Quinta, 23 Janeiro 2025
BRASÍLIA – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspendeu o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A decisão foi tomada após notificação da Justiça, que deu liminar em ação movida contra a construção da usina. O leilão estava marcado para hoje, às 12h. Orçada inicialmente em R$ 19 bilhões, a obra está repleta de questionamentos ambientais e financeiros.

A suspensão foi determinada pela Justiça Federal em Altamira, também no Pará. A decisão do juiz Antonio Carlos Almeida Campelo é liminar, ou seja, emergencial, e atendeu pedido do Ministério Público Federal. Ele também mandou cancelar a licença prévia da obra. A Advocacia Geral da União (AGU) já recorreu contra a decisão. A realização do leilão dependerá da cassação da liminar a tempo.

Independentemente da guerra judicial, a Aneel reforçou a segurança de sua sede. Cem seguranças estão desde a última sexta-feira fazendo a guarda patrimonial das dependências do órgão regulador. Ambientalistas e índios devem fazer manifestações contra o projeto hoje.

Na semana passada, o mesmo juiz já havia dado uma decisão idêntica. Aquela liminar analisava questões estritamente jurídicas, e acabou cassada rapidamente em decisão do presidente do TRF, Jirair Meguerian. A de ontem é mais extensa do que a anterior, e está recheada de decisões e leis de outros países, como Estados Unidos e Austrália. Ela cita diversas supostas ilegalidades nos trâmites legais e enumera possíveis inconsistências dos estudos que levaram o Ibama a aprovar Belo Monte.

Primeiro, Campelo diz que as audiências públicas sobre o projeto foram meras encenações e que a falta de dados sobre o projeto fere o princípio jurídico da precaução. O magistrado cita um parecer do Ibama, assinado no mesmo dia em que foi dada a autorização de licença, no qual é dito que não há elementos suficientes para atestar a viabilidade ambiental do empreendimento, até que sejam equacionadas as pendências apontadas. Campelo pergunta: “Como, no mesmo dia, dois documentos são emitidos com informação totalmente contraditória em um empreendimento de grande vulto e complexidade como Belo Monte?”.

Fonte: Jornal do Commercio

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