Quinta, 23 Janeiro 2025
Após o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, ter reconhecido que havia erros no processo de reestruturação da Eletrobras a partir do momento que provocava uma perda de autonomia administrativa da sua principal e mais rentável empresa, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), um grupo de funcionários da estatal nordestina promoveu ontem um “protesto artístico”. O objetivo foi reforçar o discurso contrário às mudanças em curso desde 2008. Com o mote “Chesf gerando futuro sempre”, o evento contou com a presença de músicos como os forrozeiros Maciel Melo e Santanna, o sanfoneiro Silveirinha e o cantor Geraldo Maia.

Foi na reunião de número 150, de 11 de julho de 2008, que o estatuto da Chesf foi modificado a fim de promover uma concentração de todas as decisões (de patrocínios culturais e esportivos a grandes investimentos) na sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro. A justificativa para o esvaziamento é de transformar a holding em uma “Petrobras do setor elétrico”, com foco na internacionalização de aportes financeiros e viabilizando grandes obras como a da usina hidrelétrica de Belo Monte, que será construída e operada justamente pela Chesf. Há pouco mais de uma semana, a subsidiária nordestina se candidatou e venceu o leilão polêmico, participando com 49,98% de um consórcio de empresas “rachado” para tocar um empreendimento cuja viabilidade financeira e os impactos ambientais não estão totalmente claros.

Mantendo o teor artístico do protesto, a música Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, foi lembrada pela maioria dos artistas presentes. A letra manda o recado: “Eu vejo o Nordeste erguendo a bandeira de ordem e progresso. A nação brasileira”. Poucos servidores se dirigiram ao teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no entanto, a participação dos músicos foi grande. Em um discurso afinado, todos rechaçaram as mudanças, receosos que o apoio financeiro à cultura nordestina - uma das marcas da Chesf - seja seriamente abalado com a transferência do poder de decisão para o Sudeste.

“Nós nos especializamos em produção artística. Deveria estar ocorrendo o contrário. A tomada de decisões ser transferida para cá”, afirmou o diretor da TV Pernambuco, Roger de Renor. “Irei brigar contra isso até o fim. Não estou falando apenas do patrocínio, mas da questão política e social. A Chesf é uma riqueza nossa”, complementou Maciel Melo.

Na entrada do teatro, os funcionários entregaram a letra de uma canção formulada para o protesto: “Tô ligado na Chesf” faz alusão à lucratividade e importância da empresa no setor elétrico e sugere “Pense aí: Dona Eletro (Eletrobras) dividida e a Chesf ficar independente”. A apoteose do evento foi a canção Apesar de Você, de Chico Buarque. “Nada a ver com o presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz”, ironizou um dos servidores. José Antônio tentou privatizar a Chesf em 2002 e agora é o operador do processo de esvaziamento.

Fonte: Jornal do Commercio

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