O comércio de Ipojuca fechou as portas, no horário das 9h ao meio dia, e a Prefeitura Municipal decretou ponto facultativo, ontem, para a realização do protesto batizado de Vamos dar as mãos: Suape é nosso. Organizado por servidores ipojucanos, o movimento é uma reação à tentativa de criação do Distrito Estadual de Suape – proposto pela deputada Elina Carneiro – e à distribuição do ICMS municipal com as demais cidades do Território Estratégico de Suape, encabeçada pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes.
A concentração aconteceu no Centro de Ipojuca e os cerca de 5 mil manifestantes seguiram em caravana até a entrada do Complexo de Suape. O movimento contou com 44 ônibus, além de carros e vans e foi integrado, principalmente por alunos das escolas municipais, com a participação de 3 mil alunos. A manifestação provocou um pequeno engarrafamento, mas não chegou a comprometer a movimentação do porto. A Polícia Militar e carros da guarda municipal de Ipojuca acompanharam os manifestantes durante o trajeto, mas não houve confrontos.
Com faixas, adesivos e bandeirinhas com o hino de Ipojuca no verso, os manifestantes realizaram um abraço simbólico na entrada de Suape. Uma bandeira da cidade foi hasteada e os participantes cantaram, com empolgação, o hino municipal. As faixas traziam recados como “Suape, presente de Deus que ninguém tira”.
“A autoridade aqui é o povo de Ipojuca. É o agricultor, o servidor, o aposentado e o estudante que veio prestar sua contribuição”, disse o auditor tributário do município e organizador do movimento, Carlos Cardoso Filho, numa referência ao fato de nenhuma autoridade municipal estar presente ao ato. Principais interessados nas discussões sobre a reparticipação do ICMS do município, os gestores têm demonstrado uma posição cautelosa para falar do assunto. O auditor adianta que poderá ser organizado um novo movimento no caso de o projeto da deputada Elina Carneiro sair da Comissão de Justiça para ser votado pelo pleno da Assembleia Legislativa de Pernambuco. “Tivemos informação de que a votação está próxima e vamos organizar outro ato caso isso se confirme”, disse. Cardoso Filho destaca a inconstitucionalidade do projeto. “Fernando de Noronha pertencia ao governo federal e quando passou para a administração estadual foi transformado em distrito. Mas qual o lastro legal para criar o Distrito Estadual de Suape?”, questionou. “E o passivo social que Ipojuca enfrenta há anos, além da necessidade de investir pesadamente em infraestrutura para atender às demandas. Quem vai arcar com isso?”, completou.
Recentemente, o prefeito de Ipojuca Pedro Serafim comentou que o município estava sendo castigado pelo fato de ter dois importantes polos econômicos: o turismo e Suape.
Fonte: Jornal do Commercio