Apenas doze dias depois do batismo da primeira plataforma petrolífera construída em solo gaúcho, a P-53, Rio Grande comemora a conclusão de mais uma grande obra: o terceiro berço de atracação do Terminal de Contêineres do porto do Rio Grande. A nova área possui 250 metros, totalizando uma extensão total de 850 metros que permitirá a atracação de três navios ao mesmo tempo. Além disso, na fase inicial contará com uma retroárea de 30 mil m2. Com a expansão física, a capacidade de movimentação - que hoje é de 624 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano aumentará para 1,130 milhão de TEUs ao ano. O custo total da obra, iniciada em final de 2006, foi de US$ 50 milhões, financiados pelo pelo IFC. Segundo o diretor do Tecon, Paulo Bertinetti, a conclusão do empreendimento, que estava prevista para 2012, foi antecipada para 2008 em função da demanda do mercado. "O comportamento do mercado é quem determina nossos investimentos em infra-estrutura", destaca Bertinetti.
A obra do terceiro berço marca uma mudança de concepção no funcionamento do terminal, que passa a ter uma operação mais ágil graças à aquisição de equipamentos mais modernos. Dois novos portainers, que podem operar com navios Post-Panamax com até 18 contêineres de largura, já estão em operação. Somados aos dois já existentes, agora são quatro unidades trabalhando vinte quatro horas por dia, que aumentaram a produtividade da movimentação de carga e descarga dos navios de 42 para 50 contêineres por hora. Para a movimentação na área de armazenagem, foram comprados quatro RTGs, com capacidade de movimentação de seis contêineres de altura e sete contêineres de largura, que também já estão operando. Com a construção de mais um cais, o Tecon pretende disponibilizar mais espaço para as operações de barcaças. A idéia, de acordo com Bertinetti, é criar mais janelas de atracação e reservar os 100 metros ao Sul do terceiro berço para a operação das barcaças. O diretor de Terminais e Logística da Wilson, Sons, Sérgio Fisher, destaca que a vantagem é que o aumento no número de barcaças em operação pode atrair cargas que não seriam escoadas pelo Tecon, em função do transporte rodoviário até o terminal que é muito elevado. De barcaças, o custo viabilizaria o deslocamento até o porto.
Hoje 80% das cargas movimentadas pelo Tecon seguem para a exportação. O carro-chefe é o tabaco, seguido por carnes congeladas, resina, arroz, móveis, madeira e máquinas agrícolas. As importações correspondem a apenas 20% das movimentações de contêineres, sendo que insumos e máquinários são as principais cargas.
Segundo Cézar Baião, presidente da Wilson, Sons, proprietária do Tecon, a crise americana atingirá o "Brasil, pois afeta a liquidez que resulta mais implicações." No entanto, ele acredita que o País nunca esteve tão bem para enfrentar uma crise. "A movimentação do Tecon até pode ser impactada, mas igualmente vai continuar crescendo", acrescenta. Baião também revelou que o grupo Wilson, Sons pretende investir na construção de dois estaleiros para a fabricação de navios offshore - embarcações pequenas que prestam apoio a plataformas de petróleo, sendo um em Guarujá (SP) e outro em Rio Grande. O projeto no Estado ainda está em fase de zoneamento do terreno, com uma área de 220 mil m2. Mas ainda depende de outros trâmites legais para ter continuidade. Para a viabilização da obra serão investidos
US$ 50 milhões.
A inauguração do terceiro berço de atracação do Tecon Rio Grande acontece hoje às 11h na área onde foi construído o novo cais e contará com a presença da governadora do Estado, Yeda Crusius. O Tecon Rio Grande, como base na movimentação de 2007, é responsável por 96% das operações do porto rio-grandino, sendo o restante realizado na área do Porto Novo. Atualmente Rio Grande ocupa o terceiro lugar no ranking brasileiro
dos maiores portos movimentadores de contêineres. O Tecon Rio Grande possui uma área total de 735 mil m2 e pertence ao Grupo Wilson, Sons.
Fonte: Jornal do Comércio - 01 OUT 08