SÃO PAULO - A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) pensa em um novo modelo de reajuste para o preço do aço, devido aos impactos do recente modelo de precificação do minério de ferro - principal insumo usado pelas siderúrgicas. A ideia, em estudo pela companhia, é adotar um sistema pelo qual o valor do aço seja ajustado automaticamente, quando o valor das matérias-primas, além do minério, também o carvão, aumentarem no mercado.
O possível método a ser adotado pela Usiminas, classificado na mídia como uma espécie de "gatilho", surge como reflexo da adoção de ajustes no preço do minério a cada trimestre, feita pelas maiores mineradoras do mundo, como a nacional Vale, a BHP Billiton e a Rio Tinto, que iniciaram essa movimentação mês passado (quando o valor do insumo subiu 90% na média), fazendo com que o minério tenha uma nova "tabela de preços", em julho próximo.
Desde então, as siderúrgicas tiveram de seguir a tendência, o que fez com que CSN, Gerdau e Usiminas começassem a avisar o mercado dos ajustes do preço do aço, distribuindo a alta de custos pela cadeia produtiva. Setores como o da indústria automotiva foram dos primeiros a sentira mudança. No mês passado, a Usiminas chegou a aumentar seus preços em até 15%, ao tentar acompanhar o aumento dos valores.
Segundo a Usiminas, porém, a alta vem sendo aceita "normalmente" pelo mercado. "Para isso existe uma justificativa muito forte em relação ao aumento atual no preço da matéria-prima", comentou Wilson Brumer, executivo que assumiu presidência da Usiminas no início deste mês e apresentou ontem os resultados financeiros da empresa ao mercado, junto com Sérgio Leite, que exerce a função de vice-presidente de Negócios da companhia.
Investimentos
A siderúrgica confirmou um volume de investimentos de R$ 3,2 bilhões para 2010 - o montante integra o pacote de R$ 5,6 bilhões, previstos para serem aportados até 2011. São vários os projetos que têm o objetivo de preparar a empresa para seu plano de expansão. No ano passado, o montante foi de R$ 2,1 bilhões.
Entre os alvos da Usiminas está a implantação de nova tecnologia na Usina de Ipatinga (MG), onde ela também constrói uma nova linha de galvanização, o que vai permitir que a capacidade instalada dobre até 2011. Já para a planta da cidade de Cubatão está destacado um novo laminador.
"São investimentos que abrem possibilidades como a de fornecer para o mercado gerado pelas operações do pré-sal, atendendo também setores como o naval", explicaram os executivos.
No mesmo dia da afirmação, a siderúrgica divulgou ter vencido uma licitação que envolve o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro, empresa de logística do grupo Petrobras, para fornecer 7,7 mil toneladas de aços planos para a construção de navios petroleiros.
Aliás, outro segmento que continuará a ser um dos focos da companhia é o da construção civil. Para se ter uma ideia, a Usiminas assinou em março último, com a Caixa Econômica Federal e com a Prefeitura de Volta Redonda (RJ), um convênio para a produção de seis prédios com estrutura de aço, destinados ao programa de habitação popular "Minha Casa, Minha Vida", do governo. Ontem, a Usiminas anunciou um lucro líquido de R$ 309 milhões no primeiro trimestre do ano, revertendo o prejuízo de R$ 112 milhões, obtido no mesmo período do ano passado. O resultado positivo ocorreu alinhado a um salto nas vendas de 1,0 milhão de toneladas para 1,6 milhão no período contabilizado. A melhora do resultado se deve a forte aumento das vendas físicas da empresa, que passaram de 1,048 milhão de toneladas no 2009 para 1,615 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2010.
Minério
A Usiminas reafirmou a intenção em criar uma nova empresa de mineração. "Será um combinação entre o uso dos nossos ativos de minério, mais instalações no terreno que comparamos em Sepetiba e a nossa participação na MRS Logística", explicou o presidente da siderúrgica.
Brumer contou que a intenção é criara uma mineradora com a atividades integradas com a ferrovia e com o porto e revelou a existência de uma negociação com possível investidor que deve integrar o negócio, o que reflete uma tendência do setor.
Fonte: DCI