, bate palmas e dá gargalhadas orquestradas por claques. Tudo para que o “patrão” fique feliz e ofereça mais dinheiro. “Paguei 70 contos numa bolsa e pensei: vou lá no Silvio Santos pra ver se ele paga pra mim”, brinca uma jovem da caravana de Jundiaí. “Vamos sentar no meio, onde ele joga mais aviãozinho”, diz sua colega.
Depois que toda a plateia está devidamente maquiada e penteada pela equipe de produção, Roque, fiel escudeiro de Silvio há 47 anos, dá instruções e diz que “está tendo um papo aí sobre a vida” de Silvio, mas “a alegria desse homem é o público, e a vida dele não interfere no trabalho”. Para aquecer o auditório, antes de o programa começar, Silvio explica a importância da presença e da felicidade de todas e conta piadas. “Sem vocês, o show não acontece. Por isso, com orgulho, chamo todas de colegas de trabalho”. Entre uma piada e outra, ainda com as câmeras desligadas, uma possível menção ao caso do Panamericano.
“Sabe que esta semana aconteceram coisas que me deixaram muito triste, quase em depressão”, diz Silvio ainda sorrindo. “Aí, conversei com um amigo que foi pra Índia, e ele me contou uma história: Não fique assim, Silvio. Sabe que, uma vez, vi no chão um passarinho doente. Estava frio e, para aquecê-lo, peguei um punhado de merda e o cobri. O passarinho melhorou e ficou tão quente e feliz que começou a piar (Silvio imita os sons do personagem). Então, um gavião ouviu os pios, deu um rasante e comeu o passarinho. Moral da história? Nem sempre quem te põe na merda é seu inimigo, nem sempre quem te tira da merda é seu amigo, e, mais importante: passarinho que está na merda não dá um pio”.
Fonte: Jornal do Commercio