Quarta, 22 Janeiro 2025

Os investimentos em sistemas de algoritmos têm embarcado no momento de consolidação do mercado de capitais brasileiro. Pouco a pouco, as corretoras de valores passam a adotar essas tecnologias, que mecanizam a tomada de decisão na compra e venda de ações e robotizam as operações - diferentes do método fundamentalista, que analisa os fundamentos de uma empresa antes de negociá-la.

Os algoritmos estudam em frações de segundo a situação e o cenário de uma negociação e emitem uma ordem de compra ou venda por um valor que ofereça alguma margem de lucro ou impeça fortes prejuízos. A interferência dos operadores é praticamente nula - ocorre especialmente quando o profissional lança as parametrizações do sistema. Para o mercado de ações, a vantagem é o aumento de liquidez dos negócios, o que traz um constante movimento nos papéis. Para quem opera, um avanço é aproveitar boas oportunidades que surjam durante um dia de negociações e que, se dependessem de análise dos operadores, poderiam ser vistas tarde demais.

Outro ponto positivo é a segurança: os sistemas conseguem visualizar uma trajetória de perda de valor adiante e se desfazer antes que as coisas piorem. “O uso dos algoritmos aumentou muito nos últimos anos para diversificar os riscos dos investidores”, explica André Ventura, gestor da Murano Investimentos, corretora com dois anos de vida e que opera basicamente com algoritmos. “Durante a crise financeira internacional, esses sistemas conseguiram apresentar bons resultados”, observa. O impedimento de uma popularização mais rápida dessas ferramentas ainda está no alto custo para implementá-las.

Para completar, as margens de lucro que se obtêm nos algoritmos costumam ser mínimas: como operam de forma automatizada, dificilmente fazem grandes negócios em uma única operação, limitando seu lucro a uma taxa anteriormente definida. “Os algoritmos operam com margens pequenas, por isso precisam de muita escala para tirar a diferença, pagar taxas de corretagem e ainda gerar lucro”, explica Antonio Cabeda, especialista em engenharia financeira e prestador de serviços da XP Investimentos.

Por necessitar fazer muitos negócios para garantir algum spread e primar pela segurança, os algoritmos são opções de clientes institucionais. Como esses clientes passam a ser cada vez mais importantes para as corretoras brasileiras, essas já começam a providenciar seus sistemas quantitativos.

A própria XP, reconhecidamente uma empresa que atua junto à pessoa física, está desenvolvendo um sistema de robotização nas tomadas de decisões para os institucionais. No caso da Murano, hoje mais da metade de seus 200 clientes utiliza sistemas de algoritmos.

Oferta de aplicativos aumenta no País

À medida em que a demanda pelos sistemas algoritmos cresce, a oferta também aterrissa no País, trazendo programas avançados e com custos mais baixos. A CMA, empresa de soluções para negociação eletrônica e presente em grande parte dos bancos e corretoras no Brasil, anunciou o lançamento do primeiro sistema de algoritmos especialmente desenvolvido para o segmento de mercado futuro da BM&FBovespa.

O aplicativo compreende a operação em operações com contratos futuros de juros (taxas DI), commodities, dólar, índices, entre outros. “Pesquisamos com diversos profissionais do mercado e descobrimos que eles não dispunham de sistemas automatizados para realizar operações de spread. Acreditamos no forte crescimento deste mercado”, explica o gerente de produtos da CMA, Raphael Juan.

Através desses produtos pré-formatados (Best Offer, TWAP, VWAP, Volume Participation, Spread Maker), as corretoras podem adquirir o sistema e começar a usá-lo instantaneamente, sem a necessidade de um especialista em programação para configurá-los. “Não será uma opção para o mercado financeiro adotar ou não os algoritmos. Os clientes exigirão de suas corretoras para poderem operar de forma competitiva nos mercados local e internacional”, acredita Juan.

A gigante da tecnologia da informação IBM também tem explorado o mercado brasileiro para vender seus sistemas algorítmicos. Recentemente, a empresa vendeu para a BM&FBovespa um data center capaz de suportar conexões diretas de coalocation. A ideia é atender à elevada demanda das corretoras por operações com algoritmos.

A maior oferta poderá alinhar o Brasil aos países com mercado de capitais já fortificado. As operações quantitativas ainda são pouco representativas no País, menos de 10%. Trata-se de um quadro muito diferente dos mercados mais maduros. Nos Estados Unidos, cerca de 70% de todo o volume negociado no mercado à vista e 40% do mercado futuro são operados através de sistemas de algoritmos.

Fonte: Jornal do Comércio - RS

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