Nesta seção, são publicadas as dúvidas dos usuários do site respondidas pela equipe PortoGente. Dessa forma, um maior contingente de leitores pode desfrutar das respostas e se inteirar nas principais questões envolvendo o meio portuário. Caso tenha alguma duvida a ser sanada, envie a questão para [email protected].
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O aumento da utilização de contêineres afeta a diminuição no quadro de trabalhadores portuários?
César Pereira Gomes
Praia Grande/SP
Resposta: Todos os países do primeiro mundo procuraram se adaptar à intensificação da utilização do contêiner, Mais carga no contêiner pode significar que menos trabalhadores portuários serão precisos para movimentá-lo. No entanto, se há esta perda de espaço, são imprescindíveis os operadores de portêiner, de empilhadeira, de transtêiner, os conferentes, os trabalhores de bloco e de capatazia, o estufador, o entregador, o embalador, fiscais... Enfim, se o Brasil não adequar-se à movimentação de contêineres, muita mercadoria deixará de ser comprada e vendida por aqui. O que ocorre é que temos muitos TPA’’s para pouco trabalho braçal e se o trabalho fosse manual, o navio pagaria multa por atraso na entrega da carga. Devemos olhar atentamente para a realidade da economia mundial e buscarmos soluções. Em 1979, visitando a estiva de Nova Iorque, nos Estados Unidos, o quadro associativo da categoria já estava diminuindo. O nosso quadro ainda é o mesmo, longe da realidade.
Luiz Tatá Camino
orientador da Escola Virtual de Porto
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Estou fazendo o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre agenciamento de carga no modal maritimo, mas estou com dificuldade de achar informações sobre o assunto. Gostaria de saber a história do agenciamento, como e quando surgiu... Gostaria de saber se vocês têm algum material para me fornecer.
Juliana
São Paulo/SP
Resposta: O agenciamento marítimo é uma atividade bastante antiga, embora bem pouco documentada. Essencialmente, até certo volume de operações, um armador de navios conseguia manter presenças nos portos de origem e destino das embarcações. Muitas vezes, ele mesmo viajava na embarcação, e fazia os contatos necessários no embarque e na descarga. E falo de algo ocorrido séculos atrás, antes mesmo das grandes circunavegações, provavelmente ainda com os fenícios e outros povos dedicados ao comércio marítimo na Antiguidade.
Logico que, com o crescimento das atividades, o armador começou a ter de nomear representantes nos portos e em outras cidades principais, para fazer a comercialização dos produtos, angariar cargas, contratar tripulantes, pagar tributos, enfim agir como se o próprio dono da empresa estivesse no local.
Esses representantes, os agentes marítimos, foram aumentando e se especializando. Assim, temos o agente portuário (que recebe o navio no porto, trata da documentação, paga as taxas de atracação, acompanha os tripulantes a hospitais e outros locais, ou os recambia de volta à cidade de origem, resolvendo outros problemas do gênero); o agente comercial (que pode estar sediado longe do porto, pois sua função é atrair cargas para os navios do armador, negociando contratos comerciais de transporte); o agente geral (responsável por todos os agentes locais num país ou região) etc.
Como existem custos fixos, tenha ou não o armador um navio no porto, uma forma de reduzi-los foi fazendo a distribuição por vários armadores. Então, enquanto armadores maiores poderiam optar por um agente exclusivo, em outros casos os agentes marítimos se tornaram independentes, representando em suas funções diversos armadores, normalmente de rotas marítimas diferentes (para não haver conflito de representação).
Modernamente, os agentes incorporaram outras atividades de apoio, como a armazenagem, a operação portuária, o despacho aduaneiro, o transporte multimodal, logística etc., tornando-se operadores de transporte multimodal, grandes organizações em que o agenciamento é apenas uma das atividades exercidas. Em certas situações, os agentes também se tornam armadores, com
navios próprios ou na qualidade de NVOCC (non-vessel operator common carrier), em que operam navios alugados de armadores, para transportes mais específicos (um carregamento de veículos com destino a determinado porto, por exemplo).
Desconheço a existência de estudos mais abrangentes sobre essa história, pelo menos em português a navegação marítima só está registrada de forma pontual histórias de empresas, não da atividade como um todo e sua história). Creio ter apresentado acima um resumo bem sintetizado dessa atividade e suas mudanças, que pode servir de ponto de partida para suas pesquisas.
Carlos Pimentel Mendes
colunista e jornalista especializado
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Eu gostaria de saber se existe algum lugar, como museu ou sindicato, que tenha guardada a relação dos estivadores que trabalharam no Porto de Santos entre 1880 e 1900. Parabéns pelo site! Achei bem interessante!
