A Bunge encerrou suas operações no Porto do Recife. Desde o último dia 15, toda a movimentação de trigo da companhia no Estado é feita pelo Complexo de Suape, no novo moinho construído com investimento de R$ 126 milhões e que entrou em fase de testes em janeiro. Com o fim das atividades, o porto da capital perde um volume médio de 340 mil toneladas por ano e precisa buscar novas cargas para substituir a migração do produto, sobretudo num ano de crise. O trigo representa 25% da movimentação do porto, que no ano passado fechou em cerca de 2 milhões de toneladas.
O presidente do Porto do Recife, Alexandre Catão, acredita que a conclusão da dragagem (prevista para julho) deverá amenizar a perda das cargas de trigo, na medida em que poderá atrair novos clientes, com a possibilidade de receber navios de maior porte.
Operando há mais de 30 anos no Porto do Recife, a Bunge decidiu construir um novo moinho em Suape, depois da tentativa frustrada de dobrar a sua capacidade de armazenagem no Recife. A empresa chegou a arrendar por 20 anos o armazém 9 (ao lado das suas opções no berço 10), mas por determinação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não pode demolir a estrutura. A companhia também reivindicava ao porto a realização da dragagem, porque o assoreamento acabou aumentando o custo das operações. Por falta de profundidade, a Bunge era obrigada a descarregar o trigo no cais 2 e fazer o percurso de caminhão até o armazém 10.
Em 2005, o anúncio de que o então governador Jarbas Vasconcelos havia decidido encerrar as operações de cargas do porto, jogou (de uma vez por todas) água nos planos de ampliação do moinho no Recife. Com as vantagens oferecidas pelo próprio governo para a implantação de uma nova unidade em Suape, o grupo acabou investindo num moinho com capacidade para processar 850 mil toneladas de trigo por ano, figurando como o maior da América Latina.
Com vocação no comércio internacional, o Porto do Recife registrou queda de 13,61% na movimentação de cargas no acumulado de janeiro a maio, em função da crise econômica global. O volume passou de 941,9 mil para 813,7 mil toneladas com destaque para a redução nas exportações de vergalhões de aço, clínquer e granito e nas importações de fertilizante, malte/cevada e barrilha.
Fonte: Jornal do Commercio