Para não deixar os brasileiros com mais sede quando a temperatura subir, a Ambev prevê a contratação de 350 novos funcionários até o final deste mês. A época representa 55% do volume total de vendas da maior cervejaria da América Latina. Entre julho e agosto, a empresa já empregou 200 pessoas para atuar nas suas 33 fábricas no País e até o final deste mês outras 150 vagas serão preenchidas. O total de contratações equivale ao contingente de profissionais de uma fábrica da Ambev. A companhia emprega atualmente 39 mil funcionários - sendo 23 mil só no Brasil.
A estação também provoca uma corrida para as praias e piscinas, ou seja, todo tipo de objeto que esteja relacionado à diversão e lazer próximo à água tem grande procura quando o clima começa a esquentar. Preparada para atender a uma demanda que costuma aumentar cerca de 60% no verão, a Metalúrgica Mor, de Santa Cruz do Sul, já contratou 653 trabalhadores. Os contratos são assinados em caráter temporário, de junho a setembro, e têm seis meses de duração, ou seja, se encerram quando a demanda começa a apresentar sinais de queda.
Segundo a supervisora de marketing da Mor, Patrícia Louise, o quadro funcional da empresa chega a dobrar na alta temporada - o número normal de funcionários é 600 -, quando as vendas de cadeiras de praia, guardas-sóis e piscinas em PVC disparam. “A temperatura afeta direto a nossa produção. As contratações são comuns nesse período e se o verão for muito bom, às vezes nem conseguimos atender a toda demanda. Quando termina a estação e as vendas diminuem, só trabalhamos a linha casa”, explica.
Um dos segmentos que mais emprega na fase de calor é o de sorvetes no Brasil, que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano no Brasil. De acordo com os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis), o período entre setembro e março é responsável pelo consumo de 70% dos mais de 950 milhões de litros produzidos anualmente pelas empresas nacionais, incluindo sorvetes, picolés e o sorvete expresso.
Números como esses justificam a massa de trabalhadores que conseguem uma vaga nas fábricas do setor nessa época. Segundo o vice-presidente da Abis, Ronaldo Brisolla, o incremento de empregados chega a ser de 60% dependendo da empresa e da região. Apesar da rápida expansão e dos investimentos feitos em treinamentos, uma onda de demissões ocorre a partir do final de março, voltando a desempregar uma média de 35% dos funcionários efetivados. “As vendas despencam em 60% e as indústrias não conseguem segurar uma folha de pagamento desse tamanho. Só ficam os melhores”, avisa.
Para Brisolla, a principal barreira para a estabilidade do segmento é a associação que é feita entre sorvete e calor pelos brasileiros. Na avaliação dele, o produto é classificado como guloseima no Brasil, enquanto é considerado alimento em outros países. Outro desafio são as diferenças climáticas entre as regiões do País. “No Sudeste, se estiver chovendo as pessoas não consomem sorvete. Contamos muito com o clima. Até a Finlândia consome mais sorvete do que o Brasil”, revela.
Fabricantes gaúchos de sobremesas geladas investem em novos sabores
Uma das maiores fabricantes de sorvetes do Rio Grande do Sul, a Trivialy Alimentos deverá aumentar o seu quadro funcional em 100 empregados devido à chegada dos meses mais quentes. As admissões, iniciadas em julho e estendidas ao longo de outubro, são destinadas à indústria, transporte e vendas. Segundo o sócio-gerente da empresa, Celeste Manoel Battisti, as primeiras contratações se explicam pela necessidade de treinamento e adaptação aos novos equipamentos importados da Itália. Outro motivo fundamental é preparar o estoque para quando a temperatura aumentar. “Fizemos investimentos novos neste ano e esperamos crescer de 20% a 30% no próximo verão”, projeta.
Na opinião dele, o mercado gaúcho é atípico em relação ao resto do País, pois praticamente para no inverno e atinge um pico no mês de dezembro. A empresa conta com 150 funcionários e duas unidades: uma fábrica em Viamão e um posto de distribuição localizado em Pelotas.
Conforme o vice-presidente da Associação Gaúcha de Gelados Comestíveis (Agagel) e diretor da Gemelli Sorvetes, Nilson Gemelli, o verão representa 60% do faturamento da empresa. Localizada no maior polo sorveteiro gaúcho, o município de Lajeado, a indústria de sundaes e afins terá mais 22 empregados nos cargos de vendedor, auxiliar de indústria, operador de máquina, motorista, mecânico e refrigerista para alcançar a meta de crescimento prevista para a temporada: 29,5%. “Lançaremos uma linha de picolés trufados e novos sabores de potes de um e dois litros, que terão incorporados à sua massa pedaços de frutas regionais”, adianta.
Na opinião de Gemelli, durante o verão as indústrias de sorvete são uma ótima alternativa para os laticínios, visto que a demanda do leite apresentado em outras formas, como bebidas lácteas, sofrem redução neste período e ocorre um aumento da demanda para esta matéria-prima na fabricação de sorvete. “Juntamente com a Emater vamos estreitar relações entre os produtores de sorvete e a agroindústria regional que produz geleias a partir de frutas típicas que estarão cada vez mais se incorporando ao sorvete gaúcho, tido como o melhor do Brasil”, garante.
Fonte: Jornal do Comércio