Segunda, 03 Fevereiro 2025

Nos próximos 18 meses o número de fusões e aquisições deverá triplicar no segmento de tecnologia da informação (TI), concentrando ainda mais o mercado, com as grandes empresas em busca das carteiras de clientes das menos estruturadas, aquecendo a bolsa de "compra e venda" de companhias de TI. A opinião é do diretor executivo da unidade de Setores e Negócios da IT Mídia, Alberto Leite, que constata a tendência do setor de se movimentar para agregar valor a produtos e serviços, em busca de expansão de mercado.

Atenta a esse panorama, a Datasul, empresa de capital nacional sediada em Joinville (SC), anunciará ainda este ano novas aquisições em busca de maior rentabilidade com fusões e incorporações. Desde que abriu capital, em junho de 2006, a empresa já comprou sete desenvolvedoras e distribuidoras de softwares nas áreas financeira, fiscal, de gestão, agronegócios, entre outras.

O gerente de Canais da companhia, Paulo Martins, diz que boa parte dos R$ 137 milhões obtidos com a oferta primária de ações realizada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - destinada a aquisições - está em caixa, mas não revelou o quanto a empresa ainda tem para as compras.

Com planos de faturar R$ 180 milhões este ano, R$ 30 milhões a mais que o visto no ano passado, a Datasul amplia sua presença com manutenção, licenciamento de uso e prestação de serviços.

Para Martins, o momento vivido pela economia brasileira é propício para novas aquisições, já que a estratégia é a mais adequada para as companhias que planejam expandir seus horizontes, seja no sentido de aumentar portfólio ou na ampliação da cobertura geográfica no Brasil ou exterior. "Queremos continuar expandindo nossa atuação, também de olho no mercado latino-americano", comentou.

De olho no setor que estima um crescimento de 15% este ano, a Datasul, uma das maiores em atuação no segmento middle market (voltado para empresas de pequeno e médio porte), espera bons resultados. "Estimamos crescer de acordo com as metas do mercado", informou o gerente durante o "9º Reseller Fórum", promovido pela IT Mídia realizado na Ilha de Comandatuba, na Bahia, neste final de semana.

Em junho deste ano, a Datasul incrementou investimentos na Argentina, por exemplo, onde atua desde 1995, com a inauguração de uma nova unidade de negócios, a quarta, e a nomeação do executivo Jorge Nigro como gerente de mercado daquele país. A empresa também comprou, no ano passado, a marca Meya, duplicando sua participação e base de clientes no país portenho. Para o segundo semestre, pretende iniciar operações em Rosário, segunda maior cidade argentina.

A companhia catarinense realiza manutenção em 3 mil clientes, sendo cerca de 20% deles de grande porte como Grendene e Vicunha. Dos demais, 20% são pequenas empresas e 60%, médias - o foco da companhia.

Perfil

Levantamento recém-divulgado pela consultoria IDC indica que os serviços de TI, que em 2001 consumiam 36% de todos os investimentos das empresas brasileiras, deve chegar a 41% do orçamento em 2011, deixando o Brasil no mesmo patamar de países mais amadurecidos em assuntos de infra-estrutura como Estados Unidos e Inglaterra.

A Advance, empresa especializada em marketing neste segmento, mostra que no ano de 2000, por exemplo, existiam em atividade 24,5 mil distribuidoras e prestadoras de serviços na área de tecnologia. Hoje, são apenas 18 mil em todo o Brasil.

"Comprar uma empresa se tornou uma boa estratégia, já que a companhia conhece aquele determinado mercado e pode auxiliar o grupo que a adquiriu a ganhar escala nas vendas na região e na administração", completa o consultor Ruy Amado de Moura, da Acquisitions Consultoria Empresarial. Moura estima que em breve o mercado esteja agitado, pois com a entrada de outras empresas do segmento na Bovespa, companhias mais robustas e capitalizadas irão às compras.

Uma das mais cotadas, por seu tamanho e rentabilidade no mercado de capitais, seria a Positivo, mas o presidente da companhia, Hélio Rotenberg, desconversa. "Constantemente analisamos oportunidades, mas o crescimento está mais na verticalização, em cada vez mais produzir coisas dentro de casa", diz. "Acabamos de inaugurar a terceira expansão de nossa fábrica em Curitiba, passando de 130 mil computadores produzidos por mês para 225 mil unidades", completa.

O executivo comentou também que a expansão na linha fabril foi possível devido ao incremento das vendas no varejo, que hoje representam 77% do faturamento da empresa. O restante vem de compras do poder público (para digitalização de escolas e repartições públicas), com 19%; e do segmento corporativo, com apenas 4%.

A Positivo é líder em vendas de computadores no mercado interno, com 631,7 mil unidades comercializadas no primeiro semestre deste ano. No ano passado todo foram 834,7 mil. A companhia lidera com 17,7% de market share, à frente de empresas nacionais como CCE, Itautec e estrangeiras do porte da HP e da Dell. Em todo o País, de acordo com a consultoria IDC, foram vendidos 7 milhões de computadores e notebooks no ano passado. A previsão para este ano é chegar a oito milhões de máquinas.

"O início das vendas em grandes redes, como Casas Bahia, Ponto Frio e Magazine Luiza, possibilitou grande crescimento à marca, pois foram colocados em exposição diversos tipos de máquinas, algo que a concorrência normalmente não faz."

O surgimento de novas mídias também deve acelerar a procura por investimentos em tecnologia da informação, conforme Alberto Leite, da IT Mídia. "Com a popularização do YouTube (site de vídeos do Google) e a chegada do iPhone, da Apple, no País (previsto por alguns especialistas para o final do ano que vem) as empresas de TI deverão investir bem mais em infra-estrutura para atender a nova demanda de usuários", comenta.

Lucratividade

Outra que também aproveita o momento do setor para ganhar em escala - e lucratividade - é a Totvs, que, de acordo com seu presidente, Laércio Cosentino, passou de um faturamento de R$ 250 milhões em 2005, com crescimento na margem Ebitda (lucro antes dos impostos, despesas, juros e amortizações) de 14% - se se levar em conta o ano de 2004 - para um faturamento de R$ 420 milhões em 2006, quando o crescimento foi de 18,8%.

"Para um negócio evoluir é preciso ter uma estratégia bem focada e planos consistentes, já que muitas empresas que começaram este ano, por exemplo, com boas estimativas, foram incorporadas à outras", comentou o executivo para o DCI.

Nos próximos 18 meses o número de aquisições deverá triplicar na área de tecnologia da informação, concentrando o mercado entre as grandes empresas, em busca da carteira de clientes com menos estrutura.

Fonte: DCI - 24 SET 07

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