Domingo, 26 Janeiro 2025
SÃO PAULO – A Brasil Foods S.A. (BRF), maior empresa de alimentos industrializados do País, resultante da fusão entre a Perdigão e a Sadia, teve sua criação oficialmente anunciada ontem e já tem dois grandes desafios a vencer. O primeiro refere-se à própria modelagem da operação. Pelo acordo assinado na noite de segunda-feira, será formada uma terceira companhia (a HFF Participações) para abrigar os acionistas das famílias Fontana e Furlan, detentores do controle da Sadia (cerca de 57,5% das ações ordinárias da Sadia). São mais de 50 pessoas nos dois ramos familiares. A Perdigão terá tarefa mais fácil — colher as assinaturas dos seis fundos que compõem o “acordo de votos” — que reúne seus maiores acionistas. O prazo para obter essas assinaturas é de 15 dias, caso contrário o negócio não se confirma.

“Nós não esperamos surpresas porque ambos os grupos acompanharam as negociações. Mas a única coisa que não tem surpresa é a morte”, disse Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia quando questionado sobre essa questão, ontem durante a apresentação da BRF. Furlan será copresidente do Conselho de Administração da BRF, juntamente com Nildemar Secches, que comandava o Conselho da Perdigão. Ambos têm um mandato de dois anos no cargo.

Durante a apresentação, Secches presenteou Furlan com uma camisa do Corinthians, seu time do coração e que é patrocinado pela Batavo, marca da Perdigão. Só que em vez de Batavo, a camisa estampava a logomarca da BRF. “Vamos disputar o campeonato mundial. Vamos para as cabeças’, disse Furlan. A assessoria do Corinthians, no entanto, informou que não há previsão para a utilização da sigla BRF nos uniformes do time.

Furlan e Secches também correm contra o relógio para elaborar, até 2 de junho, a documentação para uma nova emissão de ações, no valor de R$ 4 bilhões. A expectativa é que a oferta seja feita até o final de julho. Os recursos serão usados para liquidar as dívidas de curto prazo da nova empresa (uma herança da Sadia). O endividamento líquido total da Brasil Foods é de R$ 10,4 bilhões, dos quais R$ 4,2 bilhões têm de ser quitados até o final de março de 2010.

A operação não está condicionada à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), garantiram os executivos. Contudo, o BNDES confirmou que injetará recursos para financiar a criação da Brasil Foods. O presidente da instituição, Luciano Coutinho, afirmou que participará do processo, “mesmo que nossa participação venha a ser mínima.”

Do capital total da Brasil Foods, os antigos controladores da Perdigão ficaram com 68% de participação, ou o equivalente a R$ 6,8 bilhões do valor de mercado estimado para a companhia (de R$ 10 bilhões). Os acionistas da Sadia ficarão com 32%. Considerando os dados de 2008, a BRF nasce como a quinta maior exportara brasileira, atrás apenas de Bunge, Embraer, Vale e Petrobras. Seu faturamento líquido é de R$ 25 bilhões.

Apesar de terem fábricas e centros de distribuição localizados relativamente próximos uns dos outros, os executivos descartaram demissões nesse primeiro momento. Hoje, Sadia e Perdigão empregam cerca de 120 mil pessoas. “Não há nenhuma previsão de demissões, as empresas andarão em paralelo. Continuaremos sendo um dos três maiores empregadores brasileiros”, disse Furlan.

Fonte: Jornal do Commercio

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