Quarta, 22 Janeiro 2025

As deficiências da infraestrutura, principalmente na área de transportes estradas, portos, ferrovias e aeroportos , entravam, sobremaneira, o ritmo de expansão da economia nacional. Uma situação particularmente preocupante refere-se aos portos, a maioria deles com a sua capacidade superada pela demanda. Há anos, eles carecem de substanciais investimentos para modernização e ampliação da sua capacidade de movimentação de cargas. Algumas obras em andamento nos terminais marítimos se eternizam, seja em função da burocracia, que retarda a liberação dos recursos, seja por gestão deficiente. Os trabalhos de recuperação do Porto de Itajaí e os da reforma do berço 201 do Porto de São Francisco do Sul, os dois maiores de Santa Catarina, enquadram-se nessa situação.

Na segunda-feira, 33 navios aguardavam ao largo para atracar e descarregar em São Francisco do Sul. A espera pela operação de descarga, hoje, é de 15 dias em média. Por óbvio, o atraso não resulta apenas da obra de aumento do berço 201, eis que, também, decorre do exponencial aumento da importação de aço e da exportação da safra de soja. Um navio parado gera custos que podem chegar a US$ 20 mil por dia; no caso do aço, isso pode implicar um aumento médio de US$ 3 por tonelada do produto. Custos sobre custos; prejuízos sobre prejuízos, afetando não apenas as empresas envolvidas nas operações, mas toda a economia regional.

Há que desempacar o PAC, que destinou R$ 30 milhões para aumentar o berço 201 de 150 metros para 250 metros, e tocar a obra à frente com a rapidez que se impõe. Porto é solução, e não gargalo. A situação vivida em São Francisco repete-se em outros terminais marítimos Brasil afora.

Isto não deve causar surpresa a quem quer que seja, eis que, desde 2004, o governo vem sendo alertado sobre a precariedade do sistema e a urgência em investir na sua recuperação e ampliação. Não foram poucas as advertências, pesquisas e relatórios neste sentido às autoridades federais – incluindo alguns documentos entregues pessoalmente ao presidente da República – por entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entre outras representações idôneas do setor produtivo.

Apenas para refrescar a memória: há dois anos, a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) calculou em US$ 2 bilhões as perdas nas exportações do agronegócio causadas pela decrepitude do sistema de transporte no país. Desde então, pouco ou quase nada mudou no cenário da logística do desalento, expresso com eloquência pelas filas de caminhões que se estendem por quilômetros no acesso aos portos de exportação, e nos navios ancorados à espera de descarregar produtos importados que são essenciais à indústria nacional, como o aço da China ao largo de São Francisco do Sul.

Fonte: Editorial do Diário Catarinense

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