“Nos temos exemplos históricos dessas obras que são paralisadas por quatro meses e depois a desconfiança que pesava sobre ela não existia e ela volta a ser realizada”, reclamou Lula. “Se o TCU encontrar alguma irregularidade, segundo a lógica de seus engenheiros e técnicos, pode ficar certo que o ministério atingido ou a empresa atingida vai entrar com recurso e isso vai ser resolvido”, assegurou, considerando este tipo de problema “da normalidade democrática do País”.
Na última terça-feira, o TCU considerou que 32 obras do governo apresentam irregularidades graves e que, portanto, devem ser paralisadas. Dessas, 18 obras integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foram destacadas como exemplos na campanha da candidata eleita do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, como a Refinaria Abreu Lima – que está sendo construída no Complexo Industrial e Portuário de Suape –, a ampliação do sistema de esgoto de São Luís, no Maranhão, a construção das obras do Berço de Atracação do Porto de Vitória, no Espírito Santo, e as obras da Ferrovia Norte-Sul, em Tocantins.
O relatório também apontou irregularidade em um contrato das obras do Sistema Adutor de Pirapama.
O TCU manteve o veto às obras de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, que estão sendo tocadas pela Petrobras. Os dois investimentos tinham sido brecados pelo TCU no passado, mas Lula ignorou a recomendação, autorizando a liberação de recursos para ambas. Caberá agora aos parlamentares da Comissão Mista de Orçamento (CMO) decidirem se apoiam o órgão ou se endossam a iniciativa de Lula.
Lula não quis falar especificamente destas duas obras e ficou apenas insistindo que é papel do TCU investigar, mas que, nem sempre, o que o órgão diz constatar corresponde à realidade. No ano passado, a ação do TCU motivou críticas do governo ao Tribunal de Contas, inclusive por parte do presidente Lula da Silva, que alegou que o órgão estaria aparelhado pela oposição.
As declarações do presidente foram dadas em entrevista, no aeroporto de Maputo, pouco antes de embarcar em direção a Seul, onde participa, amanhã, da reunião do G20.
Fonte: Jornal do Commercio