O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou, no final da noite desta terça-feira (18), que a economista Solange Vieira será a nova presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A informação é do "Jornal da Globo".
Solange é braço-direito do ministro. Ela é funcionária de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e comandou a Secretaria de Previdência Complementar no governo Fernando Henrique Cardoso. Solange Vieira vai substituir Milton Zuanazzi, que deve entregar o cargo nos próximos dias.
"Problema de comando"
As substituições na direção da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), que culminou com a indicação da economista Solange Vieira para a presidência na noite desta terça-feira (18), já eram previsíveis desde que Nelson Jobim assumiu o Ministério da Defesa no lugar de Waldir Pires no dia 25 de julho deste ano, uma semana após a tragédia aérea ocorrida com o avião da TAM em Congonhas.
Logo na primeira entrevista, Jobim afirmou que havia um "problema de comando" no setor aéreo brasileiro, colocando em dúvida o funcionamento da Anac.
“A Anac - assim como todas as agências reguladoras foram feitas para dar resultado - precisa ter resultado. Ela não pode existir sem resultado”, disse Jobim durante a entrevista.
A pressão sobre a diretoria da Anac aumentou após as suspeitas do Ministério Público de que a agência teria trabalhado para suspender a liminar que determinava a interrupção de pousos no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, de aviões Fokker 100, Boeing 737-700 e Boeing 737-800.
A partir de então, iniciou-se uma queda de braço entre o ministro e diretores da agência, que se negavam a pedir demissão dos postos em que ocupavam. Jobim obteve a primeira vitória no dia 24 de agosto, quando a então diretora da Anac, Denise Abreu, decidiu ceder à pressão e renunciar ao cargo. Quatro dias depois, foi a vez de mais um diretor, Jorge Luiz Velozo, deixar o cargo.
Mesmo com a queda dos dois diretores, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, ainda negava a pressão para deixar o cargo, afirmando que havia um mandato a cumprir. Porém, a queda de braço entre o ministro da Defesa e os diretores da Anac terminou nesta terça-feira (18) com a indicação do nome de Solange Vieira para o lugar de Zuanazzi, que deve entregar o cargo.
Musa linha dura
Ao assumir o Ministério da Defesa no governo Lula, Nelson Jobim, que foi ministro da Justiça entre 1º de janeiro de 1995 e 7 de abril de 1997, levou aos bastidores da política em Brasília uma famosa personagem dos tempos do governo FHC, quando foi considerada a ’’musa da esplanada’’.
A economista Solange Paiva Vieira, funcionária de carreira do BNDES, assumiu a assessoria do ministério da Defesa no último dia 9 de agosto com uma grande missão: acabar com o duopólio no mercado de aviação civil no Brasil.
Sozinhas, TAM e Gol controlam cerca de 90% dos vôos comerciais no Brasil, controle que vai de encontro ao pensamento do ministro, que tenta fortalecer as empresas regionais, que, atualmente, controlam menos de 3% do mercado.
A dura missão exige alguém à sua altura. E Solange tem um histórico que faz jus à missão. Em 2001, a economista criou embaraços como secretária de Previdência Complementar do então ministro da Previdência, Roberto Brant. Considerada "linha-dura" pelo ministro, Solange foi demitida após colocar na internet, com acesso restrito, a lista dos principais devedores dos fundos de pensão estatais.
Fonte: G1 - 19 SET 07