Domingo, 02 Fevereiro 2025

O título desta coluna é a declaração do comandante, ao fazer aos passageiros a apresentação do transatlântico da armadora Premier Cruises, dos Estados Unidos.

 

O Rembrandt tem uma história de fazer inveja a qualquer navio. Anteriormente foi o Rotterdam, da Holland America Line, e fazia par na linha do Atlântico Norte com o Nieuw Amsterdam.

 

O belo Rembrandt (atualmente voltou a ser o Rotterdam) atracado

em Santos na altura do Armazém 15, da antiga CDS, tendo pela proa

o Monte Serrat, com a igreja da Nossa Senhora do mesmo nome, e pela

popa, o Moinho Paulista  – 1998. Foto: Edson Lucas

 

Foi batizado pela rainha Juliana e fez a viagem inaugural em 13 de setembro de 1959, rumo a Nova York, Estados Unidos. Navegou até 1971 como navio de passageiros.

 

O Rotterdam foi o primeiro transatlântico a dispensar chaminés convencionais, utilizando duas tubulações, cujo estilo foi seguido no Canberra e no Eugenio Costa.

 

Foi adquirido pela Premier Cruises em setembro de 1997 e foi um dos navios mais alegres das temporadas passadas em Santos e e em todo o Brasil.

 

Foto tirada por boreste do Rembrandt, em 1998, onde são vistos

os botes salva-vidas, as duas chaminés que revolucionaram as linhas

de alguns navios da época, como o Eugenio C, Canberra, entre

outros. Ao fundo, o Monte Serrat. Acervo: L. J. Giraud

 

Em janeiro de 1998, na companhia de meus familiares e de um grupo de amigos, fizemos um cruzeiro a bordo do Rembrandt, cujo destino foi Buenos Aires (Argentina), com escalas em Tubarão (Santa Catarina) e Montevidéu (Uruguai). Essa viagem é inesquecível por vários motivos, dentre os quais destaco a alegria reinante a bordo do navio. Por isso, resolvi transcrever um artigo feito junto com o jornalista Armando Akio, isto é, com pequenas adaptações para o presente, cujo texto segue:

 

O transatlântico Rembrandt, de bandeira das Bahamas, da companhia norte-americana Premier Cruises, “é uma das últimas relíquias dos anos áureos dos navios de passageiros que ainda flutuam”. A declaração foi do comandante Uwe Bunsen.

 

Era assim que Bunsen recebia os brasileiros que embarcavam no Rembrandt, que fez a estréia em águas do Brasil na temporada do verão de 1997/1998. Ele conquistou um espaço no coração de muitos passageiros.

 

Três jovens embarcando no belo navio para desfrutar de

um cruzeiro. Verão de 1998. Acervo: L. J. Giraud

 

Ao meu ver, é o segundo mais importante transatlântico que escalou na Cidade. Só perde para o majestoso Queen Elizabeth 2, de bandeira britânica, da companhia de navegação Cunard.

 

Vale lembrar que o Rembrandt, atualmente Rotterdam, foi totalmente restaurado e voltou à ter sua pintura anterior. Vai funcionar na cidade de Rotterdam como universidade flutuante.

 

Quando o Rembrandt veio a Santos com outro nome, Rotterdam, a serviço da Holland América Line, empresa holandesa, no início da década de 60 e em 22 de janeiro de 1987, as passagens não apresentaram o brilho das escalas que vem realizando desde 18 de dezembro de 1997.

 

O desenho do Rotterdam é clássico, a exemplo do Queen Elizabeth 2, por exemplo. O casco do transatlântico da Premier Cruises é azul-marinho – de longe, parece preto – e tem uma faixa branca perto da altura do convés principal.

 

Conversão

O Rembrandt, que voltou a ser o Rotterdam, é um transatlântico que foi convertido para navio de turismo. Mas apesar de seus 48 anos, continua em perfeitas condições. Neste artigo, vou continuar chamando o belo transatlântico de Rembrandt.

