Uma das características do desenvolvimento econômico é o seu poder de multiplicação de empregos, gerando, inclusive, novas profissões. Um exemplo deste fenômeno em Pernambuco é o aumento da demanda por profissionais especialistas em soldagem, estimulado pela atual montagem da indústria do petróleo e gás no Estado, um setor que inclui refinaria, estaleiro e as petroquímicas de POY e PET. Somente o Estaleiro Atlântico Sul espera contratar este ano cerca de 500 profissionais, isso sem falar em outros empreendimentos que estão para chegar, como o estaleiro do consórcio Schahin-Modec.
A carreira de soldador começa com um salário na faixa dos R$ 800, mas com desenvolvimento e investimento pessoal pode pagar mais de R$ 8 mil, como no caso dos inspetores de solda de nível 2. Em outras palavras, o aumento das vagas também traz exigências de qualificação do profissional, até porque a qualidade atestada do serviço é uma condição que uma empresa como a Petrobras – a maior cliente do setor – não abre mão.
Eduardo Veiga, diretor do Senai Cabo (entidade de ensino cujo objetivo é formar mão de obra para as indústrias de Suape), explica que existem hoje duas formas básicas de ingressar na carreira de soldador. “A primeira delas é através do Senai Cabo, que oferece cursos de treinamento – voltados para aquela pessoa com alguma experiência no ofício –, qualificação (para quem não tem experiência) e também o curso técnico”, comentou. A outra forma é através do Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo e Gás Natural (Prominp), que, inclusive, paga bolsas de auxílio financeiro para os alunos que estão comprovadamente desempregados.
A notícia ruim para quem pretende ingressar nesta carreira é que a fila de espera é grande. No caso do Prominp, por exemplo, ainda não há uma previsão para o lançamento do quinto ciclo de aulas, que vai ser lançado ainda este ano com a previsão de abertura de 8 mil vagas, incluindo diversos cursos, entre eles soldador de estrutura e soldador de tubulação. No caso do Senai do Cabo, Eduardo Veiga contabiliza que existe uma fila de espera de 1.500 pré-inscritos. “Nossa meta, no entanto, é zerar esse estoque até setembro”, diz.
O importante mesmo para quem quer seguir no caminho é se inscrever. “Me matriculei há seis meses no curso do Cabo e o pessoal me ligou agora. Comecei dia 19 e já nem esperava mais ser chamado”, comenta o estudante de Marketing Gustavo Cavalcanti, de 22 anos. Seu interesse, conta, é seguir na carreira para tentar chegar ao posto máximo, de inspetor de soldagem. “Fiquei sabendo da profissão através de um amigo e quero chegar a ser inspetor porque é um cargo que paga salários de R$ 8 mil. É um pagamento bacana”, conta. Para chegar lá, Gustavo vai começar se qualificando na área e vai pagar duas parcelas de R$ 187 para o curso inicial.
A perspectiva de bons rendimentos atrai pessoas de outras áreas técnicas também. O estudante de nível médio Aílson Júnior cursa eletrotécnica no Cabo, mas hoje também começará no curso de soldador. “Ganhei uma bolsa para participar da Olimpíada do Conhecimento. Sou um bom aluno e tenho interesse na área de inspeção”, revela o estudante.
Fazer um curso de soldador, no entanto, não garante o aprendizado imediato. As aulas de capacitação têm duração de 300 horas. O Estaleiro Atlântico Sul, por exemplo, recebe o pessoal qualificado mas ainda remete o grupo para um treinamento específico na área naval. “É impossível preparar um profissional de solda em três meses. Os cursos do Senai têm o seu papel na formação de pessoal, mas precisamos dar mais instruções específicas. Temos um Centro de Treinamento para começarmos a formar o nosso pessoal”, informa o diretor administrativo e de RH do EAS, Gérson Beluci. Ele informa que até o final deste ano a empresa terá investido R$ 10 milhões na formação de seu pessoal.
Fonte: Jornal do Commercio