Segunda, 03 Fevereiro 2025

A presença de usuários e traficantes de drogas dentro das escolas põe funcionários em sustações de risco. Uma professora de Educação Física de uma escola da rede pública de São Paulo que não quis se identificar narrou a sua rotina de enfrentamento da violência. Como as suas aulas usam a quadra, segundo ela, local predileto dos usuários por ser mais isolado, ela se considera ainda mais exposta do que os professores de outras disciplinas.

“Os usuários, na maioria das vezes, não são alunos. Eles querem usar a quadra para fumar maconha e jogar bola”, contou a professora, que costuma enfrentá-los com freqüência. “Não posso deixar que os meus alunos sejam influenciados dessa forma. Os usuários passam a ser vistos como heróis pelas crianças. Não posso tolerar uma coisa dessa.”

A professora contou que é ameaçada quando tenta inibi-los de usar drogas. “Quando fui dar uma dura para que eles parassem de fumar maconha, um deles virou para mim e disse: ‘Fica na sua, professora, porque o chicote vai estalar’. Eles não respeitam nada nem ninguém.”

Um estudo divulgado no início do ano, realizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), revelou que 87% dos professores da rede pública têm conhecimento de violência dentro das escolas. A questão dos entorpecentes é a líder do ranking: o tráfico fica com 70%; e o uso de drogas com 67% dos problemas relatados pelos 684 professores ouvidos na pesquisa.

“Precisamos criar grupos de apoio com médicos, psicólogos e pais para combater os problemas das drogas nas escolas”, diz o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro de Castro.

A Secretaria de Estado da Educação informou que estimula as escolas a desenvolver atividades na comunidade para conscientização e envolvimento de todos com o “ambiente escolar saudável”. A Secretaria Municipal de Educação afirmou que mantém um curso de formação para professores de prevenção sobre o uso de drogas. Os sindicatos dos professores e da escolas particulares não se pronunciaram.

PALESTRAS

O trabalho para combater as drogas nas escolas paulistas não é só de repressão. Policiais militares, civis e guardas civis metropolitanos também se dedicam a programas de prevenção. O mais famoso deles é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), da Polícia Militar. Foi criado em 1993 já atendeu 4 milhões de crianças entre 9 e 12 anos. “O Proerd existe para falar das coisas boas da vida e mostrar noções de cidadania aos alunos”, explicou a chefe da Divisão de Apoio a Programas Educacionais da PM, major Lilian Cristina da Silva.

A soldado Maria das Graças Fiorucci é um dos 700 policiais do Proerd. “Um dos casos que mais me marcou foi o de um menino que perdeu o irmão num tiroteio com o vigia de um banco. No começo do curso não falava comigo. Na formatura, virou e me disse: ‘Graças a você não vou ter o fim que teve o meu irmão’”, lembrou Maria das Graças, que trabalha no 27º Batalhão, no extremo sul da capital.

O Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) oferece palestras ministradas pela Divisão de Prevenção e Educação (Dipe). A Guarda Civil Metropolitana conta com o Projeto Luz - Educação, Desenvolvimento e Cidadania de Crianças e Adolescentes, criado em 1994.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 08 OUT 07

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