 

O comandante Uwe Bunsen dizia que o

Rembrandt era uma das últimas relíquias

dos anos áureos dos navios de passageiros

que ainda flutuam. Foto: L. J. Giraud

 

A comparação que faço do Rembrandt, em relação aos navios especialmente construídos para cruzeiros é igual à que faço entre o Plaza Hotel e um dos modernos hotéis da cadeia Hyatt – cada um tem o esplendor de sua época.

 

A tripulação do transatlântico da Premier Cruises era de 603 pessoas de 52 nações. A equipe contava com 52 brasileiros, além de numerosos portugueses.

 

Entre essas duas últimas nacionalidades, a maioria trabalhava nos restaurantes. Vários deles vieram do Seawind Crown, embarcação de turismo da Premier que operava no Caribe.

 

Embora o Rembrandt tivesse uma ONU a bordo, a multiplicidade de nacionalidades não impedia que a quantidade do serviço decaísse. A tripulação era muito atenciosa.

 

Atrações

Havia muitas atividades a bordo para todas as idades. Havia excelentes shows, cassino, bingo, ginástica, orquestra, conjuntos de música, dançarinas, cantores e outras atrações, além de uma excelente cozinha.

 

Um dos três restaurantes do Rembrandt onde, em temporadas

passadas, muitos brasileiros tiveram o privilégio de jantar em

alegres e divertidos cruzeiros. Foto: Divulgação

 

O navio tem dez decks ou andares para passageiros. Dispunha de instalações como quadra de tênis, boates, butiques e três restaurantes – Odyssey, La Fontaine e Lido.

 

O cine-teatro, com capacidade para 620 pessoas, era o maior do muno existente a bordo de navios.

 

Cartão

A bordo, não se usava dinheiro para compras ou despesas extras. A companhia utilizava um sistema de pagamento por cartão, como é atualmente nos transatlânticos de cruzeiros.

 

Existiam duas piscinas – uma interna e outra externa. A embarcação tinha ainda sala de massagem, sauna, salão de beleza, cofres de segurança, aparelhos de TV em todas as 575 cabinas, sala de leitura e até um mini-hospital.

 

Assim era o Rembrandt quando ainda era

o Rotterdam e ligava a Europa aos Estados

Unidos. Foto em Nova York – 1961.

Acervo: L. J. Giraud

 

O maior salão do Rembrandt é o Queen’s Lounge, que tanto pode servir como salão de dança como sala de reuniões.

 

Como em todo transatlântico que se preze, o navio tinha e ainda tem estabilizadores, para que o passageiro praticamente não sinta o balanço do mar.

 

O que impressionava eram as belezas internas, o conforto, as opções de lazer, a comodidade e, principalmente, os restaurantes Odyssey e La Fountaine, com suas colunas douradas e belíssimos painéis decorativos. Além disso, os garçons se trajavam elegantemente.

 

Para ele, tudo isso formava o conceito de hotel, palácio e cidade flutuante. Finalizando, devo dizer que era um navio inesquecível, com um ambiente muito alegre.

  

Ficha Técnica

Nome: Rembrandt

Bandeira: Bahamas

Porto de Registro: Nassau

Armadora: Premier Cruises

Tipo: Passageiros

Nome anterior: Rotterdam

Nome atual: Rotterdam

Estaleiro Construtor: Rotterdam Dry Dock Co

Entregue pelo estaleiro em: Agosto de 1959

Batizado por: Rainha Juliana

Entrada em Serviço: Setembro de 1959

 

Antes de ser o Rembrandt, o Rotterdam participou de

cruzeiros pelo Caribe pela Holland America Cruises. Década

de 1990. Cartão-Postal do acervo: L. J. Giraud

 

País construtor: Holanda

Porto de Construção: Roterdã

Estaleiro: Rotterdamsche D.D. Mass

Casco nº.: 300

Tonelagem de arqueação bruta (deslocamento): 38.645t

Tonelagem de arqueação líquida: 21.848 t

Peso morto: 7.801 t

Comprimento: 228,18 m

Boca (largura) 28,71 m

Calado: 9,04 m

Velocidade: 21,5 nós (40 Km/h)

