Quinta, 30 Janeiro 2025

Os mais de 2,3 mil trabalhadores da fábrica da General Motors em Gravataí mal retornam ao trabalho no dia 1 de dezembro e já se despedem para nova temporada de férias coletivas compulsórias. O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí recebeu, na sexta-feira passada, comunicado de que os empregados da fábrica permanecerão em casa entre 8 de dezembro e 4 de janeiro de 2009. A medida, que atinge também a unidade de São Caetano do Sul, foi confirmada ontem pela montadora. O uso desse expediente, além de licença remunerada e day-off (folga compensada do banco de horas), atinge sistemistas da GM e empresas situadas na Região Metropolitana de Porto Alegre e algumas regiões do Interior que fornecedoras de autopeças. Sindicatos também registram ampliação de demissões em indústrias de componentes na Grande Porto Alegre.

O diretor de patrimônio do sindicato de Gravataí, Noeldi Leal Trindade, relata que o novo período de férias aumentou a tensão ante o futuro da unidade. O novo prazo é o segundo período de férias em menos de 30 dias. O primeiro começou no dia 17 deste mês e vai até dia 1 de dezembro. Em outubro, houve paralisações nos dias 17, 20 e 31, para desconto em banco de horas, que se repetiram em 7 e 10 de novembro. De 3 a 6 e de 12 a 14 deste mês foi dada licença remunerada. "Os primeiros dias de dezembro serão para manutenção. O pátio da montadora continua lotado", comenta Trindade. Para o sindicato, os mecanismos evitam demissões cujo custo de eventual recontratação seria muito maior, caso a crise seja de curta duração.

A fabricante de componentes eletrônicos para veículos Johnson Controls elevou para 117 os demitidos de um quadro que somava 400. O dado é do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. O presidente do sindicato, Claudir Nespolo, informa ainda que são registradas 20 dispensas por semana desde o final do mês de outubro na DHB, que fabrica sistemas de direção. Nespolo ressalta que estas empresas dão sinais de esgotamento de concessão de férias, licenças e compensação de banco de horas. "Quem já queimou esses recursos enfrenta dificuldade para manter empregados", lamenta o dirigente. A partir de janeiro, o sindicato teme a ampliação do desemprego e que as montadoras e fornecedores não consigam mais custear os afastamentos remunerados.

A GKN, também do ramo de juntas homocinéticas, marcou novas férias coletivas depois da volta dos funcionários em 30 de novembro. O novo período vai de 15 de dezembro a 5 de janeiro de 2009, segundo o sindicato. A empresa propôs à entidade da Capital que 460 dos 2,2 mil empregados estendam em mais uma semana o descanso, prazo que seria compensado em março de 2009 em banco de horas ainda a ser gerado. "Inicialmente não concordamos, mas vamos ouvir os funcionários no começo de dezembro", adiantou Nespolo.

O tamanho da crise que já abate o setor será pauta de encontro de sindicatos e centrais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã, em Brasília. Os dirigentes dos metalúrgicos da Capital e da Federação da categoria no Estado defenderão no encontro medidas como estabilidade de emprego para assegurar consumo das famílias e a compra de veículos. "Não basta dizer para as pessoas consumirem. Elas precisam de segurança para poder gastar", justifica.

Volkwagen decide ampliar
recesso em três fábricas
Em mais uma medida de ajuste de produção em um cenário de desaquecimento nas vendas de veículos, a Volkswagen decidiu ampliar o período de férias coletivas para os funcionários das fábricas de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP). Na unidade de São José dos Pinhais, o recesso começará no próximo dia 8 e terá duração de 21 dias. Já em São Carlos e em São Bernardo, os trabalhadores terão férias de 14 a 28 dias, conforme a linha de produção, segundo informações da montadora. As novas datas foram fechadas na sexta-feira.

Em comunicado, a Volks afirmou que a medida visa a "adequar os volumes de produção à demanda atual" e "realizar ajustes técnicos das linhas para os lançamentos de 2009".
Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Francisco Duarte de Lima, o Alemão, as paradas na unidade afetam 10,5 mil dos cerca de 11,5 mil trabalhadores. A Volks não informa o número total de funcionários atingidos.

"É claro que isso está relacionado com a crise. Se estivéssemos em tempos normais, esse ajuste poderia ser feito por meio de banco de horas", afirmou Alemão. De acordo com ele, o recesso acertado inicialmente com a Volks era entre 19 de dezembro e 5 de janeiro.

Fonte: Jornal do Comércio - 25 NOV 08

 

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