Quinta, 30 Janeiro 2025
SÃO PAULO - O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no Brasil, que unifica a ortografia entre os oito países que compõe a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), é negativa para as editoras na opinião de Breno Lerner, superintendente da Editora Melhoramentos. Segundo ele, os investimentos com a adequação das obras poderão chegar a R$ 1,3 milhão.

"Não foi positivo para a editora, pois implicou em gastos muito grandes. Não vejo resultado prático na reforma ortográfica", declara Lerner.

O coordenador da comissão editorial da Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), Antonio Nicolau Youssef, estima que por obra, para fazer a adequação às novas regras, seriam gastos R$ 26 mil, "o que seria um investimento natural de reedição". Mas Youssef ressalta que os custos dependem dos estoques. "Quanto menor o estoque, menor o impacto na margem de ganho da companhia", afirma.

Segundo o superintendente da Melhoramentos, todo o estoque será inutilizado teoricamente, levando em consideração que ainda há a possibilidade venda. O estoque da empresa é de aproximadamente 2 milhões de exemplares.

Em 2009, a Melhoramento prevê que de um catálogo de 1200 títulos, 400 serão alterados. "A reforma está sendo realizada de acordo com a demanda dos livros, com preferência dada aos escolares e dicionários", relata.

Entretanto, Lerner garante que o custo com a reforma ortográfica não será repassado ao consumidor. "É um custo previsto no orçamento de pesquisa e desenvolvimento, mas levará a diminuição do desenvolvimento de títulos novos".

Outro fator que contribuiu para a geração de gastos foi a necessidade de contratação de profissionais especializados para ajustar as obras às novas regras, além do treinamento dos funcionários já existentes.

A Editora Melhoramentos aumentou a equipe de revisores composta por quatro profissionais para 12. A medida era essencial para que empresa conseguisse adequar sua linha de dicionários, a maior do Brasil.

No entanto, Lerner afirma que caso haja demanda, a companhia imprimirá os exemplares mesmo que seja na ortografia antiga.

De acordo com Youssef, o real impacto econômico só poderá ser sentido quando os livros com a ortografia antiga não puderem mais circular, o que ocorrerá somente em 2013. "Até lá, os gastos serão diluídos", conclui.

Fonte: JB Online/InvestNews

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