Domingo, 02 Fevereiro 2025

O Porto de Santos, que movimentava 32 milhões de toneladas de carga em 1993, quando a Lei nº 8.630 abriu a operação das docas à participação da iniciativa privada, saltou para 82 milhões de toneladas no ano passado sem aumentar a extensão do cais. A meta dos planos de expansão em execução é chegar a 120 milhões de toneladas por ano, quando ficarem prontas as obras de dragagem do canal da barra e da bacia da Alemoa, para navios maiores.

“A dragagem para uma profundidade de 15 metros, com 220 metros de largura, permitirá o acesso, com plena carga, de navios maiores, de até 90 mil toneladas, proporcionando um ganho significativo no custo de transporte”, anuncia o diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), José Di Bella Filho. Engenheiro naval, 50 anos de idade, ele foi nomeado para o cargo em setembro, depois de ter trabalhado em empresas de navegação .

O Porto de Santos tem 13 quilômetros de cais que, atualmente, recebem navios de até 65 mil toneladas, com 64 berços de atracação. Operadora até a aprovação da nova lei, a Codesp desempenha hoje o papel de autoridade portuária, responsável pela administração, infra-estrutura aquaviária, balizamento e dragagem. Tem um quadro de 1.350 funcionários contratados e 800 terceirizados. Santos representa, em valor, 26% do movimento do comércio exterior dos portos brasileiros.

“Somos o principal porto exportador e importador do País, acima do Aeroporto Internacional de Viracopos (importação) e do Porto de Vitória (exportação), que ocupam o segundo lugar”, informa Di Bella. Pelas docas de Santos passa todo tipo de mercadoria, a maioria de alto valor agregado, com facilidades especiais para operação com produtos químicos e petroquímicos, açúcar, grãos, suco de laranja e insumos.

Uma malha ferroviária interna, de 100 quilômetros, recebe vagões de cinco ferrovias. O acesso rodoviário se faz pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, Piaçaguera-Guarujá, Rio-Santos e Padre Manoel da Nóbrega. Di Bella atribui à localização privilegiada do Porto de Santos sua capacidade competitiva. “Temos a vantagem de estar perto da produção e do consumo”, diz o diretor-presidente, lembrando que os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas, estão num raio de apenas 150 quilômetros.

“Precisamos contar com uma plataforma logística para atender a esse mercado, não adianta ter só a dragagem”, adverte. A Codesp assinou um convênio com o Banco Mundial para um projeto de expansão, com várias alternativas.

“É preciso pensar em porto do futuro, planejando para 10 a 20 anos à frente, a partir da convicção de que porto não é um gargalo,mas uma solução”, afirma Di Bella. A estratégia é fazer de Santos um porto concentrador de carga a ser redistribuída para outros portos, por navios de cabotagem ou ferrovia. O transporte ferroviário, atualmente na faixa de 15%, subirá para 20% com obras de melhoria para o acesso ao cais.

A Codesp encerrou 2007 com um superávit de R$ 70 milhões, revertendo os prejuízos do exercício anterior, de R$ 120 milhões. O movimento do porto cresceu 8% ante 2006, aumentando de 76,2 milhões de toneladas para 82 milhões de toneladas. A projeção para 2008 prevê 85,95 milhões de toneladas.

A iniciativa privada contribuiu para esse avanço. A Codesp arrenda terminais para operadores portuários, empresas de exportação e importação, nas margens direita (Santos) e esquerda (Guarujá). É em Guarujá que se localiza o terminal privativo da Santos-Brasil, que opera exclusivamente com contêineres. Os operadores portuários trabalham principalmente com contêineres, que são embarcados e desembarcados por imensos guindastes(portêineres). Cada contêiner comporta, em média, 27 toneladas. Santos movimentou 1,5 milhão de contêineres de janeiro a novembro do ano passado.

Outras cargas, como soja, açúcar e café, chegam a bordo em esteiras automatizadas. Os portuários, que são trabalhadores avulsos, são contratados pelos operadores e acionados pelo Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), criado pela Lei de Modernização em 1993. “Houve grande avanço na eficiência do trabalhador avulso na movimentação da carga”, afirma Di Bella, atribuindo a conquista à qualificação profissional.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 28 JAN 08

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