Quinta, 30 Janeiro 2025

O Brasil deve estar atento aos riscos de seus próprios subprimes. Quem chama a atenção é o PhD em Finanças Jairo Procianoy. Ele foi um dos pa-lestrantes do evento Brasil 2009: Perspectivas e Oportunidades, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) em Porto Alegre. Para Procianoy, o aquecimento das vendas parceladas de automóveis e imóveis nos últimos anos criou um cenário que exige atenção.
Os carros usados e novos, que foram financiados em mais de 60 vezes, são o primeiro risco. Segundo ele, os prazos muito esticados poderão conciliar com a época mais sombria da crise à economia brasileira e gerar uma cadeia de inadimplência. Outra ameaça é a incapacidade de investidores conseguirem colocar no mercado todos os imóveis que adquiriram nos últimos anos.
"Quase 30% dos novos imóveis colocados no mercado foram comprados por investidores, que agora perdem liquidez. Ou eles conseguem vender rápido, ou passarão a pressionar os preços neste setor", disse Procianoy, alertando dos problemas que isto pode acarretar à construção civil brasileira. O especialista ressalta que, em função da crise internacional, o setor empresarial brasileiro deve ingressar em um momento mais intenso de fusões e aquisições.
Para ele, muitas companhias perderão valor de mercado e capital de giro, entrando em processo de reestruturação, e serão devoradas pelas concorrentes. "Será a oportunidade para que algumas companhias reconquistem o share perdido nos últimos anos."
Para se manter vivo no mercado, no entanto, as companhias terão de fazer sacrifícios. Procianoy recomenda que se opere com margens de lucro zeradas se for necessário, para manter a encomenda de pedidos e o capital de giro. Fechamento de fábricas, demissões e outros cortes de custos podem ser necessários. "A crise vai passar, embora não saibamos quando, e as empresas precisam sobreviver neste período de turbulência", argumenta.
A previsão do especialista para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2009 é de 1,8%, especialmente inflado pela produção acumulada neste ano - que também compõe o indicador. O diretor-financeiro e de Relações com Investidores do Banrisul, Ricardo Hingel, explicou que agora as companhias passarão por um momento de seleção natural. "É fácil crescer quando a economia vai bem, mas em momentos de crise apenas quem melhora a gestão e promove ajustes internos obtém êxito".
Dois dos principais debates do setor produtivo com o governo neste ano serão juros e impostos. Os tributos devem ser baixados para manter a competitividade das companhias dentro e fora do País, e os juros devem entrar em uma rota decrescente para encorajar investimentos e facilitar a liberação de crédito.
Na opinião do sócio da Arko Advise e diretor de Análise Política, Cristiano Noronha, o setor produtivo precisa se unir e reivindicar apoio do poder público. "Os empresários precisam apresentar seus cenários de negócios ao go-
verno para colocar em prática uma agenda positiva", recomendou Noronha.

Fonte: Jornal do Comércio - 11 DEZ 08

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