A Região Norte pertence ao sistema isolado e não tem intercâmbio de energia com o resto do País. Apesar disso, qualquer mudança na política energética da região afeta o Brasil inteiro. Hoje, todos os consumidores pagam um valor a mais em sua conta de luz para subsidiar o sistema isolado do Norte. Na região, a energia que abastece residências, indústrias e comércio vem de térmicas movidas a óleo combustível ou diesel. Sem a ajuda do resto do País, os cidadãos do Norte não conseguiriam arcar com o custo elevado da energia. Em 2009, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) paga pelos brasileiros somou R$ 2,4 bilhões. Neste ano, chegará a R$ 4,7 bilhões, por causa de uma mudança feita na legislação, que inclui, além do combustível, a manutenção da usina.
O Gasoduto Urucu-Coari-Manaus, construído pela Petrobras, pode ser a grande alternativa da região para se livrar dos combustíveis caros e poluentes e, ao mesmo tempo, diminuir o peso do subsídio na conta de energia elétrica.
O assessor em energia da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Fernando Umbria, tem acompanhado de perto a questão das térmicas do Norte. Segundo ele, as usinas com o cronograma atrasado pertencem à Amazonas Energia, do Grupo Eletrobras. São três unidades, com capacidade para mais de 500 MW: Aparecida Bloco I, Aparecida Bloco II e Mauá Bloco III. O cronograma previa entrada em operação entre fevereiro e este mês, conforme Plano de Operação 2010 da Eletrobras.
A Amazonas Energia afirma que os serviços de adequação para operação dessas usinas com gás natural estão contratados e em andamento. A conclusão deve ocorrer no último trimestre deste ano. Apesar disso, ela nega que o cronograma esteja atrasado.
Segundo cálculos de Umbria, é a conversão das térmicas da Eletrobras que vai representar maior economia. Isso porque essas unidades usam um tipo de óleo mais nobre, que custa mais caro. Se entrassem em operação agora, a economia para o consumidor seria de R$ 300 milhões.
As demais usinas que atendem Manaus pertencem a produtores independentes, algumas com participação da Petrobras. Nesse caso, o cronograma está em dia, mas a rede de distribuição de gás não está concluída porque problemas afetaram as obras. A última previsão aponta para o início da operação com gás a partir do dia 30 de setembro. Segundo a diretora de Gás e Energia da estatal, Graça Foster, atualmente todas as unidades com participação da empresa estão em processo de conversão e dentro do prazo do contrato de suprimento de energia feito com a Amazonas Energia. Isso, se nenhum imprevisto ocorrer nas próximas semanas.
Fonte: Jornal do Commercio