A Deconav, empresa fluminense especializada em fabricação de móveis e serviços de montagem de acomodações de navios e plataformas de exploração de petróleo, vai criar com o empresário pernambucano Alexandre Valença a Decoship, uma joint venture (empreendimento conjunto) que será fornecedora do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A nova empresa vai gerar em torno de 100 postos de trabalho, incluindo desde a fabricação do mobiliário à montagem dos móveis nos navios.
O contrato da Decoship com o estaleiro está em fase final de negociação, explica o diretor da Deconav, Miguel Melo. Mas a criação da joint venture e o “status” de fornecedor da nova empresa foram repassados por executivos do próprio EAS. O negócio objetiva mobiliar os dez navios suezmax que serão construídos pelo Atlântico Sul para a Transpetro, por US$ 1,2 bilhão.
Embora os empresários envolvidos evitem mencionar cifras, estima-se que cada navio consuma em torno de R$ 2 milhões em mobiliário – para uso em camarotes, refeitórios e salas de estar, por exemplo – e em montagem (como a do isolamento acústico, térmico e de integridade ao fogo). “Ainda não fechamos o contrato. Mas devemos instalar a fábrica perto do estaleiro. Olhamos áreas no Cabo de Santo Agostinho e em Jaboatão (dos Guararapes) também”, explicou Valença. Os empresários percorreram algumas áreas do Estado conhecidas pela fabricação de móveis, como o município de João Alfredo. “Fomos observar o pólo moveleiro já para sondar a disponibilidade da mão-de-obra. Um marceneiro, por exemplo, terá que receber um treinamento específico e necessita de um tempo de aprendizado”, diz Miguel. Segundo ele, o aporte necessário para erguer a fábrica e adquirir o maquinário vai depender do contrato. “Vamos tentar atender também outras encomendas feitas ao estaleiro”, acrescenta o empresário.
A expectativa do presidente do EAS, Angelo Bellelis, é que na próxima quinta-feira seja oficializado o contrato da quarta encomenda ao estaleiro, totalizando uma carteira de pedidos de US$ 2,4 bilhões.
“Do início de nossa produção à entrega do primeiro navio, teremos um prazo de oito meses. A partir da primeira entrega, teremos que concluir os serviços de cada outro navio de três em três meses”, explica Miguel. Para erguer a fábrica, serão necessários cinco meses. “O que demora mais é o maquinário. Parte vem do Rio Grande do Sul e outra parte teremos que importar”, completa.
Bellelis diz enxergar nas joint ventures uma boa alternativa para as empresas locais tornarem-se fornecedoras do estaleiro. Esta semana, por exemplo, a Alphatec, igualmente fluminense, anunciou uma parceria com a Noraço, do Grupo Armando Monteiro.
Fonte: Jornal do Commercio - 24 OUT 08