Segunda, 25 Novembro 2024

Salvador - Em um momento delicado na relação com a oposição, por causa das negociações para prorrogar a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que foi pego de surpresa com a notícia de uma articulação de petistas em favor do terceiro mandato. Em Salvador, momentos antes de embarcar para a Suíça, onde assistirá ao anúncio da sede da Copa do Mundo de 2014, Lula reiterou que não disputará um novo mandato e alegou que é preciso evitar abalos institucionais no País. “Democracia é bom demais e a gente não pode brincar com a democracia em países da América Latina”, afirmou.

O presidente destacou que nem sequer esperava ser abordado sobre o assunto, no último sábado, durante a sua festa de 62 anos. “Achei que teria uma pergunta sobre o meu aniversário.” Lula disse que está “quase proibido” de comentar a possibilidade de serem alteradas as regras eleitorais em seu governo, pois isso significaria “palpitar” no mandato do sucessor. Ainda assim, voltou a dizer que é favorável a um mandato presidencial maior, sem reeleição, caso o Congresso decida seguir adiante com a reforma política.

O movimento pelo terceiro mandato é liderado pelo deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo de Lula do ABC paulista, que defende a realização de um plebiscito junto com as eleições municipais do ano que vem. Outro simpatizante da idéia é o deputado Carlos Willian (PTC-MG), que sugere coletar assinaturas para uma emenda constitucional. A tese foi duramente rebatida pela oposição e colocada como um entrave às negociações em torno da CPMF.

Em Brasília, o ministro da Justiça, Tarso Genro, também rejeitou a hipótese do terceiro mandato. “Não tem o menor cabimento. É uma discussão absolutamente impertinente, desnecessária e contra a orientação pessoal que o presidente tem dado a todos os ministros”, assegurou Tarso, em entrevista na sede da Polícia Federal.

INTERESSE

Ao defender a prorrogação do imposto sobre o cheque, Lula advertiu os parlamentares sobre o risco de perda de investimentos. Segundo ele, o governo não tem plano B para compensar os R$ 40 bilhões que deixariam de ser arrecadados a cada ano com a CPMF. “Não sei quem foi o louco que inventou um plano B. Se você começa a pensar no plano B, significa que não está dando prioridade ao seu plano A”, afirmou. “Se as pessoas acham que podem tirar o dinheiro do Orçamento, elas precisam assumir a responsabilidade de tirar também as obras do Planejamento.”

Lula sustentou a tese de que a CPMF é “necessidade do Brasil”, não desejo pessoal, e pediu que a disputa partidária seja adiada para o período eleitoral. “Acho que, em alguns momentos, temos de colocar o País acima de qualquer divergência.”

Em Salvador, Lula inaugurou uma unidade do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), ligado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Disse acreditar que “Deus finalmente botou a mão em cima do Brasil”. “Nesse mundo globalizado, não há espaço para quem está dormindo.”

Lula disse que ganhou sua cidadania ao conseguir diploma de torneiro mecânico no Senai. Ao lado do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, recebeu placa de uma aluna em que é citado como “o mais ilustre aluno” do País.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 30 OUT 07

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