Débora Fernandes
Ponta Grossa/PR
Com certeza, antes de 1892 não há registro, pois é de 2 de fevereiro desse ano que data o início do porto organizado de Santos. Mesmo depois dessa data, até o início do século XX, boa parte da movimentação de cargas no porto era feita em trapiches particulares rudimentares, sem qualquer controle.
A Companhia Docas de Santos (CDS), substituída há 30 anos pela Codesp, poderia ter no máximo o registro de seus próprios empregados regulares, não fazendo igualmente o controle dos trabalhadores avulsos da estiva. Lógico que alguns dos empregados regulares da CDS poderiam fazer "bicos" trabalhando na estiva fora do seu expediente, mas não haveria na empresa registros regulares sobre isso.
A Polícia Marítima, que fazia alguns controles, como o de tripulantes dos navios escalados em Santos, dos passageiros e imigrantes, teve seus arquivos até 1939 levados para o Memorial do Imigrante, na capital paulista. Se existe alguma esperança de
encontrar informação, seria aí.
O próprio nome "estivador" é mais recente, o mais provável é que encontre referências a marítimos, além de fiéis de armazém etc.
Veja a lista dos profissionais santistas em 1855 no Almanak Laenmert.
Quando se começou a regulamentar a atividade no porto e se formaram os sindicatos, após a Primeira Guerra Mundial, um deles foi o dos Estivadores, criado em 1930 e existente até hoje. Pode ser que ele tenha alguns raros registros relativos a antigos estivadores associados, mas que ainda assim serão bem incompletos e só a partir de sua fundação, pois quem queria trabalhar tinha apenas de se apresentar nas "paredes" de escalação e se candidatar ao trabalho, por algumas horas, podendo nem voltar mais (pela tradição, o pagamento é feito
logo após cada turno de trabalho). Não havia requisitos de especialização, nem qualquer vínculo empregatício, daí a dificuldade em controlar dados sobre as pessoas que atuavam na estiva.
Alberto Martins, em sua obra "Cais de Santos" conta como era o trabalho no porto, nos anos 30: o sujeito precisava de dinheiro, ia até o navio, falava com o responsável pelo terno de trabalho e começava a carregar os sacos de café, não precisando nem portar qualquer documento de identificação.
Para completar a confusão, entre os trabalhadores avulsos existem inúmeras divisões, como os arrumadores, vigias, guindasteiros, conferentes de carga e descarga e muitos outros, não havendo impedimento a que uma mesma pessoa atue em diferentes áreas, conforme a oferta de trabalho. Além disso, mesmo após a regulamentação da atividade, estivadores sindicalizados, portadores da chamada "carteira preta" e com prioridade na escolha do trabalho, poderiam ceder sua carteira de estivador a um conhecido, para que trabalhasse no seu lugar, mediante compensação financeira pelo "favor".
Carlos Pimentel Mendes
colunista e jornalista especializado
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O que significa bacia de evolução (ou elevação)? Vocês podem indicar-me um livro sobre o funcionamento dos portos, incluindo a questão do licenciamento ambiental? Onde posso encontrar material sobre os portos?
Andréa
Fortaleza/CE
Bacia de elevação talvez seja aplicada em outra situação, desconheço. Curioso, pesquisei no Google, descobri que essa pode ter sido uma "contribuição" da Antaq à desinformação brasileira. Coloque entre aspas "bacia de elevação" na caixa de pesquisas do Google e verá como primeira opção uma apostila da Antaq e em seguida um comentário neste link sobre o erro da
Antaq, rapidamente espalhado por tudo quanto é apostila para concursos.
A produção técnica nacional na área de portos é escassa. Muito menos para leigos, passo-a-passo, pois os poucos livros que tenho visto são bem técnicos e específicos, de jurisprudência marítima ou técnicas de engenharia aplicadas à construção de portos ou então tipo passeio de turista, com muitas fotos. Lembro de um que foi lançado em Maceió, sobre portos do Brasil. E lembro dos dicionários de termos portuários lançados na Bahia.
O problema é antigo, tanto que em 1981, quando estava fazendo o caderno Marinha Mercante no Estadão, uma de minhas preocupações era criar textos que pudessem desmistificar um pouco esse mundo complexo e hermético, que funcionassem como guias em escolas de comércio exterior.
