Sexta, 24 Janeiro 2025

A licitação da Petrobras para a construção de 28 navios-sonda (usados na perfuração de poços de petróleo) será o fiel da balança para o consórcio Galvão-Alusa bater o martelo pela instalação de um estaleiro no Complexo de Suape. Ontem à tarde, uma comitiva de executivos apresentou o projeto do empreendimento ao governador Eduardo Campos, no Palácio do Campos das Princesas. O orçamento inicial do projeto subiu de US$ 350 milhões para US$ 495 milhões, graças ao aumento de conteúdo tecnológico e a mudanças no leiaute. Confirmada a implantação, o segundo estaleiro pernambucano terá um terço do tamanho do Atlântico Sul.

A expectativa do setor é que a Petrobras lance uma primeira licitação para as unidades de perfuração na primeira semana de outubro, com uma encomenda de sete navios-sonda. “Estamos com o projeto do estaleiro pronto e com uma equipe grande desenvolvendo o projeto das embarcações para ter condição de concorrer à licitação quando a Petrobras lançar”, diz o gerente comercial da Galvão Engenharia, André Stellmann Lima.

Sem experiência na indústria naval, o consórcio se associou a parceiros de peso para enfrentar a empreitada. “Tanto a Galvão como a Alusa já trabalhava com a Petrobras e percebemos uma oportunidade nessa área. Por isso nos juntamos à coreana Sungdong, à holandesa SBM e a Komac”, frisa. Ele afirma que a composição acionária ainda não está definida, mas que a Galvão e a Alusa serão majoritárias.

O Grupo Sungdong está entre os dez maiores construtores de navios do mundo, enquanto a Komac é especialista em design e engenharia e a SBM tem expertise como projetista de embarcações. Já os majoritários no consorcio são das áreas de construção civil e energia.

O diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Alupar - braço de investimento da Alusa -, Guilherme Di Cavalcanti, diz que se vencer a licitação da Petrobras, o estaleiro começará a ser construído em Suape em maio de 2010, com previsão de iniciar a operação de construção das embarcações num prazo de um ano e meio. Já a conclusão do projeto completo do estaleiro deve acontecer num prazo de 3 a 4 anos.

Com capacidade para processar 50 mil toneladas de aço por ano, o estaleiro da Galvão-Alusa estará preparado para fabricar navios-sonda, barcos de apoio offshore e módulos para plataformas de petróleo. O interesse é participar da cobiçada operação dos campos do pré-sal. “As unidades de perfuração são complexas e têm alto valor agregado, com os preços no mercado internacional variando de US$ 700 mil a US$ 1 bilhão”, destaca Lima.

Na avaliação do governador Eduardo Campos, o segundo estaleiro reforça o projeto Suape Global, que tem como proposta desenvolver uma cadeia fornecedora de bens e serviços para as indústrias de petróleo e gás, naval e offshore. O empreendimento também vai impactar na geração de empregos, com expectativa de gerar mil postos de trabalho na construção e outros 2,5 mil a 3 mil na operação.

Lima afirma que num primeiro momento o estaleiro Galvão-Alusa não vai fazer concorrência direta ao Atlântico Sul. “Num primeiro momento estamos apostando num nicho de mercado diferente do deles, que tem foco nos grandes navios. Mas em algum momento poderá ocorrer uma disputa mais direta”, conclui o executivo.

Fonte: Jornal do Commercio

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