Um filhote de baleia franca encalhou já morto em Jaguaruna, na Praia de Campo Bom. O registro foi comunicado nesta sexta-feira à Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca (ICMBio) e constatado por pesquisadores do Projeto Baleia Franca (PBF-Brasil), que estiveram no local a fim de coletar amostras do cetáceo para exames.
"O filhote era um macho, que media 4m30cm de comprimento. Ele já encalhou morto, com diversos hematomas e marcas de colisão com embarcação, o que provavelmente provocou a morte do animal", explica a Diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca, Karina Groch.
Na última quarta-feira, durante o sobrevoo realizado pelo Projeto Baleia Franca e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o biólogo Ph.D., Paulo Flores, do Centro Mamíferos Aquáticos, fez o registro fotográfico de 36 filhotes dentre as 102 baleias avistadas. O total de cetáceos presentes em nossa costa faz com que o número de óbitos de filhotes desta temporada ainda esteja de acordo com o esperado.
"Esta é mais uma ocorrência negativa no que diz respeito à recuperação populacional da espécie, entretanto está dentro da normalidade. A mortalidade de filhotes desta espécie é de aproximadamente 10% do total de nascimentos e, neste ano, foram três óbitos de filhotes para, pelo menos, 36 nascidos", afirma Karina.
"Estamos alertas e a temporada ainda não terminou. As francas, ao contrário de outras espécies, tem hábitos costeiros e dificilmente encalham, exceto quando já estão doentes ou mortas. É importante destacar que nas últimas duas décadas a média anual de encalhes é de aproximadamente dois registros, variando ano a ano. Em 2009, por exemplo, tivemos apenas um registro de encalhe de filhote morto, enquanto neste ano houve três registros. Esta variação é diretamente proporcional à quantidade de baleias registradas por nós, ou seja, é natural que com mais indivíduos presentes em nossa costa ocorram também mais encalhes", contou a bióloga.
Em caso de encalhes, há um protocolo homologado pela APA da Baleia Franca (ICMBio) que deve ser seguido. "O objetivo do protocolo é articular a rede de instituições que podem contribuir nos casos de ocorrência de encalhes, seja de animais vivos ou mortos. Neste caso, tivemos o apoio da Prefeitura Municipal de Jaguaruna, que foi quem oficializou o registro. Agora que amostras do animal já foram coletadas para análise, o corpo será enterrado neste sábado", explicou Maria Elizabeth Carvalho da Rocha, Chefe da APA da Baleia Franca.
Observações sobre a especie:
- Hábitos costeiros e habilidade para se manter sem encalhar em locais de profundidades rasas;
- Casos raros de encalhe se comparados a outras espécies, como a jubarte;
- Espessa camada de gordura no corpo, o que garante fonte de energia e água durante a migração das áreas de alimentação (Pólo Sul) para zonas de reprodução (Brasil);
- É um mamífero com o organismo semelhante ao do homem, embora adaptado ao meio aquático;
- Respira por pulmões, ou seja, não depende do ambiente aquático como os peixes, por exemplo.
Como ajudar?
- Entre em contato com as instituições responsáveis
- Não tente devolver o animal para a água
- Ajude a isolar a área mantendo pessoas e animais domésticos afastados
- Coloque panos molhados sobre o corpo do animal e providencie sombra para evitar queimaduras solares.
- Mantenha o animal molhado, sem jogar água no orifício respiratório
- Obtenha fotografias do animal, possibilitando a identificação da espécie e documentação do caso.
- Colabore com a sensibilização e a conscientização da comunidade
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