Segunda, 03 Fevereiro 2025

Na última semana, mais uma polêmica surgiu no Porto de Paranaguá. Trata-se de uma série de denúncias feitas pelo ex-diretor técnico da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Leopoldo de Castro Campos, em um dossiê entregue ao governador do Paraná, Roberto Requião. Nele, há graves denúncias contra a Autoridade Portuária, especialmente na licitação do silo público, na construção do Terminal Público de Álcool e até mesmo contra outro diretor da Appa, que teria uma cantina no Pátio de Triagem e um outro cargo comissionado.

A corda acabou arrebentando do lado mais fraco. No final da tarde de segunda-feira (24), Campos foi demitido pelo governador Requião, atitude confirmada à imprensa pelo chefe da Casa Civil do Estado, Rafael Iatauro, que ainda disse aos jornalistas paranaenses o motivo que levou Requião a tomar essa decisão: falta de provas e fundamentos nas denúncias do ex-diretor.

Para piorar, no último dia 19, as esposas dos trabalhadores portuários avulsos organizaram um protesto diante da sede da Appa, em Paranaguá. A reclamação é quanto à perda de cargas para outros portos do Sul do País, o que faz a renda dos avulsos cair a cada ano. Por causa disso tudo, o vereador e presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap), Alceu Claro Chaves, concedeu entrevista exclusiva ao PortoGente para esclarecer seu descontentamento com a atual situação do porto mais importante do Paraná. Na avaliação dele, Requião é o melhor governador da história, mas para o estado vizinho de Santa Catarina, “pois os portos de lá lucram cada vez mais com nossas deficiências”.

PortoGente: A relação entre porto e cidade ainda tem solução?
Alceu Chaves: Olha, sinceramente, acho que há um desgaste antigo e que a cada dia vai se intensificando. Ninguém na cidade consegue entender o que acontece com o Porto de Paranaguá. No Brasil todo, o setor está em expansão, mas aqui as cargas somem, o portuário avulso perde dinheiro e, com isso, os comerciantes da cidade também se desesperam, pois 90% da economia de Paranaguá está ligada ao porto.

PortoGente: E por que não há uma solução para esses problemas?
Chaves: Porque quem manda no porto é o governo estadual, a cidade não tem o que fazer nesse sentido, a não ser protestar e gritar a série de problemas constatados aqui. O que fez o diretor técnico Leopoldo Campos foi uma mostra de que alguma coisa está errada e precisa ser feita. Ninguém nessa cidade gosta do modelo de gestão, poucos entendem o que a direção está propondo para o futuro do porto.

PortoGente: O problema é Eduardo Requião?
Chaves: Sabemos que o superintendente Eduardo Requião só está lá por causa de seu irmão, que é o governador do Paraná. Não há outro motivo que me faça entender o que ele faz a frente da Appa. Em nossa cidade, dizem que quando o porto está bem, tudo corre bem. Já quando o porto está mal, nada sai conforme o planejado. E é nessa situação em que estamos hoje, no final de 2007. A gente vem alertando desde 2005 sobre os problemas, a perda de cargas, mas ninguém faz nada.

PortoGente: As denúncias de Leopoldo Campos só pioram essa situação?
Chaves: Bem, na verdade eu louvo a atitude de Leopoldo, que em pouco mais de dois meses como diretor técnico, já teria feito essas denúncias ao governador Roberto Requião. Destaco, ainda, que estando as denúncias registradas em uma cópia de e-mail, o mesmo poderia ser forjado, diante das facilidades proporcionadas pela informática. No entanto, a assinatura e o despacho de próprio punho do superintendente Eduardo Requião comprovam a autenticidade da coisa. Ou seja, ele sabe que há problemas.

PortoGente: O senhor, como presidente da Aciap, poderia explicar melhor a relação entre porto e cidade na questão do comércio?
Chaves: A Cidade depende demais do cais. Quem traz dinheiro para o comércio varejista são as famílias dos trabalhadores portuários avulsos. Só para se ter uma idéia, 2005 e 2006 foram anos muito ruins para o porto e a cidade. Ou seja, o prejuízo teria que ser mais ou menos equivalente. Mas de 2005 para 2006, os avulsos deixaram de ganhar R$ 15 milhões, pois as cargas estão fugindo daqui. Nosso porto tem filas e não oferece o que o empresário quer. Por isso, digo que o Roberto Requião é o melhor governador da história para Santa Catarina, pois os portos de lá lucram cada vez mais com nossas deficiências.

Fonte: PortoGente - 26 SET 07

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