Talvez o melhor conselho à leitora seja que continue se informando pela Internet, especialmente em PortoGente, onde há uma comunidade que pode ajudá-la a tirar dúvidas, além dos cursos especiais promovidos pelo site no endereço https://portogente.com.br.
Carlos Pimentel Mendes
colunista e jornalista especializado
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Acessei pela primeira vez esse site e achei bem interessante. Gostaria de ver um setor de vagas onde fosse possível colocar até o currículo. Desde já, obrigado pela atenção.
Daniela Arrais
Guarujá/SP
Resposta: Prezada Daniela, temos um espaço, no site PortoGente, destinado à inserção de vagas de trabalho e de currículos de profissionais do setor. Acesse www.portogente.com.br/curriculos.php para visualizar a página.
Bruno Merlin
jornalista
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Olá. É a primeira vez que acesso o site PortoGente e gostei do suporte de informações sobre os portos que oferecem na homepage. Gostaria de uma informação para adiantar alguns estudos. Pergunto: quais são os tipos de contrato de prestação de serviço de transporte de carga?
Paulo de Oliveira
Porto Velho/RO
Resposta: Uma melhor resposta para a sua pergunta seria dada por um advogado. No entanto, provocados pela sua questão, procuramos na busca do Google com a chave [transporte cargas contratos] e encontrei, entre outros os links a seguir:
* Modelo de contrato de prestação de serviço e
* Biblioteca Sebrae
Existem contratos também para transporte aéreo e outros, tanto para subcontratação como para autônomos. Mas a pesquisa do Google dá várias opções. Você pode ver pela ordem de relevância para encontrar mais precisamente o
que deseja.
Carlos Pimentel Mendes
Colunista e jornalista especializado
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Trabalho em embarcação no Porto de Barra do Riacho, no norte do Espírito Santo, e necessito saber qual profundidade mínima posso ter em um berço na faixa do cais acostável para ter uma boa performance de manobra, tanto para atracar como para desatracar. Me refiro à lâmina d’’água mínima abaixo da quilha, que não comprometa a ação do leme durante estas manobras. A referência é para uma embarcação de 100 metros de deadweight.
Comte. Rivadavia Carlos de Araujo Junior
Curitiba/PR
Resposta: Geralmente, a questão não é assim tão água/terra. Uma certa camada intermediária de lama é aceitável, com baixa densidade, de forma a não travar a hélice ou o leme. Lembro que os práticos em Santos chegam a "fazer a cama", manobra que consiste em avançar e retroceder lentamente com o navio, de forma a que o casco acabe escavando o leito lamacento do canal de navegação. Não é recomendável, mas em certos casos a necessidade obriga.
Então, como sugestões, indico que resposta mais efetiva pode ser buscada junto às cooperativas de práticos, ao Centro de Capitães da Marinha Mercante (Rio de Janeiro), à Diretoria de Portos e Costas (DPC) do Ministério da Marinha no Rio de Janeiro e nas unidades do Ensino Profissional Marítimo (EPM), também da Marinha. Até as próprias capitanias dos portos podem dar informações a respeito, já que elas terão de fiscalizar e até punir manobras inadequadas.
Carlos Pimentel Mendes
Colunista e jornalista especializado
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Estudo Logística na Universidade de Mogi das Cruzes e durante uma aula no qual o tema era embalagem e etiquetagem houve muita polêmica no debate. Então, eu gostaria de uma definição do que seria embalagem e etiquetagem.
Thiago Guiotti
Suzano/SP
Resposta: Caro Thiago, embalagem é o recipiente destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio das mercadorias. Acesse ao verbete "Embalagem" da PortoPedia, nossa encilopédia portuária, para encontrar a definição completa e diversos links para consulta sobre o tema.
Bruno Merlin
jornalista
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Gostaria de saber, quais os cursos que estão em alta. Moro em Rio Grande e estou querendo entrar para o mercado de trabalho portuário.
Kelly Roberta
Rio Grande/RS
Resposta: Hoje, as demandas nos portos dependem de suas localizações e do perfil da movimentação de cargas no local. Mas, em geral, podemos apontar duas grandes demandas: vistoria de contêineres e automação das operações.
A Escola Virtual de Porto (EVP) do PortoGente oferece, gratuitamente, cursos do ramo. Você deve acessar a página constantemente para verificar a agenda. No momento, estamos com a segunda turma do curso de Automação Portuária em andamento. Caso você tenha interesse, novas turmas desse curso serão abertas em breve, assim como outros temas serão colocados em pauta em nossa EVP.
Para obter mais informações e se inscrever em nossos cursos, o e-mail é [email protected].
Bruno Merlin
jornalista
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