Além da fábrica Arumã, montada no município de Estância pelo grupo Crown Cork para produzir corpos de latas de alumínio, outras 15 indústrias encontram-se em fase de implantação no território sergipano. O trabalho de atração de investimentos industriais desenvolvido pelo Governo do Estado também contabiliza três plantas em processo de ampliação e 42 novos empreendimentos com projeto aprovado que aguardam apenas o início das obras de instalação. Ao todo, as 61 unidades vão gerar ao menos 3.328 novos postos de trabalho em Sergipe já a partir deste ano.
Mais 25 projetos, que poderão acrescer 1.143 vagas inéditas no mercado de trabalho, estão sendo analisados pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI). Fato concreto é a instalação de 24 empreendimentos em Sergipe desde o início da atual gestão estadual. Todos receberam os incentivos do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) e criaram 3.347 empregos diretos na capital e nos municípios do interior. Isso significa que, até o final de 2010, existe a possibilidade de serem contratadas formalmente cerca de oito mil pessoas somente nas novas indústrias que chegarão ao estado em quatro anos, uma média de dois mil empregos no setor industrial a cada ano de administração.
“Quando se trata de ajudar a viabilizar a implantação de novas indústrias em Sergipe, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia [Sedetec] não mede esforços e se mobiliza para promover os meios de modo a facilitar e desburocratizar os encaminhamentos. Além dos apoios previstos no PSDI, a própria credibilidade do governador Marcelo Déda, conhecida nacionalmente, faz com que seu Governo seja visto como sério e correto, em que todo o processo de negociação de incentivos se dá com total lisura e transparência”, afirma o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Jorge Santana.
PSDI
O trabalho de captação de investimentos realizado pelo Governo tem como ferramenta principal a demonstração comparada das vantagens de se investir em Sergipe em relação a outros estados brasileiros, principalmente os da região Nordeste. “Cada Estado tem sua política de atração de indústrias, mas a nossa é uma das mais atraentes. Além do apoio fiscal, locacional e de infraestrutura, também dispomos de vantagens como a localização geográfica de Sergipe, a bem-divulgada qualidade de vida da capital, Aracaju, e a capacitação técnica da mão de obra do sergipano, elogiada por toda a área empresarial”, diz João Lima, diretor de Industrialização da Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe (Codise).
Coordenado pela Codise, o PSDI visa incentivar e estimular o desenvolvimento socioeconômico estadual mediante a concessão de apoio aos investimentos, em parceria com prefeituras municipais. A própria Companhia pode ceder ou vender terrenos próprios e galpões industriais, como também fazer a permuta dos armazéns a preços subsidiados. As áreas são bem localizadas, principalmente nos distritos industriais espalhados pelo estado, e já contam com toda a infraestrutura necessária para a operacionalização de uma indústria. Outro fator é o incentivo fiscal, em que o empreendimento pode ter descontos de 92% ou até de 93,8% no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“Todo o corpo executivo da Sedetec e da Codise está envolvido nessa política desenvolvimentista do Governo, participando de feiras e congressos para garimpar indústrias e apresentar as potencialidades de Sergipe aos empresários. Logicamente que o nosso estado não ficou de fora dessa anormalidade que está acontecendo no mundo, mas até agora não registramos um só empreendimento que tenha sido cancelado ou desviado para outro local”, garante João Lima, referindo-se à crise econômica e financeira internacional.
Empreendedorismo
As 16 novas unidades industriais em fase de implantação em Sergipe têm perfis bastante distintos. A Igarassu Empreendimento e Investimentos, por exemplo, está investindo R$ 50,23 milhões para construir um laticínio em Ribeirópolis que vai gerar 134 novos empregos. Por outro lado, a Diana Confecções aplica R$ 405 mil em Neópolis, onde está instalando uma empresa de artefatos têxteis que vai empregar diretamente 30 pessoas. Além da variação do porte, muda também o segmento de atuação: têm desde fábrica de brinquedos até produtora de adubos.
Apenas a fábrica da Crown em Estância não foi anunciada pelo governador em dezembro de 2008. Todas as outras em processo de instalação estavam naquela lista, que significou, mais uma vez, a materialização de uma das principais diretrizes adotadas pelo Governo de Sergipe: a inclusão pela renda, contida no planejamento estratégico da gestão e que tem como uma de suas frentes centrais a parceria com a iniciativa privada para a geração de empregos.
Um dos parceiros que o Estado conseguiu para cumprir essa meta foi o empresário Sérgio Amorim, sócio-presidente da Pré-Moldados J&A. O empreendimento, cuja atividade é produzir artefatos de cimento, já está funcionando no distrito industrial de Nossa Senhora do Socorro, num terreno adquirido com desconto junto à Codise. Outro incentivo dado pelo Governo do Estado é no pagamento do ICMS. “O pessoal da Codise é muito bom. Eles nos apresentaram a proposta e nós topamos. Para quem quer trabalhar, o incentivo do Governo realmente ajuda”, conta Amorim.
O investimento inicial na J&A será de R$ 3.026.000,00, mas a previsão dos empresários é aplicar no mínimo mais R$ 2 milhões até 2010. Atualmente a empresa está empregando 60 funcionários com carteira assinada e daqui para outubro deste ano outros 25 serão contratados. “Nosso ritmo de produção diminui no inverno e também ainda vamos instalar os galpões e mais da metade do maquinário, que ainda não chegou”, justifica Sérgio Amorim, ao informar que os maiores clientes da empresa estão em Aracaju e no estado da Bahia.
