Domingo, 02 Fevereiro 2025

Para evitar o gargalo logístico no País, que vive entraves nos modais rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo, e por conta de um cenário favorável na indústria naval brasileira, 17 projetos de empresas do setor estão enfileirados para abocanhar uma fatia dos mais de R$ 2,1 bilhões previstos para o segmento este ano. O valor é o dobro do do ano passado, para fomento da construção de embarcações e equipamentos de apoio logístico, em grande parte voltados aos segmentos de petróleo e gás, por meio do Fundo da Marinha Mercante (FMM), órgão ligado ao Ministério dos Transportes.

Ao todo, 13 corporações conseguiram pré-aprovar seus projetos junto ao Fundo, como a Companhia Brasileira de Offshore (CBO), que quer aporte de R$ 280 milhões para incluir em sua frota quatro navios com maior capacidade de carga. Outra gigante do setor, a Log-In Logística Intermodal, cuja acionista Vale detém 31% dos negócios, aplicará R$ 700 milhões na construção de cinco navios este ano, sendo 90% do valor vindo do FMM. O projeto foi apresentado pela empresa em 2007 e a expectativa é de que o financiamento saia em março - a verba a ser utilizada refere-se ao montante do Fundo de 2007.

De acordo com a diretora-geral do Departamento do Fundo da Marinha Mercante, Débora de Mello Martins Teixeira, os recursos são formados por taxas de frete originadas da movimentação de cargas de importação, cabotagem e granel líquido no País. "Os projetos chegam para análise do conselho, que designa quem terá prioridade para a obtenção dos recursos. A partir daí, um agente é selecionado para realizar o financiamento."

Entre as instituições financeiras habilitadas, estão o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil (BB). A verba é liberada de acordo com a realização de cada projeto, sendo que a aprovação do financiamento pode demorar até um ano, com prazo de pagamento de até 20 anos.

Dentro de dois meses, a Log-In deverá definir qual agente intermediará o financiamento do montante de R$ 630 milhões necessários à construção de seus cinco navios. A empresa está em negociação com o BNDES, e diz que a primeira unidade começará a ser construída este mês pelo estaleiro EISA, no Rio de Janeiro.

Para o diretor presidente da Log-In, Mauro Oliveira Dias, o transporte marítimo começa a entrar em nova fase no País e, hoje, o importante é que a limitação do crescimento do transporte de contêineres de cabotagem não está mais limitado à oferta, mas à demanda. "Havendo demanda, temos condições de trazer mais capacidade. É o grande marco dos projetos de investimento da Log-In", diz. Em 2008, a Log-In prevê aumentar em 75% sua capacidade de transporte, investindo na substituição do modal rodoviário pelo marítimo.

Atualmente, segundo Dias, o Brasil tem 71% das cargas transportadas por rodovias e apenas 19% do total pelo modal aquaviário. Ao se analisar o transporte na costa brasileira, apenas 18% das cargas transacionadas na região utilizam a cabotagem, enquanto 82% das cargas são embarcadas em caminhões. Dias evita fazer projeções sobre a demanda pela navegação de cabotagem, mas lembra que a frota das companhias brasileiras aumentou em conjunto 47,2% ao ano, em média, desde 1999.

Parte do plano de incremento da empresa, que prevê até 2010 aumentar sua presença em 500% no setor de transporte, começa já na próxima semana, com a aquisição de dois porta-contêineres pela sua subsidiária Log-In Logistics GMBH. Já o navio da companhia, Log-In Amazônia, construído na Alemanha, vai interligar os principais portos do País ao Mercosul, passando pela Argentina, portos do Sul, Porto de Santos, até o Nordeste. No mês de abril, entra em operação o segundo porta-contêiner, o Log-In Pantanal. Com os dois navios, a capacidade da Log-In irá a 18 mil TEUs (capacidade de transporte por mar) no ano de 2013 - 500% a mais.

Rebocadores

Outra otimista com a liberação de recursos para novos investimentos é a Tug Brasil, braço do Grupo Libra que, mais tímida, pleiteia cerca de R$ 76 milhões para a construção de seis rebocadores. De acordo com Luis Pinochet, diretor comercial e de Operações da TugBrasil, os novos equipamentos incrementarão consideravelmente os negócios. "Em termos de atividade fazemos um média de 15 mil manobras de assistência aos navios por ano. Com esses rebocadores, poderíamos aumentar em 30% este número", afirma o executivo. A Tug atua em portos nas cidades São Luís, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, Santos, São Sebastião, Paranaguá, Itajaí e no Rio Grande do Sul.

Cancelamento

A Wilson Sons, um dos grandes players do modal marítimo no País, teve um de seus projetos apresentados ao FMM cancelado este ano, entre outros quatro, de outras empresas. Mas a companhia garante que foi por desistência própria. "A suspensão para a realização de obras de modernização em nosso estaleiro no Guarujá ocorreu por pedido nosso devido a alterações no projeto", garantiu Arnaldo Calbucci Filho, diretor do grupo. "Continuaremos utilizando esse canal de recursos para construir rebocadores e embarcações", disse ele.

Fonte: DCI - 10 JAN 08

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