Segunda, 23 Junho 2025

A busca por novos mercados deve alavancar as exportações de vinhos e espumantes em 2009. A Europa e a Ásia são as próximas apostas dos produtores brasileiros, que iniciam um processo de consolidação de mercados exóticos, como China, Cingapura e, posteriormente, Índia. A expectativa do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) é de que o setor apresente um crescimento de 30% neste ano, tanto em volume de litros comercializados como em valores econômicos. No ano passado, as exportações chegaram a US$ 4,7 milhões, valor 99,4% superior às vendas de 2007. A meta para 2009 é chegar a US$ 6 milhões.

Para alcançar este objetivo, o Ibravin planeja infiltrar-se em novos mercados importadores, especialmente o asiático. "É um mercado que dá resultados muito rápidos em questões de vendas. Queremos atingir a Ásia como um todo, vendendo para China, Coreia e outros", afirma a gerente de exportações do Ibravin, Andreia Gentilini Milan.

Cingapura também entra na lista das próximas investidas dos brasileiros neste ano, através de campanhas e ações publicitárias que devem ser iniciadas brevemente. Em setembro, jornalistas das principais regiões prospectadas devem ser convidados para conhecer a safra brasileira, a fim de promover o País como mercado exportador de vinho e derivados.

A Rússia é outra aposta dos produtores para os próximos anos, principalmente por ser um grande mercado. "É muito interessante, mas tem suas peculiaridades e, por isso, devemos ir com um pouco mais de cautela", declara Andreia. De acordo com ela, dados mostram que o país está crescendo muito como consumidor de vinho e derivados. "Nossa preocupação é o nosso posicionamento. Temos que estudar muito bem o mercado russo", pondera.

Aproveitando-se deste potencial consumidor, a vinícola Garibaldi embarcou nesta quarta-feira o primeiro lote de um total de 480 mil litros de vinho a granel para a Rússia. Conforme o presidente da vinícola, Oscar Ló, as negociações, fechadas ainda no ano passado, tiveram auxílio de subsídio da Conab, pois o valor do vinho negociado não é competitivo. "Com o preço que o mercado internacional nos paga, não temos condições de exportar a granel, apenas com auxílio do governo", afirma. Para ele, este é apenas o primeiro passo na consolidação das exportações. "No primeiro momento o subsídio é uma forma de fortalecer o mercado, fazendo com que aos poucos o preço do vinho se eleve", ressalta.

Outra aposta em terras asiáticas é a Índia, que também vem crescendo seu consumo de vinhos e derivados. "Se fala muito em Índia, pois é um mercado emergente que hoje apresenta muitas feiras do setor", conta Andreia. A expectativa é de no ano que vem já sejam feitas as primeiras ações publicitárias no país. Os principais importadores de vinho brasileiro atualmente são Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e República Checa. Para estes mercados, devem ser intensificadas as campanhas ainda neste ano, com o objetivo de qualificar o produto brasileiro. Os Estados Unidos serão o principal alvo de exportação, onde deverão ser realizadas ações específicas, a fim de solidificar os negócios neste setor.

Algumas novas relações comerciais já devem surgir nesta sexta-feira, quando se inicia a rodada de negócios da Fenavinho Brasil 2009, em Bento Gonçalves. No primeiro dia de negociações, 29 compradores nacionais deverão conhecer as cerca de 80 vinícolas que participam do Projeto Comprador.

Governo prepara plano estratégico para 15 anos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ter em mãos até o fim do governo, em dezembro de 2010, um plano estratégico para o setor do agronegócio. O projeto, que abrangerá o período dos próximos 15 anos, deverá apontar quais devem ser as diretrizes de atuação do governo para impulsionar o setor, conciliando questões ambientais e sociais, atualmente fatores de tensão permanente. Para coordenar o trabalho foi convidado o pesquisador da Embrapa Soja Décio Luiz Gazzoni. Ele assumirá na segunda-feira, em Brasília, a função de gerente do projeto a ser desenvolvido no âmbito da Subsecretaria de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Gazzoni atribui ao ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, atual presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), papel importante na decisão de realizar o estudo. "É a pessoa mais bem preparada do mundo para entender a lógica do agronegócio brasileiro. Foi ministro no primeiro mandato do presidente Lula, que entendeu a importância do setor, sobretudo a questão da agroenergia, e levou a demanda ao ministro Mangabeira Unger."

O pesquisador diz que o grande desafio do Brasil é expandir a atividade agropecuária sem que as novas fronteiras agrícolas avancem sobre a Amazônia e o Pantanal, focando no aumento da produtividade. A criação de empregos, sem prejuízo da qualidade de vida do trabalhador do campo, a defesa agropecuária, a logística e infraestrutura também serão pontos importantes no trabalho. "É um projeto amplo, mas teremos de apontar algumas prioridades a serem avaliadas pelo presidente", antecipa o pesquisador. Na avaliação de Gazzoni, há muitas oportunidades a serem exploradas pelo agronegócio no médio prazo, e para isso o País precisa antecipar demandas, conhecer as legislações dos países potenciais compradores dos produtos brasileiros, consolidar uma boa imagem como exportador. Vê, portanto, na criação dos adidos agrícolas um importante passo nesse rumo.

A questão da bioenergia é outro ponto a ser abordado, considerando o esperado aumento da demanda por combustíveis renováveis no mundo. Mas enquanto o mercado internacional se ajusta a esse novo cenário, aponta o mercado interno como o principal foco do Brasil neste momento. "As vendas de etanol já superam as de gasolina, mas, em dez anos, podemos crescer muito mais nesse setor. E ainda há o que ocupar no diesel", destaca. Segundo ele, a previsão é que em 2009 o consumo de diesel será de 46 bilhões a 50 bilhões de litros, sendo que 3% desse volume terá a mistura do biodiesel. Em 15 anos a projeção é de que essa mistura cresça de 2% a 3% ao ano. "Podemos continuar enfrentando a limitação desse avanço, mas precisamos considerar que esse espaço pode ser capturado pelo etanol", diz Gazzoni.

Fonte: Jornal do Comércio

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