Simone Evita, de 23 anos, encontrou trabalho na Pré-Moldados J&A depois de passar dois meses desempregada. Agora ela vai para todos os lados da fábrica com seu caderninho amarelo nas mãos, pois é a secretária da empresa. Com o emprego garantido, Simone pensa em fazer uma pós-graduação em Recursos Humanos, área em que já possui nível superior e cursos profissionalizantes. “Antes eu estava trabalhando em Aracaju e demorava 3 horas por dia apenas para ir ao trabalho e voltar para casa. Vou usar esse tempo para estudar”, adianta.
Já o servente José dos Santos Filho, de 28 anos, não parou de trabalhar quando foi demitido do último emprego. Durante dois meses, foi vendedor ambulante nas ruas de Socorro e Aracaju para sustentar a esposa e o filho. “Foi por causa do trabalho do Governo que apareceu esse negócio aqui em Socorro, que está dando oportunidade para muitas pessoas como eu”, diz José, que desempenha suas funções na produção de manilhas, tubulações para redes de esgoto.
A situação também estava ruim para Márcio de Jesus Conceição, de 25 anos, que faz massa de cimento na betoneira. Ele perdeu o emprego quando a sua esposa estava grávida de sete meses. “Só Deus sabe da situação que passei. Fiquei fazendo ‘bico’ numa empresa de calçamento nesse tempo, mas agora eu tenho carteira assinada. Não deixei minha família passar necessidade, mas o benefício é outro quando você tem um emprego ‘certinho’”, conta o pai de um menino de apenas um mês de vida.
Expansão
Na listagem dos empreendimentos em fase de ampliação, o que está fazendo o maior investimento é a indústria Metalplástico. A empresa vai empregar mais 200 pessoas quando a expansão estiver concluída, num processo que consumirá R$ 5,5 milhões. Também localizada no município de Simão Dias, distante 100 quilômetros da capital, a fábrica de calçados femininos Dakota vai injetar R$ 4 milhões e contratará 600 funcionários.
Em Aracaju, quem vai ampliar os negócios é a indústria de produtos químicos Oriental. O galpão da empresa, localizado no bairro Santo Antônio, tornou-se pequeno para atender o crescimento dos negócios. A partir do contato com a Codise, a Oriental fechou uma parceria com o Governo para adquirir com 50% de desconto um terreno de 19 mil m² no bairro Santa Maria, onde será construída a nova sede. Assim que a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) aprovar o licenciamento, as obras serão iniciadas.
Apesar de o novo armazém ainda nem ter saído do papel, a Oriental já começou as contratações e adquiriu maquinário. Na ampliação, será aplicado R$ 1 milhão e a empresa irá dobrar o número de funcionários, admitindo mais 70 pessoas. “A ampliação da indústria é uma tendência natural. Se você não expande, fica ultrapassado. Nós já temos estrutura de vendas e de logística prontas, e o que temos a fazer é agregar novos produtos à marca para consolidar a posição no mercado”, afirma Oscar Costa Leite, um dos quatro sócios da indústria.
A Oriental existe há nove anos e sempre contou com a renúncia fiscal prevista no PSDI, o que possibilitou o crescimento da linha de produção e da participação da empresa no mercado de produtos químicos. A indústria tem aproximadamente 18 produtos, como sabões, detergentes e desinfetantes, e faz a fabricação própria de 60 fragrâncias. “Nós também crescemos muito por conta dos programas de distribuição de renda do Governo Federal. Hoje em dia os mercados não se concentram apenas nas capitais. Nós temos acompanhado esse fortalecimento do consumo nas cidades do interior com novos produtos e procurando novos lugares para escoar nosso volume de produção”, completa Oscar Leite, ao informar que os maiores mercados da Oriental são em Sergipe, Bahia, Alagoas e Pernambuco.
Desde que foi anunciada a ampliação, no final do ano passado, a Oriental já contratou cerca de 15 novos funcionários. Em cada lugar do atual galpão, que tem 2,8 mil m², é possível encontrar o pessoal trabalhando nas diversas linhas de produção. “Não contratamos mais porque já não temos espaço. Só o galpão do bairro Santa Maria terá 6 mil m², e também vou construir refeitório, banheiros e salas administrativas. Essa diretoria da Codise é muito boa na área de incentivo à indústria. O pessoal se esforça e atende muito bem o empresário”, pontua o sócio da empresa.
De acordo com Oscar Leite, a empresa prioriza a contratação de homens jovens em busca do primeiro emprego, enquanto que as mulheres mais velhas, casadas e com filhos têm preferência. É o caso de Sidina dos Santos, de 31 anos, casada e mãe de uma menina. Este é o primeiro emprego dela no setor industrial e há três Sidina é responsável pelo envasamento dos desinfetantes. “Os benefícios me atraíram. Aqui minha carteira é assinada e o trabalho é bem melhor do que antes”, diz a funcionária, que antes trabalhava num restaurante até ser indicada pela cunhada para o emprego na Oriental, onde foi contratada imediatamente.
Outro funcionário que se encaixou no perfil procurado pela empresa foi Franklin David dos Santos, de 21 anos. Embora não seja o seu primeiro emprego com carteira assinada, ele vê um futuro muito melhor trabalhando na indústria do que fazendo a entrega de botijões de água mineral e gás de cozinha. “Meu tio conhecia o pessoal que trabalhava aqui, daí eu falei com o dono e consegui o emprego. Estou adquirindo experiência e, com certeza, as perspectivas de vida são melhores aqui”, destaca o jovem Franklin, que trabalha na máquina rotuladora.
Fonte: Agência Sergipe de Notícias