“Nós não esperamos surpresas porque ambos os grupos acompanharam as negociações. Mas a única coisa que não tem surpresa é a morte”, disse Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia quando questionado sobre essa questão, ontem durante a apresentação da BRF. Furlan será copresidente do Conselho de Administração da BRF, juntamente com Nildemar Secches, que comandava o Conselho da Perdigão. Ambos têm um mandato de dois anos no cargo.
Durante a apresentação, Secches presenteou Furlan com uma camisa do Corinthians, seu time do coração e que é patrocinado pela Batavo, marca da Perdigão. Só que em vez de Batavo, a camisa estampava a logomarca da BRF. “Vamos disputar o campeonato mundial. Vamos para as cabeças’, disse Furlan. A assessoria do Corinthians, no entanto, informou que não há previsão para a utilização da sigla BRF nos uniformes do time.
Furlan e Secches também correm contra o relógio para elaborar, até 2 de junho, a documentação para uma nova emissão de ações, no valor de R$ 4 bilhões. A expectativa é que a oferta seja feita até o final de julho. Os recursos serão usados para liquidar as dívidas de curto prazo da nova empresa (uma herança da Sadia). O endividamento líquido total da Brasil Foods é de R$ 10,4 bilhões, dos quais R$ 4,2 bilhões têm de ser quitados até o final de março de 2010.
A operação não está condicionada à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), garantiram os executivos. Contudo, o BNDES confirmou que injetará recursos para financiar a criação da Brasil Foods. O presidente da instituição, Luciano Coutinho, afirmou que participará do processo, “mesmo que nossa participação venha a ser mínima.”
Do capital total da Brasil Foods, os antigos controladores da Perdigão ficaram com 68% de participação, ou o equivalente a R$ 6,8 bilhões do valor de mercado estimado para a companhia (de R$ 10 bilhões). Os acionistas da Sadia ficarão com 32%. Considerando os dados de 2008, a BRF nasce como a quinta maior exportara brasileira, atrás apenas de Bunge, Embraer, Vale e Petrobras. Seu faturamento líquido é de R$ 25 bilhões.
Apesar de terem fábricas e centros de distribuição localizados relativamente próximos uns dos outros, os executivos descartaram demissões nesse primeiro momento. Hoje, Sadia e Perdigão empregam cerca de 120 mil pessoas. “Não há nenhuma previsão de demissões, as empresas andarão em paralelo. Continuaremos sendo um dos três maiores empregadores brasileiros”, disse Furlan.
Fonte: Jornal do Commercio