O governador de São Paulo, José Serra, afirmou nesta quinta-feira (20) que os R$ 5,38 bilhões que o governo do estado vai arrecadar com a venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil (BB) serão usados em investimentos em infra-estrutura e no atendimento à area social. Segundo ele, a "maior parcela" dos recursos será usada para ampliação da malha de metrô e trens metropolitanos, e para a duplicação e construção de estradas.
O governador não deu muitas pistas, porém, de qual fatia desse dinheiro seria usado para estes fins. Destacou, no entanto, que os recursos farão parte dos investimentos necessários para a construção de cerca de 350 estradas de acesso a municípios, ampliação das linhas 2 e 4 do metrô e construção da linha 5, modernização dos ramais da CPTM e aquisição de 99 novas locomotivas.
Serra citou também o projeto de ampliação da Marginal Tietê, que vai ganhar mais uma faixa em cada sentido, em uma extensão total de 25 quilômetros. Segundo ele, a obra está orçada em R$ 700 milhões e a licitação deve sair já em janeiro de 2009.
Do total que o governo receberá com a venda da Nossa Caixa, Serra afirmou que o estado vai separar R$ 1 bilhão para a abertura de uma agência de fomento de pequeno porte, com 50 funcionários, que intermediaria recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do BB. De acordo com Serra, o objetivo da agência é facilitar o financiamento a pequenas e médias empresas e para iniciativas geradoras de emprego.
A formação da agência deve se concretizar a partir de abril de 2009. A agência não fará captação de recursos e irá operar através do próprio Banco do Brasil.
Ele também minimizou a importância dos R$ 5,38 bilhões para o estado, lembrando que o valor é equivalente a 4,6% da previsão do orçamento paulista para 2009, ou então a 1,5 mês da folha salarial dos servidores. O total representa ainda 9% do total de investimentos previstos pelo governo do estado até o fim desta gestão, em 2010.
"É pouco, mas significativo", afirmou Serra. "A distribuição desses recursos vai toda para geração de empregos e atendimento à area social".
O governador de São Paulo enumerou também outros setores que deverão ser beneficiados com o dinheiro extra da venda da Nossa Caixa. Segundo ele, a verba será usada para construir uma rede de hospitais de reabilitação, nos moldes do Sarah Kubitschek; para o fomento do ensino tecnológico, elevando o número de vagas disponíveis de 70 mil para 170 mil; para o reaparelhamento das polícias; e também para projetos de saneamento básico.
Embora a operação de alienação das ações da Nossa Caixa que pertencem ao governo ainda dependa de aprovação da Assembléia Legislativa, o governador acredita que o projeto terá o suporte dos deputados.
O governador lembrou que, com a compra da Nossa Caixa, o Banco do Brasil receberá os depósitos judiciais do governo até 2017. O banco também vai assumir a administração da folha de pagamento estadual até 2012, conforme contrato previamente assinado entre governo e Caixa.
O BB tem 12 meses para concluir a incorporação da Nossa Caixa e 18 para quitar as parcelas do valor da compra, a contar a partir de março de 2009.c Serra evitou comentar a venda direta para o BB, sem participação de instituições privadas. "Do ponto de vista do estado, o melhor foi ter vendido para o Banco do Brasil", ressaltou. "Foi um bom preço".
Segundo ele, o estado de São Paulo, com a venda da Nossa Caixa, abriu mão de ter um banco comercial para fazer outros investimentos necessários. "Foi uma decisão resolvida sem política. Não houve nenhuma espécie de barganha", disse.
Segundo Serra, não está nos planos do governo a venda de nenhuma outra empresa estatal como Sabesp. Com relação à Companhia Energética de São Paulo (Cesp), o governador disse que aguarda o resultado do grupo de trabalho criado pelo Ministério de Minas e Energia. Ele classificou de "especulação" a informação de que Cesp tenha entrado nas negociações para a venda da Nossa Caixa.
Fonte: G1 - 21 NOV 08
