A Irlanda se tornou a primeira economia da zona do euro a entrar em recessão, com a queda na construção de moradias e nos gastos do consumidor, em um cenário de intensificação da crise financeira mundial. O Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 0,5% entre abril e junho, em relação ao trimestre anterior, quando encolheu 0,3%, informou ontem em Dublin o Departamento Central de Estatística. Em relação ao segundo trimestre de 2007, a economia irlandesa diminuiu 0,8%.
O colapso do setor de moradias, junto com a crise mundial de crédito, forçou o governo irlandês a reduzir os gastos para manter o seu déficit sob controle e causou a maior queda do índice referencial da bolsa este ano que a verificada em qualquer outra economia da Europa Ocidental. O declínio da Irlanda pode ser seguido de diversas recessões por toda a Europa, segundo a Comissão Européia, que cortou sua previsão de crescimento econômico para toda a zona do euro. "A Itália parece ser a próxima candidata" a entrar em recessão, disse Ulian Callow, economista do Barclays Capital. "A Alemanha também está surgindo como uma grande candidata."
A contração econômica da Irlanda se segue a dez anos de expansão, desencadeada pelas exportações de meados da década de 1990 e prorrogada pela construção recorde de moradias. A economia do país se expandiu cerca de 7% por ano nos últimos dez anos, três vezes mais que a média da zona do euro. A Irlanda não tem um ano inteiro de contração econômica desde 1983.
Agora, a construção de moradias está desabando, devido à queda dos preços das casas. O Bank of Ireland Plc, o segundo maior banco do país, disse em 17 de setembro que vai reduzir em 50% os dividendos pagos e registrar uma queda nos lucros do primeiro semestre, pois crescem as perdas com empréstimos. Os preços das moradias caíram 9,4% em julho, em relação ao mesmo mês de 2007. "O mercado de habitação está torpedeando a economia", disse Pat McArdle, economista-chefe do Ulster Bank Ltd.. "O terceiro trimestre sem dúvida será pior."
Em relação ao segundo trimestre de 2007, os gastos do consumidor caíram 1,4%, no primeiro declínio anual em pelo menos 11 anos, segundo o Departamento de Estatística. As exportações cresceram 2,4% e as importações caíram 1,1%. "Está claro que a economia interna já entrou em recessão, como evidencia a queda nos gastos dos consumidores e dos investimentos", disse Dermot O’’Leary, economista-chefe do Goodbody Stockbrokers.
Fonte: DCI - 26 SET 08