"Não foi positivo para a editora, pois implicou em gastos muito grandes. Não vejo resultado prático na reforma ortográfica", declara Lerner.
O coordenador da comissão editorial da Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), Antonio Nicolau Youssef, estima que por obra, para fazer a adequação às novas regras, seriam gastos R$ 26 mil, "o que seria um investimento natural de reedição". Mas Youssef ressalta que os custos dependem dos estoques. "Quanto menor o estoque, menor o impacto na margem de ganho da companhia", afirma.
Segundo o superintendente da Melhoramentos, todo o estoque será inutilizado teoricamente, levando em consideração que ainda há a possibilidade venda. O estoque da empresa é de aproximadamente 2 milhões de exemplares.
Em 2009, a Melhoramento prevê que de um catálogo de 1200 títulos, 400 serão alterados. "A reforma está sendo realizada de acordo com a demanda dos livros, com preferência dada aos escolares e dicionários", relata.
Entretanto, Lerner garante que o custo com a reforma ortográfica não será repassado ao consumidor. "É um custo previsto no orçamento de pesquisa e desenvolvimento, mas levará a diminuição do desenvolvimento de títulos novos".
Outro fator que contribuiu para a geração de gastos foi a necessidade de contratação de profissionais especializados para ajustar as obras às novas regras, além do treinamento dos funcionários já existentes.
A Editora Melhoramentos aumentou a equipe de revisores composta por quatro profissionais para 12. A medida era essencial para que empresa conseguisse adequar sua linha de dicionários, a maior do Brasil.
No entanto, Lerner afirma que caso haja demanda, a companhia imprimirá os exemplares mesmo que seja na ortografia antiga.
De acordo com Youssef, o real impacto econômico só poderá ser sentido quando os livros com a ortografia antiga não puderem mais circular, o que ocorrerá somente em 2013. "Até lá, os gastos serão diluídos", conclui.
Fonte: JB Online/InvestNews