Pernambuco será o endereço da primeira fábrica de painéis solares de grande porte do Brasil. Ontem, o governador em exercício, João Lyra Neto, e executivos da Ecosolar e da Oerlikon assinaram protocolo de intenções para implantação do empreendimento, durante solenidade no Palácio do Campo das Princesas. Com investimento de R$ 500 milhões, a indústria será instalada no Parque Tecnológico de Pernambuco (Parqtel), no bairro recifense do Curado. A previsão é iniciar as obras em janeiro e começar a operar em março de 2012.
A Ecosolar é uma empresa paulista recém-criada, que vai contar com a expertise do grupo suíço Oerlikon para oferecer tecnologia de ponta em placas solares e difundir esse tipo de energia alternativa no País. Dona de uma tecnologia que permite baratear o custo da energia solar, a Oerlikon conta com 13 fábricas no Leste Europeu e na Ásia. A companhia produz 3 milhões de painéis por ano, com capacidade para gerar 720 megawatts (MW).
“Hoje o Brasil só tem fábricas de painéis solares para aquecimento de água. Essa será a primeira das Américas voltada para geração de energia e com esse porte”, destaca o ex-deputado e presidente da Ecosolar, Emerson Kapaz. A fábrica pernambucana terá capacidade para produzir 850 mil painéis e gerar 120 MW de energia por ano. A perspectiva é comercializar 80% das placas em âmbito nacional e exportar o restante para países como Chile, Peru e Argentina (para citar alguns exemplos). Na lista de clientes potenciais estão supermercados, bancos, residências e shoppings. Cada painel deverá custar R$ 320 para o consumidor.
“Estamos bastante confiantes no potencial da energia solar no Brasil, que tem uma excelente insolação, equivalente ao dobro dos países europeus”, compara o vice-presidente da Oerlikon, Peter Tinner. O executivo afirma, ainda, que acredita na diversificação do mix de energias alternativas no País, com aumento da participação do segmento de solar.
Antes de se decidir por Pernambuco, numa negociação que durou um ano, a Ecosolar também avaliou os Estados de São Paulo e Minas Gerais. “Pesaram na escolha a localização privilegiada do Estado, a capacidade de consumo e a possibilidade de captar recursos junto ao Banco do Nordeste”, enumera Emerson Kapaz. O BNB poderá financiar até 70% do valor do empréstimo. O superintendente da instituição em Pernambuco, Sérgio Maia, participou da solenidade de assinatura do protocolo de intenções. O governo vai doar um terreno de cinco hectares no Parqtel e não será necessário conceder incentivos fiscais do Prodepe, porque as placas solares não têm tributação de ICMS.
EMPREGOS
Apesar do alto índice de automatização e da tecnologia avançada, a Ecosolar será responsável por uma importante geração de emprego. Serão 250 postos de trabalho diretos na fábrica, além de 400 na montagem da planta e de outros 1.300 na instalação dos painéis pelo Brasil. O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Anderson Gomes, destacou a disponibilidade de trabalhadores qualificados nas universidades pernambucanas, que poderão ser demandados pela empresa. “Também comemoramos o fato de a empresa se instalar no Parqtel, que vem sendo reestruturado nos últimos anos”, comentou, lembrando que o Parque conta hoje com seis indústrias. João Lyra Neto ressaltou o fato de Pernambuco sediar um empreendimento de vanguarda, que coloca o Estado na liderança de um setor que vai deslanchar no País.Os próximos passos da Ecosolar são angariar parceiros com disponibilidade de caixa para encampar a empreitada. O primeiro a topar o negócio foi o fundo de investimentos espanhol FXX Corporate, que está fazendo um aporte de US$ 50 milhões. Mas Kapaz adianta que também está conversando com um fundo de investimentos americano e com uma companhia gigante do setor de energia para se juntar a ele e aos três sócios que comandam atualmente a Ecosolar.
Fonte: Jornal do Commercio