Os funcionários do Terminal de Contêineres de Salvador (Tecon) estão descontentes com a empresa e podem paralisar novamente as operações no complexo, caso suas reivindicações não sejam atendidas em curto espaço de tempo. Quem garante é o secretário geral do Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários da Bahia (Suport), Domingos Valdemir de Souza Barbosa. A luta por aumento salarial e melhores condições de trabalho já gerou uma paralisação de quatro horas no último dia 27, quando cerca de 80 cofres deixaram de ser movimentados no Tecon.
De acordo com o representante do Suport, que conversou com a reportagem do PortoGente por telefone, a ameaça de novas paralisações e de uma disputa judicial está acontecendo desde o ano passado por causa de decisões unilaterais da empresa, como o reajuste arbitrário de 4% nos vencimentos dos 600 profissionais ligados à firma, abaixo do índice reivindicado pelo sindicato, e a dobra de jornada de trabalho comunicada de forma repentina aos funcionários.
“Tem gente no Tecon que manda e desmanda e ninguém faz nada. A empresa sabe do que estamos falando, pois os alertas são dados desde o ano passado. Onde se viu o funcionário ser avisado na hora em que está indo embora que vai ter que ficar mais seis horas na empresa? E se ele não fizer isso, pode ser demitido, é um absurdo sem tamanho. A nossa primeira paralisação do dia 27 surtiu efeito sim, pois está todo mundo mais esperto”.
Entre as principais reivindicações encaminhadas pelo Suport desde abril, porém negadas pela empresa, estão uma nova escala de trabalho que permita folga aos finais de semana, reajuste mínimo de 4,78%, participação nos lucros e resultados, melhoria da qualidade da alimentação e rigor no cumprimento da carga horária, pois os profissionais alegam que são convocados para reuniões antes e após o trabalho, reduzindo assim o tempo de repouso, e não recebem hora extra por isso.
“Hoje, não é exagero eu dizer para vocês que o trabalhador portuário está sendo extremamente sacrificado. E os problemas agora se concentram no Tecon, mas o Porto de Salvador como um todo inspira cuidados, pois a segurança é deixada de lado em muitas operações. Em 2006, um portuário se acidentou e está paralisado em uma cama até hoje, o cara não tem condições de sair de casa”.
Vale lembrar que os problemas de trabalhadores portuários baianos com o Tecon Salvador não vêm de hoje. Em fevereiro de 2007, há quase um ano, PortoGente publicou uma entrevista exclusiva com o presidente do Suport, Ulisses Souza Oliveira Júnior, onde a péssima relação entre empresa e funcionários já era exposta de maneira clara. Até hoje, entretanto, nenhuma medida prática foi tomada, para revolta do secretário geral Domingos Barbosa.
“Mandamos diversos pedidos de fiscalização para a Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Aí, alguns fiscais vão ao local, mas a coisa não muda nunca. As autuações são registradas, mas a cada dia o Tecon trata seus empregados portuários sem respeito. Eu penso, a essa altura do campeonato, que a maior culpada disso tudo é a Autoridade Portuária. Cadê a Codeba para resolver isso? Cabe a ela zelar pelo Porto de Salvador e pelas partes envolvidas. Por que ninguém olha pelo trabalhador? O jeito é mesmo esperar alguma resposta da justiça”.
Fonte: PortoGente - 15 JAN 08