Terça, 24 Junho 2025

Apesar das ameaças da crise econômica mundial, 2008 terminou com um saldo positivo para a construção civil no Rio Grande do Norte. Mas quando se fala em mão-de-obra, a situação entra no famoso “nem 8 nem 80” na comparação com anos anteriores. Se por um lado, as admissões de trabalhadores aumentaram de 2000 a 2008, os  desligamentos também cresceram quase  na mesma proporção. E, influenciado ou não pelo cenário da economia global, o saldo de empregados (diferença entre contratações e demissões) não conseguiu superar os melhores resultados do período.

De acordo como os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de janeiro a novembro foram abertas 30.118 vagas para o emprego na construção no RN. Por outro lado, foram fechados outros 25.443 postos de trabalho. O saldo do período foi positivo.

Mas se esse não é o pior segundo semestre dos últimos nove anos (de 2001 a 2003 o saldo foi negativo), também não pode se configurar como o melhor de todos. Na verdade, o ano de 2008 representa uma recuperação na comparação com 2007 (quando o saldo caiu de 1.697 empregos para 294). Porém, representa apenas 46% do melhor resultado do período (veja gráfico).

Um dado que chama atenção é o número de demissões sem justa  causa no estado registradas pelo Caged. No ano passado, 17.733 desligamentos da construção civil ocorreram sem justificativa, número que representa 69,6% das vagas fechadas até novembro. O número contrasta com a pequena quantidade de trabalhadores dispensados por justa causa: 51.

O Sindicato dos Trabalhadores da  Construção Civil registrou as demissões em 2008. De acordo com o presidente do sindicato, Francisco de Assis Pacheco Torres, o pico de desligamentos ocorreu no período que compreende o final de setembro até o início de novembro. “Agora as demissões pararam e a situação aliviou”. Pacheco declara que as alegações para dispensas eram diversas . “Uns alegaram problemas com a crise; outras deram férias coletivas no final de ano”.  Porém, Torres estima que a quantidade de demissões ficou de 20% a 25% acima do que ocorre normalmente nesse período.

Entre as 20 ocupações que mais desligaram de janeiro a novembro do ano passado, o servente de obras está em primeiro no ranking montado pelo Caged. Mesmo assim, o saldo foi positivo com 3.289 contratos sobre as demissões. A função de pedreiro ficou em quarto lugar na classificação com 5.646 vagas fechadas.

Construtoras dizem que movimento é sazonal

Para os representantes de construtoras que atuam na capital e outras cidades do estado, o movimento de aumento das demissões no final do ano é comum. Segundo eles, esta é uma situação sazonal e não tem influência direta da crise econômica. O oscilação nas vagas deve ser normalizada ainda este mês quando as construtoras começam a retomar suas obras.

Com cerca de 700 funcionários no canteiro de obras, a diretora geral da Delphi Engenharia, Cíntya Delfino Patrício, atribui o aumento nas demissões ao final do ano. “Muitas construtoras entregaram muitas obras. É um movimento natural. As flutuações ao longo do ano foram normais e o saldo de empregos foi positivo”, avalia. 

No caso da Delphi, a opção adotada para o período foi o de férias coletivas. Segundo Cíntya, o recesso está terminando e as obras serão retomadas nos próximos dias. A construtora entregou cinco obras no fim de 2008 e boa parte dos funcionários está sendo remanejada para aquelas que ainda estão em andamento. Ao todo, são 12 em Natal, Pipa e Pirangi.

O gerente da Construtora Colméia em Natal, Raimundo Nonato, acredita que 2008 foi um ano positivo para os colaboradores. Ele também aponta o final do ano - com férias coletivas e redução no ritmo de serviços – como o fator principal para as dispensas. E acrescenta que este será um ano de crescimento. Atualmente, a Colméia conta com 250 profissionais no canteiro fora os contratados por empreiteiras trabalhando em dez obras. “Para nós o que preocupa no momento é falta de um prepara técnico maior destes trabalhadores”.

Para o diretor da empresa Conisa, Mauro Dias de Melo, a crise não tem um efeito tão devastador. “Temos seis obras para iniciar este ano, com certeza vamos contratar independente da crise. Acho que a crise existe, mas que não devemos nem acreditar nela. É uma crise muito mais de pânico, de medo. As pessoas têm dinheiro mas estão com medo por causa do que a mídia coloca”.

Na Conisa, uma grande obra encerrada no ano passado vai ter a mão-de-obra empregada absorvida em outros projetos que estão sendo iniciados este ano.

Pedreiros e mestres-de-obras  têm baixos salários, diz IBGE

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pedreiros do Rio Grande do Norte tiveram o segundo menor salário/hora do país em novembro do ano passado. O estado – que paga R$ 2,45 por hora – perde apenas para a Paraíba que possui um salário/hora de R$ 2,43. Os números são do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil do IBGE.

Ganhando um pouco mais, os mestres-de-obras potiguares ganham R$ 5,50 por hora trabalhada. Neste caso, o RN está empatado com o Ceará que paga o mesmo valor aos trabalhadores.  Mas juntos os dois estados ocupam a oitava posição no ranking do IBGE.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Francisco Torres, defende que o salário pago no estado é um dos melhores. De acordo com ele, essa variação pode ocorrer devido a diferenças no período dos acordos coletivos que reajustam os salários.

Fonte: Tribuna do Norte - 11 JAN 09

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