Morreu no início da tarde desta terça-feira (8) Graco Carvalho Abubakir, 38 anos, internado desde o dia 4 de janeiro em um hospital de Brasília com suspeita de febre amarela. O estado de saúde do paciente era grave. Segundo o último boletim médico, divulgado na manhã desta terça, Abubakir era mantido por aparelhos respiratórios, medicações e sessões de hemodiálise, porque estava com insuficiência hepática, respiratória e renal agudas.
Segundo avaliações clínicas feitas quando ele chegou ao hospital, o paciente não era imunizado contra febre amarela. Durante entrevista coletiva concedida na tarde desta terça, a equipe médica do Hospital Santa Luzia informou que Graco morreu de falência múltipla dos órgãos. Segundo os médicos, todos os sintomas levam a crer que ele morreu mesmo de febre amarela, mas isso somente será confirmado depois que o exame sorológico e a necropsia estiverem prontos. Graco estava com insuficiências renal, respiratória e de circulação, e seu sangue, segundo os médicos, tornou-se incoagulável.
A equipe médica informa, ainda, que sua morte foi em decorrência de uma síndrome de disfunção de múltiplos órgãos. Os médicos descartaram que Graco possa ter morrido por ter contraído dengue ou hepatite. O paciente chegou à emergência do hospital no começo da noite do dia 4 de janeiro e foi internado imediatamente. Ele passou o réveillon em Pirenópolis (GO) e mora no Lago Norte, bairro nobre da capital que fica próximo ao Parque da Água Mineral, interditado pela Secretaria de Saúde do DF no final de 2007 depois que macacos foram encontrados mortos no local com suspeita de febre amarela.
O paciente estava passando mal desde o dia 2 de janeiro, sentindo febre alta (39 graus), dores no corpo, dor de cabeça, diarréia e náuseas. O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira o remanejamento de 300 mil doses de vacinas dos estados do Amazonas, Minas Gerais e Paraná para o Distrito Federal. O ministério quer priorizar o atendimento de localidades com notificação de macacos mortos próximos a áreas urbanas, como ocorreu em Goiás e no DF.
Para o Ministério da Saúde, a aproximação da febre amarela das áreas urbanas é preocupante. Por isso, além do reforço no número de vacinas, vai montar postos itinerantes de vacinação em localidades nas quais foram registradas mortes de macacos.
O Ministério da Saúde também recomendou que Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral, permaneça fechado por mais 10 dias, até que saia o laudo conclusivo relativo à morte de dois macacos no local. A suspeita é de que os macacos tenham contraído o vírus da febre amarela.
O secretário de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Gerson Penna, afirmou que a medida foi tomada considerando ao alto número de visitantes que o Parque Nacional recebe diariamente. Segundo Gerson Pena, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas. "A febre amarela tem uma vacina 99% eficaz. Ela é fabricada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz. É uma doença completamente evitável", disse o secretário.
Para ele, o Ministério da Saúde está intensificando a vacinação em regiões endêmicas, pois, no verão, há uma maior circulação de mosquitos somada ao fato de mortes de macacos próximos a áreas urbanas. Na ultima sexta-feira (4), o trabalhador rural João Batista Gonçalves, de 31 anos, morreu em Goiânia com suspeita de ter contraído febre amarela.
Segundo os médicos, os primeiros exames indicaram que o quadro dele era da doença, mas o exame que apontará a real causa da morte levará 90 dias para ser concluído. Para evitar a propagação da febre amarela, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (DF) realizou uma campanha de vacinação entre os dias 29 e 31 de dezembro. Mais de 150 mil pessoas foram vacinadas durante a campanha preventiva, que começou depois da suspeita de que macacos teriam morrido no DF contaminados com a doença.
Em Goiás, armadilhas foram montadas nas matas que ficam em áreas urbanas. Cerca de 40 animais morreram na Região Metropolitana de Goiânia em pouco mais de dois meses. Em três casos, foram confirmadas mortes por febre amarela.
Fonte: G1 - 09 JAN 08