Máquinas: Turbinas a vapor Parsons

Potência: 38.500 cavalos-vapor

Última reforma do navio: 1998

Tripulação normal: 603 pessoas de várias nacionalidades

Nº. normal de passageiros: 1.114

Máximo de passageiros: 1.250

Classes: Única – as diferenças de preços se referem aos tamanhos das cabinas

Decks (andares) de passageiros: 10

Elevadores: 7

Piscinas: 1 interna e 1 externa

Salões de jantar: 2

Cassinos: 1

 

Para os apreciadores de navios, recomendo que entrem nos sites:

http://silvares.fotoblog.uol.com.br - do jornalista José Carlos Silvares - e www.naviosmercantesbrasileiros.hpg.ig.com.br - dos shiplovers Marcelo Machado Lopes da Silva, Rogério Cordeiro, Paulo de Oliveira Ribeiro e José da Silva.

  

Homenagem

Segundo o jornalista Armando Akio, o nome do transatlântico da Premier Cruises é em homenagem ao pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, que nasceu em 15 de julho de 1606, em Leiden, e faleceu em 4 de outubro de 1669, aos 63 anos, em Amsterdã.

 

O Rotterdam, após reforma, voltou a usar a sua pintura anterior, um

tom acinzentado com branco, pouco antes de seguir para a cidade de

Roterdã. – 2007. Foto: Internet

 

Ele foi o maior artista da escola holandesa de pintura, um mestre do jogo de luzes e sombras. O seu trabalho o transformou em um dos gigantes da arte universal.

 

O pai de Rembrandt queria que ele seguisse uma profissão de alto nível e o encaminhou para a Universidade de Leiden, mas o filho deixou o ambiente acadêmico para estudar pintura.

 

As primeiras obras de Rembrandt mostravam as linhas, luzes, formas e cores das pessoas ao seu redor. Ele foi influenciado pelo trabalho de Caravaggio e era fascinado por diversos outros pintores italianos.

 

Quando o jovem e promissor pintor se estabeleceu, começou a ensinar e continuou a orientar novos interessados na arte.

 

Para Amsterdã

Em 1631, quando o trabalho de Rembrandt se tornou conhecido e o seu estúdio em Leiden estava florescendo, ele decidiu mudar-se para Amsterdã. Ele tornou-se o pintor líder da Holanda.

 

A vida de Rembrandt era saudável. Era um cidadão respeitado e respeitável. Casou-se em 1634 com a bela Saskia van Uylenburgh, que foi modelo de numerosos quadros. Os seus trabalhos do período foram marcados pelos fortes efeitos de luz.

 

Quando Rembrandt não tinha mais modelos para se inspirar, passou a pintar sua própria imagem. Calcula-se que ele tenha feito de 50 a 60 auto-retratos.

 

Alteração de rumo

A partir de 1636, a obra de Rembrandt passou a se apresentar mais quieta, contemplativa, com cores mais suaves.

 

Nos anos seguintes, três de seus quatro filhos morreram, ainda na infância, e em 1642 faleceu a esposa.

 

As paisagens de Rembrandt eram imaginativas, ricos retratos da terra em volta dele.

 

Rembrandt acostumou-se a viver em conforto. Enquanto podia, comprava quadros de outros artistas. Em meados de 1650, ele chegou a uma situação difícil, a ponto de sua casa e seus objetos precisarem ser leiloados para pagar dívidas.

 

Ele produziu cerca de 2.300 trabalhos de diversos tipos. Alguns de seus mais famosos são, entre outros: São Paulo na prisão (1627), A Lição de Anatomia do Doutor Nicolaes Tulp (1632), Aristóteles contemplando o busto de Homero (1653) e o Retorno do filho pródigo (depois de 1660).

 
Fonte: PortoGente - 22 JAN 08
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